Monday, 14 December 2015

Tabela do tamanho relativo de cada livro da Bíblia

Quando procuramos estudar as ocorrências de determinadas palavras na Bíblia, podemos esquecer que os livros que a compõe não são todos do mesmo tamanho. E este fato (que pode parecer um detalhe supérfluo para muitos) é extremamente importante para quem gosta de pesquisar sobre a frequência do uso de certas palavras em certas partes da Bíblia.

Por exemplo: se uma palavra ocorresse cinquenta vezes no livro de Jeremias e cinquenta vezes em III João, isto quer dizer que os dois livros dão importância semelhante a esta palavra? À primeira vista, poderíamos até pensar assim; mas quando lembramos que Jeremias é o maior livro da Bíblia (em quantidade de palavras no texto original) e III João o menor (pelo mesmo critério), e que III João é mais de cento e quarenta e seis vezes menor do que Jeremias, percebemos que tal palavra é, relativamente, muito mais comum em III João (onde representaria quase 25% do livro) do que em Jeremias (onde equivale a menos de 0,002% daquela profecia).

Não quero sugerir que estudar a Bíblia desta forma é comum, nem mesmo que quem se interessa por este tipo de estudo tem qualquer tipo de vantagem sobre a maioria (que não se sente atraído por estas comparações). A Bíblia é tão vasta no seu alcance, tão valiosa nos seus tesouros, e tão variada nos seus ensinos, que nenhum método pode esgotá-la. Há muitas e muitas formas de se estudar a Bíblia, e Deus capacita cada um dos Seus filhos e filhas de acordo com a vontade dEle. Cada um de nós deve se aproximar deste livro precioso disposto a ser ensinado pelo Espírito Santo; mas nem todos vamos aprender da mesma forma. Poucos são os que se interessam por este tipo de estudo da Bíblia; a maioria dos salvos aprende (e nos ensina) usando outras ferramentas e outras perspectivas. Mas para os poucos que se interessam por estudar a Bíblia também deste ponto de vista, creio que uma tabela completa com a quantidade de palavras de cada livro da Bíblia pode ser muito útil.

E para estes poucos, passo adiante um conselho recebido de um irmão bem mais experiente e capacitado. Ele valoriza o ensino detalhado e detalhista de palavras e suas ocorrências, mas afirma que isto é apenas um meio para se alcançar um fim. Depois de horas de pesquisa, temos algo para apresentar aos salvos que pode ajudá-los; mas como disse este irmão, “não conduza seus irmãos e irmãs pelo caminho longo e demorado que você trilhou até chegar à sua descoberta; leve-os logo ao destino final!”

Espero que as tabelas apresentadas abaixo possam ajudar alguém nesta tarefa tão útil.

Metodologia

Para montar estas tabelas, eu precisava de alguma forma de contar as palavras (no original) de cada livro da Bíblia. Uma contagem por páginas, e usando uma tradução em português, já daria uma boa ideia da relação entre os livros; mas a contagem mais precisa exige que contemos palavras, não páginas, e na língua original, não numa tradução.

Como não conheço hebraico, nem aramaico, nem grego, precisava de ajuda. Consegui encontrar uma lista (elaborada por J. Kranz, do site overviewbible.com), mas não havia nenhuma outra lista com a qual compará-la. Como tenho uma certa reticência em confiar em conteúdo encontrado online, quando não conheço a fonte, achei melhor tentar verificar as contagens feitas pelo Kranz. Lancei mão de dois applicativos: Online Bible (de Larry Pierce) e Accordance.

O Online Bible não tem nenhum função para contar todas as palavras de um livro da Bíblia, mas permite exportar o texto de um livro para um arquivo txt. Criei então sete arquivos: o VT completo, os livros de Gênesis, Deuteronômio, Salmos, Isaías e Malaquias (usando o texto da BHM em hebraico), e o NT completo (usando o TR em grego, editado por Scrivener baseado no texto de Stephens de 1550). Depois de eliminar as referências e outras anotações acrescentadas pelo Online Bible na exportação, importei estes arquivos no Word, e usando o contador de palavras consegui contagens do VT completo, do NT completo, da Bíblia completa (pela soma dos dois anteriores), e dos cinco livros avulsos mencionados acima.

O Accordance facilita muito as coisas, pois tem uma função que conta a quantidade de palavras em qualquer livro da Bíblia — mas a versão de avaliação que eu possuo somente tem o texto em grego do NT (edição de 1550 do TR de Stephanus, compilada por M. Robinson), não permitindo acesso ao VT. Sendo assim, usei a função livro a livro no NT, e obtive uma contagem para cada livro do NT, além de uma soma total do NT (com números um pouco superiores àqueles apresentados pelo Online Bible, e ambas estas contagens eram superiores à contagem apresentada por J. Kranz).

Esta diferença de contagem era esperada, devido à diferença de manuscritos usados, mas não é preocupante. Só seria um problema se a diferença fosse significativa, mas visto que nos 32 livros consultados a diferença sempre foi bem inferior a 1%, creio que os números finais apresentados abaixo são confiáveis para uma comparação do tamanho relativo de cada livro da Bíblia.

Tendo uma lista completa da quantidade de palavras em cada livro da Bíblia, uma planilha facilmente calcula o tamanho de cada livro em relação ao todo, usando porcentagens. Usei duas colunas: uma dando o tamanho do livro em relação à Bíblia toda, e outra fornecendo o tamanho do livro em relação ao Testamento em que se encontra (sempre expresso em porcentagem).

A partir daí, é fácil obter gráficos e tabelas baseadas nos dados compilados.

Resultado

Apresento abaixo a tabela simplificada, em formato JPG. Quem tiver interesse em trabalhar com estes dados pode baixar a planilha original (formato Excel). Além dos dados contidos na tabela acima, esta também tem o autor de cada livro e o tipo de literatura (histórico, profético, carta,etc.). Com ela é possível ordenar a tabela principal para ter acesso a muitas outras comparações interessantes (qual a porcentagem da Bíblia que é histórica x profética, ou comparando os escritos de Moisés e de Lucas, etc.). Este arquivo do Excel também tem alguns gráficos, e permite a confeção de vários outros.




Wednesday, 15 July 2015

Wedding — Lorena and Renan

On the 11th of July, Elen and I gave away our eldest daughter Lorena in marriage to Renan. Both are believers in fellowship in the assembly here in Pirassununga, and we pray that they may live for the glory of God. Below are some photos of the wedding:


Flower arrangements (Elen's brother made all the floral arrangements)



"Tree" for leaving a little note to bride and groom (made by my brother-in-law Maurício, based on an idea of Elen's):





Cake and sweet-stuff (all made by Elen, including the wee tissues for "tears of happiness" :-)








Bride with proud father (bride's dress made by Elen's mum).





Various other photos:






 With cousins Felipe, Jonathan and David


 With Dad and Mum


The three sisters :-)





 With Elen's Dad and Mum: 





With Elen's family:


With Marco and Rebeca (Janice was unable to attend due to health problems)


With Anita and Mauricio: 

© W. J. Watterson

Friday, 20 February 2015

Oração de um pai

São tão pequenas e vulneráveis,
Tão lindas e amáveis …
Ah, Senhor! Guarde-as em Tua mão,
Dando-lhes paz e proteção.

Que cresçam com saúde e vigor,

Três rosas lindas em Teu jardim;
Que aprendam cedo do Teu amor,
Amando a Ti bem mais que a mim.

Eu quero tê-las sempre!
Ah, Senhor; vou amá-las sempre!
Mas o que lhe peço mesmo (hoje e sempre)
E que sejam Tuas, meu Senhor.

Leve-as de mim, se preciso for,
Mas Pai, nunca as prive do Teu amor!
Meu Pai, pelo Teu grande amor,
Salve-as do inferno de horror,
E preserve-as para Teu louvor.
Pela Tua misericórdia, Senhor!
Amém!

08/05/2004

© W. J. Watterson

Saturday, 14 February 2015

Differences between Ezra's and Nehemiah's lists

The table at the end of this post presents, side by side, two lists of the Jews who returned form the Captivity in Babylon during the days of Ezra and Nehemiah, but many discrepancies between the two lists have been pointed out in the past.

I have no illusions about explaining authoritatively the reason for these discrepancies, but I intend to:
  •  Note all the details that differ from one list to the other (for the solution to a problem begins by an understanding of what is the problem);
  • Try and show that there are logical and plausible explanations for these discrepancies.
None of us knows all the truth, and it would be presumptuous to make claims where the Bible is silent. But the attitude of the believer to the Word of God should be one of reverent faith in what is written. I may not understand all I read; I may not be able to explain all the apparent contradiction; but I believe the Bible is the inspired Word of God, and “worthy of all acceptation”.

So, what are the problems? A simple comparison of the two lists reveals two discrepancies:

A. The totals are not equal to the sum of all the families

At the end of each list is given the total number of those who returned from the captivity, and this total is identical for both lists: 42,360. The problem is that neither of the lists adds up to 42,360: in Ezra’s list there are only 29,818 people mentioned, and in Nehemiah’s, 31,089. There are therefore over ten thousand people missing from the detailed lists (12,542 in Ezra’s list, 11,271 in Nehemiah’s). There are two possible explanations for this discrepancy:

  • Ancient Jewish literature (Seder Olam Rabah, c. 29, p. 86) says that the extra people are Israelites from the ten tribes who had been taken to Assyria, and not Babylon. Those of Judah and Benjamin who returned were identified by their families, but some from the other tribes heard of the return of their brethren form the Exile, and joined them; these were not mentioned by name.
  • Different words are used in the text. The beginning of the lists uses the word enowsh (“man”), whereas the total is linked to the word qahal (“multitude”): “The number of the men of the people of Israel … The whole congregation together …” (Ez 2:2, 64; Ne 7:7, 66). It is possible, therefore, that only the men were listed by name, and that the woman and children[Note 1] supply the extra ten or twelve thousand.

Either suggestion is possible; the first seems more likely (to me).

B. The details in the two lists don’t match

In the table below, every line highlighted in yellow has a difference between the numbers supplied by Ezra and those by Nehemiah (there are twenty eight identical entries, and twenty with some difference). Before examining some of the possible explanations for this fact, allow me to highlight that it confirms the authenticity and the veracity of the two lists:

  • Authenticity confirmed — Some would suggest that the differences exist because the two list are forgeries, but their differences really prove the opposite. If we remember that Ezra and Nehemiah were considered one book until the third century A.D., it’s hard to imagine some Jew going to the trouble of producing a false list of names, and not making sure that both records of that list (in the same book) were identical. By what we know of human nature, that would be virtually impossible. Some working to a deadline might make one or two small mistakes, but even the most mediocre of forgers wouldn’t make so many mistakes (twenty mistakes in forty eight entries!) in two lists which he wants everyone to believe are identical. The differences between the two lists prove that they are separate and authentic documents, and not a forgery.
  • Veracity confirmed — Others would state that these differences can only be the result of errors during the process of copying the ancient manuscripts of the Bible, and that there is no way of knowing the original numbers. They state that both lists are false — not because they were forged, but because they contain errors. IBut I suggest that the differences between the lists are far too many, and far too varied, for that to be possible. It is a known fact that, when copying a list of names and numbers, it is very easy to make a mistake. Even with all the care taken by the Jews in copying the Scriptures (a subject well worth researching) we must admit that, if left to human skill, some errors would be inevitable — but not to the extent seen in this case. Over 40% of the numbers exhibit some variation, and the differences don’t follow any pattern. When differences due to copyist errors creep into a copy, it is usually easy to see why the mistake was made, but the variations in these two lists don’t conform to any patter that could be explained by sloppy copying[Note 2].

Thus, I suggest that the differences between the two lists prove that what we have in our Bibles today is what Ezra and Nehemiah wrote so many centuries ago. If the Jews had wanted to fool us forging two lists, they would surely have been more careful with their forgery; if the Jews were sloppy in copying the Scriptures and allowed errors to creep in, the differences between the lists would not be so many, and so varied.

These suggestions confirm that the two lists should be treated as free from forgery and free from mistakes, but they don’t explain the differences between the two lists. If what we have today in Ezra 2 and Nehemiah 7 is exactly what they wrote, preserved for us by the power of God, why is Nehemiah’s list so different form Ezra’s? Three suggestions have been put forward:

  • Many authors suggest that the difference is due to the time when both lists were drawn up; one list could have been prepared when the people were getting ready to leave Babylon, indicating all those who planned on making the trip, while the other could include only those who effectively left Babylon and arrived in Jerusalem, some months afterwards[Note 3]. Maybe some would have given their name when they knew of the possibility of a return, but drew back afterwards; others maybe decided to go at the last minute, without previously giving their names. In view of such a long journey, fraught with dangers and perils, it is very likely that many wold change their minds at the last minute. 
  • Some suggest that only Ezra’s list is correct, and that Nehemiah found a corrupt copy of this list. Nehemiah says: “And I found a register of the genealogy of them which came up at the first, and found written therein …” Thus, what Nehemiah wrote was a faithful and true copy of a document he found — but the document was corrupt. Those who suggest that believe in the inerrancy of the Bible, attributing the differences between the two lists to the document that Nehemiah quotes from. It is certainly true that the Bible quotes things that others have said and written which were not true[Note 4], but I find it hard to imagine that something like that happened in this case, as Nehemiah and Ezra were contemporaries.
  • Some commentaries (Davidson, JFB, TSK[Nota 5]) mention an explanation given by someone called Alting, who says that Ezra mentions 494[Note 6] people that Nehemiah doesn’t, and Nehemiah mentions 1,765 that are not mentioned in Ezra. If we add to Ezra’s 29,818 the 1,765 surplus of Nehemiah, we will get 31,583. And if we add to the 31,080 of Nehemiah the 494 surplus of Ezra, we will also get exactly 31,583. Alting is quoted by Davidson, who in turn is quotes by JFB, TSK, Clarke, etc., as if this detail was the solution to the problem. Unfortunately it proves nothing, being simply a characteristic of the relation between any two lists of numbers[Note 7].

Only the first of these alternatives seems plausible to me. I can’t affirm that that was what happened, but I can see how it could have happened. On the other hand, I admit my ignorance of all the details involved, and it could well be that the Lord had other reasons behind leading Ezra and Nehemiah to write down these two lists, so different one from the other.

Hopefully these suggestions, and the detailed table below, might help someone to discover more about these two very interesting records.


Footnotes

Note 1 — Some think that the ratio of women to men in this case is impossible (if the excess refers only to women, then only one in three men would be married; if we include children in the excess, the ratio of married men to single men would be even smaller). Certainly it’s not a normal ratio; but if we remember that many Jews chose to remain in Babylon rather than face the long and perilous journey back to a deserted and abandoned land, it’s not hard to imagine that there would be many more young and single men (with less worries and weight) willing to make this trip back to the promised land, while the majority of married men with children would be more hesitant about such a journey.

Note 2 — For example, in the first difference between the lists Nehemiah has 123 people less that Ezra, while in the second he mentions 6 people more. To change 2812 for 2818 (the second difference in the list) is easy to explain (one could easily change the last “2” for and “8”, repeating the digit that has already appeared in the number), but to change 775 for 652 (the first difference) is hard to attribute to a copyist error. I have used the illustration with our numerical system, fully aware that in Hebrew these details would not apply. But the principle is the same for all languages: changes that are the result of copyist errors follow a pattern that can be explained by lack of attention, or a slip of the eye; but difference which are so varied one from the other, as is the case in these two lists, need another explanation.

Note 3 — The journey was long — Ezra, for example, took four months (Ez 7:8-9).

Note 4 — For example, the serpent said to Eve: “Ye shall not surely die”. The Bible contains this record, not because the serpent’s words were true, but because it is true that the serpent spoke these words.

Note 5 — DAVIDSON, Samuel. Sacred Hermeneutics developed and applied. Edinburgh: Thomas Ckark, 1843, pág. 554. “JFB” is Jamieson, Fausset and Brown’s commentary, and “TSK” is the Treasure of Scripture Knowledge.

Note 6 — I took a while to understand this, so I’ll try and explain it in more detail; it might help someone. If we compare Ezra’s list with Nehemiah’s and, in every record where Ezra’s number is greater than the corresponding number in Nehemiah, we make a note of how many people Ezra mentions more than Nehemiah, we will find that all these add up to 494. Ezra mentions 123 more of the children of Arah than Nehemiah (775-652), 100 more of the children of Zattu (945-845), 100 more of the children of Bethel and Ai (223-123), 156 more of the children of Magbish (156-0), 4 more of the sons of Lod, Hadid and One (725-721), one more of the sons of the porters (139-138), and 10 more of the sons of Dalaiah, Tobiah and Nekoda (652-642). The sum of all these surpluses (123+100+100+156+4+1+10) is 494.

Note 7 — You can test this yourself. Make two lists with five or six entries in each (or more, if you’re feeling adventurous), and fill them in with random numbers. The total of the first list, plus the surplus of each record which is greater in the second list, will always be equal to the total of the second list plus the surplus of each record which is greater in the first list.




© W. J. Watterson

Wednesday, 4 February 2015

Pontualidade nas pregações

Há certa divergência de opinião entre os cristãos nas igrejas locais quanto à questão de encerrar as reuniões no horário ou não. Conheço irmãos espirituais e sinceros que entendem que deve haver liberdade para o Espírito Santo guiar nas reuniões, e por isso não devemos nos preocupar se o pregador passa cinco minutos do horário (ou quinze, ou trinta). Quero sugerir, porém, que o ensino dado em I Coríntios cap. 14 apresenta alguns princípios que devem ser levados em conta quanto a este assunto, e estes princípios deixam claro que, exceções à parte, é importante cumprirmos o que foi prometido, e não ultrapassarmos o horário estabelecido para o fim da reunião.

Aquele capítulo é o único trecho nas epístolas, creio eu, que discorre sobre o funcionamento prático de uma reunião de uma igreja local, então é fundamental considerar atentamente o que ele diz. Antes de olhar para aquele trecho, porém, convém deixar claro que estou pensando em situações onde a reunião tem um horário estabelecido para terminar (que é o normal aqui no Brasil). Se alguma igreja local entender que suas reuniões terão um horário para começar, mas nenhum horário previsto para terminar, obviamente a decisão dela está fora do assunto deste pequeno artigo.


Também quero enfatizar que não há nenhuma regra estabelecida na Palavra de Deus quanto ao tempo de duração das reuniões de uma igreja. Temos por convenção, aqui no Brasil, que uma reunião durará uma hora, mas isto não é uma regra (a reunião no domingo de manhã aqui em Pirassununga tem horário previsto de uma hora e meia; nas reuniões especiais que fazemos uma vez por ano, duas horas cada período). Portanto, não estou defendendo neste artigo que toda reunião deve durar uma hora, mas simplesmente que toda reunião que tem horário estabelecido para terminar, deve terminar dentro deste horário.

Quero apresentar algumas razões porque devemos ser zelosos neste aspecto, e depois considerar alguns argumentos contrários que costumam ser apresentados.

Por quê?

A principal razão para não ultrapassar o horário estabelecido é a instrução clara de I Co 14:40: “Faça-se tudo decentemente e com ordem”. Ser pontual nos horários de começar e encerrar é uma questão de ordem, de fazer as coisas ordeiramente, enquanto que desrespeitar o horário estabelecido para começar ou encerrar a reunião é sintoma de desorganização e falta de ordem. Meu pai (nunca me lembro dele passando do horário nas muitas pregações que fez) costumava dizer: “Devemos ser homens de palavra, inclusive na questão do cumprimento do horário”.

Além disto, devemos pensar naqueles que estão nos ouvindo. Eu não conheço as circunstâncias de cada um que está presente. Pode haver alguém que precisa pegar um ônibus, uma mulher que precisa preparar a janta para o marido incrédulo, etc. Quando ultrapasso o horário que havia sido combinado, posso estar atrapalhando os planos de muitos dos meus ouvintes.

Quando há outros que irão falar depois de mim, devo também preocupar-me em não ser egoísta, roubando tempo do meu irmão.

Mas …

Por outro lado, dizem alguns, não é bom que o pregador seja limitado; ele deve ter liberdade para falar como (e por quanto tempo) o Espírito o guiar. Uma preocupação excessiva com o relógio pode tolher esta liberdade.

Entendo este argumento; mas não devemos esquecer que em I Coríntios 14:27-40 o próprio Espírito colocou limites diante de todo aquele que deseja falar nas reuniões das igrejas locais. Quem tinha dom de línguas somente poderia se levantar se houvesse um intérprete; a quantidade de profetas que falariam é limitada (“dois ou três”, v. 29), e se um profeta recebesse uma revelação enquanto outro estava falando, deveria esperar o primeiro terminar, e depois se pronunciar. As irmãs também são instruídas a não falarem nas reuniões. Diz o v. 32 que “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”. Alguns podem ter a ideia de que a “liberdade do Espírito” quer dizer que devemos falar tudo que vem ao nosso coração para dizer. Mas não podemos falar isto quando lembramos que nosso coração é enganoso, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Devemos lembrar do ensino dado no começo do capítulo: “Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento” (v. 15).

Considerando todos estes detalhes, veremos que aquele que se levanta para falar em público deve estar consciente de ser guiado pelo Espírito Santo, mas que esta direção não será prejudicada pelo fato dele estar atento a certas regras e limites. Ser guiado pelo Espírito Santo não é perder noção do tempo: é falar com sinceridade tudo aquilo que Deus nos revelou previamente, mas com decência e com ordem.

Outro argumento apresentado contra estas coisas é que os salvos não deveriam se importar em ficar mais tempo ouvindo a Palavra de Deus. Concordo; mas quando um grupo de cristãos está ouvindo a Palavra de Deus ministrada por outro irmão, há tantas variáveis nesta equação! Será que o pregador está em plena sintonia com o Senhor? Será que todos os ouvintes estão recebendo a palavra dele, como sendo a palavra do Senhor? Cada coração presente (do pregador e de cada ouvinte) é uma variável que só o Senhor conhece. Quando eu prego, preciso lembrar que sou falho e limitado, e muitos dos meus ouvintes estão na mesma situação. Insistir em ir até o final daquilo que eu pretendia falar talvez não será proveitoso. O espírito, na verdade, pode estar pronto, mas a carne é fraca.

Conclusão

Quando reunimos com um horário estabelecido para iniciar e encerrar a reunião, é bom sermos zelosos em respeitar estes horários. Certamente toda regra tem sua exceção, mas quero sugerir que todo pregador deve lembrar que tudo deve ser feito decentemente e com ordem, e que uma atitude relaxada da parte dele pode comprometer o aproveitamento do ensino transmitido.

Antes da pregação ele deve pensar no tempo que provavelmente terá ao seu dispor, e levar isto em consideração ao estudar o assunto ou trecho que pretende expor.

Enquanto prega, ele deve estar atento à passagem do tempo. Se ele prega sem esboços e anotações (que, por sinal, sugiro ser a prática ideal), é bem possível que ele gaste mais tempo num determinado tópico do que pensava, conforme o Espírito Santo vai trazendo à memória dele versículos conhecidos, ou paralelos e aplicações já estudadas, mas que ele não tinha intenção de apresentar naquela reunião. Se isto ocorrer, ele terá que abreviar algum outro tópico (ou deixá-lo para outra ocasião).

Quando o final da reunião se aproxima (se ele for o último a pregar), ele deve lembrar que possivelmente algum irmão queira escolher um hino, e que certamente seria bom encerrar a reunião com oração. Ele deve, portanto, deixar tempo suficiente para isto. Se ele não conseguiu falar tudo que pretendia falar, ele pode lembrar que já falou bastante, e que mais importante do que falar tudo que pretendia falar, é falar alguma coisa que será proveitosa.

Que cada pregador seja consciente das limitações do ser humano (que afetam cada ouvinte, e afetam ele também), e mostrar consideração pelos seus ouvintes em manter-se dentro do horário estabelecido. Que cada ouvinte seja paciente com o pregador que abusa do horário, procurando concentrar-se na palavra anunciada. E que Deus apresse o dia glorioso quando estaremos na presença dEle, e todos transformados, poderemos nos ocupar inteiramente com Ele, livres das fraquezas e falhas desta carne (e dos relógios).

Terei prazer em receber comentários à favor ou contra o que expus aqui, lembrando sempre que toda regra tem exceção.

© W. J. Watterson

Tuesday, 27 January 2015

Simplified Time-line of the Old Testament

The historical narrative of the Old Testament is not uniform — sometimes the narrative flies over centuries in a few verses, sometimes it slows down and takes up a whole book to tell us about a period of thirty days. We will reap great benefits in our study of the OT if we understand this fact, and try and perceive the speed of the narrative.

The graphic below presents a bird’s-eye view of the historical books of the OT (Genesis to Esther) plotted along a time-line that stretches from the Creation of the world to the birth of Messiah, the Lord Jesus Christ. Some key events (the Flood, the Exodus, etc.) are marked in the time-line, but the main purpose of the graphic is to show the period of time occupied by each book, and the chronological relation between the books.

To prepare the graphic I used mostly the chronological data published by M. Anstey (ANSTEY, Martin. Chronology of the Old Testament complete in one volume. Grand Rapids, Kregel Publications, 1973. ISBN 0-8254-2112-8). Anyone who has tried to study the chronology of the OT knows that some periods present great challenges — so it behoves me to point out that other chronologers will suggest different dates for some of the events mentioned (the Flood, for instance). Even so, the usefulness of the graphic remains largely unaltered, for the general relation between the parts of the OT presented here will not change substantially, no matter which chronology you follow.

There is a green bar for each of the seventeen historical books (alternating between two tones of green, to help distinguish one book form the next), with the exception of Leviticus and Deuteronomy — both these books describe a period of only one month each, and are represented on the time-line by a red line. The bars that represent each book of the Bible are drawn to scale (the bigger the bar, the more time that book occupies in OT history). If the table were printed on an A3 sheet (420 x 297 mm) each millimetre would be equivalent to ten years (Judges is taken up with a 400 year period, and it’s bar measures 40 mm when printed on A3). For various books (Exodus, for example) there is not enough space on the coloured bar to include the details of the book — for these books the details are included below the bar, and linked to it by a solid line.

The graphic illustrates clearly how God is telling us, in the OT, the history of Israel, not the history of humanity. Genesis, the book that takes us from the creation of man to the formation of the nation of Israel, flies rapidly over a period of more than two thousand years — more than all the rest of the OT!

It is also easy to see how II Samuel describes the same historical period as I Chronicles, and that II Chronicles parallels the two books of Kings.

The book of Ruth fits into the period described in Judges, but it is impossible to know it’s exact date.

Any questions or suggestions in the comments below will be gladly accepted. A high-resolution version of the graphic can be downloaded here.



© W. J. Watterson

Monday, 5 January 2015

What is God's testimony of me?

If we examine the occurrences of the Greek word martureo (“testify”; Strong’s nº 3140), we will notice that the Holy Spirit presents to us a very interesting picture of God testimony of His servants. The word is used 79 times in the Bible describing men testifying of other men, God testifying of His Son, etc. But only three times is it used in relation to God testifying of a human being.

And these three occurrences present to us God’s servants in relation to the past, the present and the future.

The past (Acts 15:8): acceptance

When God saved the gentiles in Cornelius’ house, Peter said that “God … bare them witness [martureo], giving them the Holy Ghost, even as He did unto us; and put no difference between us and them”. In giving them the Holy Spirit, God recognised publicly, before prejudiced Jews, that gentile believers were accepted before the God of Israel on the same footing as Jewish believers.

As a believer, I can look back to the moment when I was born-again, and thank the Lord for giving me the right to serve Him. I was transformed from a servant of sin into a servant of God, and now I am accepted before Him.

The present (Acts 13:22): aspiration

After rejecting Saul, the man after the nation’s heart, God presented His king, the man after His heart, “David … to whom also He gave testimony [martureo], and said, I have found David the son of Jesse … which shall fulfil all my will.” In choosing David God declared that this man had the honest desire to fulfil all of God’s will. Of course he wasn’t perfect (the Bible’s narrative of his life makes that clear), but his life would be lived according to this principle: fulfilling the Lord’s will.

Like the Gentiles in Acts 10, I am worthy of serving God; am I willing?

The future (Heb 11:4): approval

After Abel died, God inspired the write of Hebrews to tell us that “he obtained witness that he was righteous, God testifying [martureo] of his gifts” (i.e., what Abel offered to God). Abel died, but “he being dead yet speaketh”. God publicly testified that the sacrifice of Abel, fruit of his faith, was approved and received by Him.

One day the Lord will evaluate my service also. He, who accepted me and gave me the right to serve Him, who knows whether I aspire to serve Him or not, will declare whether my service was approved or rejected. He will prove it by the fire of His word (I Co 3:10-15); what will be the result?

He has accepted me in His service; He is the inspiration for my feeble aspirations; may I so live that He may approve my service on that day, testifying of my gifts.

© W. J. Watterson

Friday, 19 December 2014

Crianças e reuniões combinam?

Como fiz exatamente um mês atrás, quero abordar um assunto prático relacionado às reuniões das igrejas. Mas desta vez procurarei escrever sem o leve tom de brincadeira que usei da última vez, por pelo menos dois motivos:



  1. Primeiro, porque a criação de filhos no temor do Senhor é, possivelmente, a tarefa mais árdua e complexa que existe. Tentei criar três filhas, e reconheço que foi um processo recheado de erros e falhas. Cada criança tem a sua personalidade e seu temperamento, e não podemos tratá-las como robôs autômatos. A teoria sobre criação de filhos (para quem aceita a autoridade da Bíblia) é simples; mas aplicar esta teoria consistentemente, dia após dia, ano após ano, nas mais diversas situações e às mais variadas personalidades, é quase impossível de ser feito perfeitamente. Como qualquer pai ou mãe honesto, tenho que confessar: eu falhei na crianças das minhas filhas, e aprendi que esta é uma tarefa muito, muito difícil.
  2. Não só a tarefa de criar filhos é extremamente difícil, mas é também um assunto extremamente melindroso. Pessoas que aceitam serem corrigidos em outras áreas não suportam uma insinuação de que seus filhos estão sendo malcriados. Pais e mães que, antes de serem pais e mães, percebiam os menores defeitos nos filhos dos outros, tornam-se cegos aos erros grosseiros dos seus próprios filhos. Amamos tanto nossos filhos que, se alguém sugere que eles estão se comportando de forma errada, imediatamente começamos a defendê-los.

Reconheço minhas falhas como pai, e tenho consciência que tentar apontar algumas destas falhas pode irritar muitos pais e mães. Mas as recentes mudanças na sociedade tem se infiltrado no meio do povo de Deus, e estamos perdendo a noção da solenidade da presença de Deus nos ajuntamentos do Seu povo. Preocupado com isso, vou me arriscar a escrever, orando para que Deus permita que aqueles que se sentirem ofendidos me perdoem pela minha presunção.

Um aspecto da maneira como criamos nossos filhos e filhas é o comportamento que esperamos deles nas reuniões das igrejas locais. Uma reunião deve ser realizada num ambiente de ordem e solenidade, devido à presença do Senhor no nosso meio (veja I Coríntios cap. 14), mas não é natural que uma criança com poucos meses de vida se comporte com a reverência que a ocasião exige. Diante desta situação, o que devemos fazer? Há três sugestões:

  1. Não levar crianças pequenas às reuniões (pai e mãe podem se revezar no cuidado com os filhos);
  2. Não se preocupar com o comportamento das crianças nas reuniões (afinal, são apenas crianças);
  3. Levar as crianças às reuniões, mas exigir que elas se comportem como a ocasião exige.

Quanto à primeira sugestão, ela é largamente praticada em outros países, e entendo a motivação por trás dela. As reuniões transcorrem sem barulho, com reverência e solenidade, e este ambiente contagia a todos — a reverência geral produz reverência no indivíduo. Mas o custo espiritual para os pais, para as crianças, e para a igreja toda, é muito grande. Um casal poderá passar anos e anos sem ir às reuniões juntos, e tanto o pai quanto a mãe perderá muitas reuniões. As crianças passam seus primeiros quatro ou cinco anos sem o contato tão saudável com a igreja nas reuniões, sem a experiência de um ajuntamento solene na presença de Deus. E a igreja não pode contar com a participação plena dos pais nos primeiros anos de vida dos filhos (se um casal gera três filhos com intervalos de dois ou três anos, podem ficar mais de uma década nesta situação). Participei de muitas reuniões assim, e apesar de apreciar muito a reverência manifestada, não creio que seja o ideal.

A segunda sugestão (que corresponde à prática mais comum aqui no Brasil nos últimos anos) tem como principal vantagem promover a integração da família toda (pai, mãe e filhos) com a igreja local desde a mais tenra idade da criança. As reuniões da igreja farão parte das primeiras lembranças da criança quando crescer, e isto é ótimo. Mas o custo espiritual é enorme. Uma criança barulhenta pode tirar praticamente todo o proveito espiritual de uma reunião. Entre os salvos, alguns ficarão olhando e rindo das peripécias da criança, enquanto quem quer prestar atenção ficará irritado com as distrações — e todos irão ter o seu proveito espiritual prejudicado. Pior ainda é imaginar a situação de um incrédulo que esteja presente na reunião. Se lembrarmos que o destino eterno dele está em jogo, que trágico seria se Satanás conseguisse distrai-lo por causa do meu filho(a); quão horrendo se ele continuasse caminhando ao inferno por causa da complacência dos pais para com uma criança inocente!

Creio que a terceira sugestão é o caminho que devemos seguir. A reunião de uma igreja local é preciosa demais para que pais fiquem em casa com seus filhos, e é solene demais para que pais permitam que seus filhos perturbem a reunião. A única solução que resta é trazer os filhos às reuniões desde as primeiras semanas de vida, mas educá-los para que se comportem nas reuniões.

O mais difícil nesta questão é concordar sobre o que é um comportamento aceitável duma criança numa reunião. Quero sugerir algumas coisas, não como regras ou leis, mas como sugestões de quem já errou muito, e deseja que uma nova geração erre menos do que eu errei:

  1. Os primeiros meses de vida são os mais difíceis. Nesta fase, é normal a criança chorar quando tiver fome ou algum desconforto (cólica, fralda suja, etc.). A mãe pode sair com a criança sempre que surgir uma situação destas, resolver a situação, e voltar o mais rápido possível. Todos os demais devem entender que isto é normal naquela fase, e procurar não aumentar o problema olhando pra trás toda vez que a criança chora, etc.
  2. Depois de alguns meses, porém, a inteligência da criança começa a se manifestar, e ela já tem condições de ser ensinada que deve permanecer em silêncio nas reuniões. Os meios que os pais usarão para efetuar isto podem variar dependendo dos pais e da criança, mas já vivi o suficiente para poder afirmar que qualquer criança consegue aprender a ficar quieta numa reunião antes mesmo de aprender a andar e falar. “Você não conhece o meu filho!” alguém diz. É verdade, mas já vi crianças hiperativas que, na hora da reunião, sabem se comportar. É difícil de ser conseguido, mas é possível.
  3. Obviamente, isto começa em casa; uma criança que faz a sua própria vontade em casa não vai fazer a vontade dos pais na hora da reunião! O comportamento que se espera da criança em casa é bem diferente do que é permitido na reunião, mas em qualquer ambiente haverá limites que não podem ser ultrapassados. Se os pais não insistem, em casa, para que os limites da casa não sejam ultrapassados, não é na hora da reunião que vão conseguir que a criança os obedeça.
  4. Obviamente, também, não é algo que se consegue do dia para a noite, ou sem esforço; vai exigir muita paciência e perseverança dos pais. Não adianta nada deixar a criança gritar por meia hora, depois levá-la para fora e dar uma surra; uma leve repreensão, toda vez que a criança tenta fazer algum barulho, é muito mais eficaz. Passar a reunião toda do lado de fora distraindo a criança também não resolve a situação. O importante é não desanimar nem desistir.

Eu sei que crianças não são adultos. Sei também que ninguém consegue criar seu filho de forma perfeita. Se permitirmos que crianças frequentem as reuniões das igrejas, é inevitável que haverá interrupções devido ao mau comportamento das crianças. O que pretendo com este alerta não é envergonhar pais e mães cujas crianças já atrapalharam alguma reunião (pois todos nós somos culpados disto), muito menos defender uma utopia. Apenas creio que devemos nos esforçar ao máximo para que as interrupções sejam diminuídas o máximo possível.

Quero sugerir que pais “de primeira viagem” peçam conselhos e orientação dos mais experientes, e que todos os demais tenham paciência com os pais enquanto educam seus filhos. Vocês que são pais de crianças pequenas: tenha certeza que eu entendo o quão difícil é a tarefa que vocês tem, e oro para que vocês sejam zelosos neste serviço. A vocês que não são pais de crianças pequenas: tenha paciência, e não torne o trabalho dos pais ainda mais difícil do que já é.

A maneira como o mundo cria seus filhos não é aceitável para o cristão. Crianças pequenas conseguem aprender a ficar quietas nas reuniões. Elas tem inteligência suficiente para aprender, e com certeza não ficarão traumatizadas se forem ensinadas a ficarem quietas duas ou três horas por semana.

Se alguém acha que exagerei, pode me corrigir nos comentários. Se alguém tiver alguma experiência pessoal para ajudar neste sentido, tenha liberdade de compartilhar.

“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele … A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela … Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá … A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe.” (Provérbios 22:6, 15; 23:13; 29:15).

© W. J. Watterson

Monday, 24 November 2014

A galeria dos heróis da fé

A maioria dos leitores deste blog conhece bem a lista dos homens e mulheres de fé, em Hebreus 11. Mas muitos não percebem que a lista não é simplesmente uma coleção aleatória de nomes, mas uma exposição perfeitamente equilibrada e simétrica de atos de fé.

Se seguirmos o uso da pequena expressão “pela fé” neste capítulo, veremos que ela é usada dezessete vezes em relação a um evento ou pessoa específica. Não aleatoriamente, mas em perfeita simetria: a lista começa com três santos antediluvianos (Abel, Enoque e Noé), depois continua com quatro cenas da vida de Abraão (o quarto personagem mencionado). Depois temos mais três referências individuais (Isaque, Jacó e José), seguidas de mais quatro cenas da vida do quarto, Moisés. Encerrando a lista, há outros três eventos individuais da história de Israel.


O equilíbrio perfeito, e a simetria, desta coleção de pessoas e eventos são dignos de nota, e nos ajudam a descobrir lições para nosso proveito espiritual.

Ambas as ilustrações que acompanham este texto (que diferem uma da outra somente nas cores utilizadas) podem ser baixadas para impressão em alta definição no formato A3 (faça o download da tabela escura ou da tabela clara).

Convém destacar que as ilustrações somente se preocupam com expressões que seguem a fórmula “Pela fé alguém fez algo”. Outros seis nomes são mencionados no v. 32, mas eles seguem um padrão diferente dos nomes que foram destacados aqui.


© W. J. Watterson

Faith’s “Hall of Fame”


Most readers of this blog will be familiar with the list of men and women of faith in Hebrews 11. But many fail to notice that the list is not simply a haphazard collection of names, but a perfectly balanced, symmetrical exposition of acts of faith.

If we follow the use of the little expression “by faith” in the chapter, we will find it used seventeen times in relation to a specific person or event. Not haphazardly, but in perfect symmetry: the list begins with three antediluvian saints (Abel, Enoch and Noah), followed by four scenes from Abraham’s life (the fourth character named). Next come three more individual references (Isaac, Jacob and Joseph), then another four scenes from the life of the fourth (Moses). Closing the list, we have another three individual events in Israel’s history.

The perfect balance and symmetry of this collection of people and events is worth noticing, and will help us to discover lessons for our spiritual benefit.

Both of the illustrations that accompany this post (they only differ in the colour scheme used) can be downloaded in high definition for printing on an A3 sheet of paper (download dark coloured chart or light coloured chart).

Note that the illustrations only list occurrences of expressions that follow the formula “By faith someone did something”. Six other names are mentioned in v. 32, but they follow a different pattern to the ones highlighted here.


© W. J. Watterson

Saturday, 22 November 2014

Man of war and man of rest

David and his son Solomon and described in very different manners. Someone said of David: “A mighty valiant man, and a man of war” (I Sm 16:18), while the Lord Himself said of Solomon: “Behold, a son shall be born to thee, who shall be a man of rest; and I will give him rest from all his enemies round about” (I Ch 22:9). In these two men we have an illustration of our Lord Jesus Christ in two different periods: at the end of the Tribulation (David) and in the Millennium (Solomon).

David, the man of war who freed Israel from all her enemies, reminds us of the Lord Jesus as the one who on the cross, “having spoilt principalities and powers … made a show of them openly, triumphing over them” (Col 2:15), and the one who, at the end of the Tribulation, will be manifested as one who “in righteousness doth judge and make war … And out of His mouth goeth a sharp sword, that with it He should smite the nations” (Rev 19:11-16).

Solomon, the man of rest who received a kingdom without enemies, where peace and justice reigned, reminds us of the Lord Jesus and the kingdom of peace and rest that He will establish on Earth during the Millennium, when “the work of righteousness shall be peace, and the effect of righteousness quietness and assurance for ever. And My people shall dwell in a peaceable habitation, and in sure dwellings, and in quiet resting places” (Isa 32:17-18).

Having received deliverance from our enemies by the greatest Man of war, we await a kingdom of peace and rest under the authority of the greatest Man of rest. To Him be all glory!

© W. J. Watterson

Wednesday, 19 November 2014

Tempestade em copo d'água

Poucos dias atrás, numa conferência com cerca de duzentas e cinquenta pessoas, fiquei assustado e preocupado com algo que parece tão simples e inofensivo: água!



Antes de explicar melhor, permita-me enfatizar que escrevo com um sorriso nos lábios (não é necessário levar ao pé da letra tudo que você encontrará nesta página). Ao mesmo tempo, não é tudo uma brincadeira (existe realmente um motivo para preocupação).

A conferência foi, na minha opinião, excelente. Ver tantas pessoas reunidas para ouvir a palavra de Deus numa tarde quente foi animador. As mensagens engrandeceram o Senhor Jesus Cristo, o que alegra qualquer cristão que ama ao Senhor. Mas a reunião teve um aspecto menos nobre: um constante vai-vem de pessoas atrás de água! Eu sei que algumas daquelas pessoas precisam beber com intervalos curtos (por motivos de saúde, por estarem com crianças de colo, etc.), mas é difícil acreditar que todo mundo ali estava numa situação destas. Será que, em casa e no serviço, bebem água com a mesma frequência? Será que não percebem que toda vez que levantam distraem a si mesmos e mais uma dúzia de pessoas?

Vou direto ao ponto: a geração de hoje não suporta nenhum desconforto. Ficar sentado por cinquenta minutos (ou menos!) para ouvir uma mensagem torna-se um fardo impossível de ser suportado. Ao menor sinal de sede, a primeira reação não é: “Vou aguentar um pouco, pois estou aqui para ouvir a Palavra de Deus; não quero ser distraído, e não quero distrair ninguém”, mas sim: “Estou com sede, e isto é o que importa agora. Se eu perder um pouco da mensagem, ou se tirar a concentração do pregador ou daqueles ao meu redor, paciência; eu estou com sede! Se não beber agora, vou ficar traumatizado por causa desta sensação horrível de secura na língua!”

Eu sei que, no calor deste nosso Brasil, a sede pode incomodar. Reconheço também que muitos pregadores, bebendo água toda hora, só fazem aumentar nossa sede (o efeito psicológico é notório). Mas se todos nós nos esforçássemos para suportar um pouco de sede (“sede”, não; “uma leve vontade de beber água”) por um pouco de tempo, nosso aproveitamento nas reuniões do povo de Deus seria muito melhor, e todos seríamos beneficiados.

Sei que alguns vão achar que estou fazendo tempestade por um copo d'água; creio, porém, que são os copos d'água que criam ondas de desatenção nas reuniões. Algo pequeno, reconheço; mas justamente por ser tão insignificante, é tão simples de ser corrigido!


© W. J. Watterson

Tuesday, 4 November 2014

Acróstico (i)

Da série “Figuras de linguagem na Bíblia”. Leia também:


A palavra “acróstico” pode ser definida como “composição poética em que cada verso principia por uma das letras da palavra que lhe serve de tema.” Uma forma específica de acróstico é o acróstico alfabético, em que cada verso inicia com uma das letras do alfabeto, na ordem alfabética.

Existem três livros da Bíblia que contém acrósticos alfabéticos: o livro de Salmos contém sete destes acrósticos, Provérbios contém um (a descrição da mulher virtuosa no cap. 31), e Lamentações contém quatro.

É interessante e instrutivo examinar estas passagens das Escrituras, e apreciar a beleza da composição poética do livro divino. Antes, porém, precisamos formalizar uma pergunta que certamente passa pela mente da maioria de nós: por que Deus inclui estes detalhes na Sua Palavra? Alguns dirão que é mera coincidência, ou algo que não tem valor algum para nossa vida prática. “O que me interessa saber se a descrição da mulher virtuosa em Provérbios 31 é na forma de acróstico ou não?” pergunta o cristão prático; “O que importa são as lições espirituais do trecho, não a sua forma poética!”

Não há dúvida que o ensino das Escrituras é o principal; mas afirmar isto não responde à pergunta feita acima: por que Deus inclui tantos ornamentos linguísticos e estruturais na Sua Palavra? Antes de responder apressadamente à pergunta acima, repare que podemos ver o mesmo princípio divino [veja Nota 1] em outras áreas. Pense, por exemplo, na Criação. O ato de criar seguiu uma ordem bela e perfeita [veja Nota 2]; e essa simetria bela tem como única função (ao que me parece) ornamentar e embelezar. Deus criou as coisas nesta ordem não porque precisava ser assim, mas simplesmente porque Ele quis nos mostrar a beleza da ordem divina. Os luzeiros poderiam ter sido criados no segundo dia, por exemplo. Mas Deus, além de fazer um Universo perfeitamente funcional, o fez também seguindo um processo perfeitamente ordeiro.

Não só o ato de Criação, mas também a própria Criação manifesta esta ordem — o Universo, criado num processo tão belo e simétrico, é um Universo lindo. É perfeitamente funcional, mas é também perfeitamente lindo. As estrelas, os rios, o pôr-do-sol, as flores e os beija-flores — tudo é extremamente belo!

Assim também com a Palavra de Deus, um livro que revela perfeitamente a vontade de Deus, e que o faz duma forma tão bela. Deus escondeu muitas joias na Sua Palavra, algumas bem na superfície, outras mais escondidas. Quanto mais lemos a Bíblia, mais chegamos a essa conclusão: é um livro perfeito na sua funcionalidade e utilidade, mas também um livro perfeitamente belo, repleto de joias que mostram a beleza da ordem divina. Como diz o Salmo 19, a Criação manifesta a glória de Deus (vs. 1-6), e o Seu livro é igualmente perfeito (vs. 7-11).

Voltando à pergunta repetida acima: por que Deus inclui estes acrósticos na Sua Palavra? Não tenho certeza; talvez foi para dar um selo de autenticação divina a este livro; talvez foi para aquecer nossos corações e fazê-los transbordar em louvor a Ele. Não tenho certeza; mas tenho certeza que foi Ele próprio quem acrescentou estas pinceladas de beleza divina a este livro perfeitamente funcional. E se Ele assim fez, não posso deixar de procurar estas pinceladas. Não posso desprezar o que Ele achou por bem fazer.

Minha intenção em destacar estas coisas é estimular cada salvo a dedicar-se, mais e mais, ao estudo deste livro sublime. Como outros já disseram, este livro é tão claro que uma criança entende sua mensagem, mas é também tão profundo e cheio de perfeições que a mente mais privilegiada jamais ficará entediada diante deste vasto mar de sabedoria.

“Tenho visto fim [“limite”, RC] a toda a perfeição, mas o Teu mandamento é amplíssimo” (Sl 119:96).

Salmos acrósticos

Já mencionei que há sete Salmos acrósticos (alfabéticos), que podem ser divididos em dois grupos: quatro Salmos tem uma estrutura perfeita (Salmos 37, 111, 112 e 119), enquanto outros três tem uma estrutura alfabética bem visível, mas irregular (Salmos 25, 34 e 145). Esta divisão de grupos de sete em quatro e três (e não cinco e dois, ou seis e um) é extremamente comum na Bíblia, e testifica da sua perfeição. Convém acrescentar que muitos comentaristas consideram que os Salmos 9 e 10 formam, juntos, outro acróstico (porém com sete letras omitidas).

Salmo 37

A estrutura alfabética deste Salmo é destacada na ilustração abaixo.

Salmos 111 e 112

Um exemplo notável da beleza dos acrósticos bíblicos são os Salmos 111 e 112. Ambos contém dez versículos, mas vinte e dois versos (no sentido poético — uma linha de um poema). Cada um desses vinte e dois versos começa com uma letra do alfabeto hebraico (que só tem vinte e duas letras, diferentemente do nosso alfabeto), e na ordem exata do alfabeto (veja a ilustração abaixo).

Com isso percebemos que os dois salmos formam um par, e devem ser estudados juntos. Olhando mais de perto, percebemos que o Salmo 111 descreve Deus (Seu caráter e Sua conduta), enquanto que o Salmo 112 descreve o servo de Deus (seu caráter e sua conduta). Ambos os salmos começam com “Louvai ao Senhor” (literalmente, “Aleluia”), depois seguem um paralelo impressionante, que o leitor atento poderá ver comparando os dois salmos na ilustração abaixo. Olhe com cuidado para os salmos, e veja como o caráter e a conduta do servo de Deus devem refletir o caráter e a conduta do Seu Senhor.

Na ilustração também são destacadas duas palavras hebraicas diferentes que indicam coisas eternas: ‘ad e olam. Cada uma destas palavras ocorre três vezes no Sl 111 e duas vezes no Sl 112. Vale a pena estudar estas ocorrências.

Salmo 119

Quero destacar a estrutura perfeita deste salmo, sua extensão prolongada, e sua exposição profunda da Palavra de Deus.

Estrutura perfeita

O Salmo 119 é o mais perfeito dos Salmos alfabéticos, contendo cento e setenta e seis (8 x 22) versículos numa estrutura impressionante: cada grupo de oito versículos é dedicado a uma letra do alfabeto hebraico, numa sequência perfeita. Cada um dos primeiros oito versículos começam com alef. Os vs. 9 a 16 começam, todos, com bet; os próximos oito versículos (vs. 17 a 24) começam com guimel, e assim sucessivamente, até chegarmos aos últimos oito versículos do salmo (vs. 169 a 176), todos começando com a última letra do alfabeto hebraico, tav.

Extensão prolongada

O tamanho deste Salmo também impressiona; não há nada que se compare na Bíblia. Para perceber a singularidade do seu tamanho, é necessário lembrar que, diferentemente dos demais livros da Bíblia, nos livros de Salmos e Lamentações de Jeremias as divisões em capítulos não foram feitas depois da Bíblia ser escrita, mas fazem parte da sua estrutura original. A Bíblia foi escrita sem nenhuma divisão de capítulos ou versículos (a divisão em capítulos surgiu no século XIII) mas o livro de Salmos é diferente por ser composto de salmos avulsos, cada um sendo um poema completo em si mesmo. Por isso lemos de Paulo se referindo ao “Salmo segundo” (At 13:33). A diferença de tamanho entre capítulos da Bíblia é obra humana, mas o Salmo 119 chegou até nós no tamanho em que foi inspirado por Deus.

Levando isto em conta, repare que o Salmo 119 é maior do que qualquer outro Salmo (mais do que o dobro) e maior do que muitos livros da Bíblia. A lista abaixo apresenta em ordem crescente (baseado no texto em português) vinte e três livros na Bíblia que são, com certeza, menores do que o Salmo 119, e outro dois que são possivelmente menores: II e III João, Filemon, Judas, Obadias, Tito, II Tessalonicenses, Ageu, Jonas, Naum, Habacuque, Sofonias, II Pedro, I Tessalonicenses, II Timóteo, Joel, Colossenses, Rute, Filipenses, I João, Tiago, I Timóteo, I Pedro, Cantares e Miquéias.

Exposição Profunda

A estrutura do Salmo é magnifica. Sua extensão também impressiona. E o que dizer sobre sua exposição? Pode parecer contraditório, mas os cento e setenta e seis versículos deste Salmo tratam de um mesmo tema: a Bíblia!

A Massorá [veja Nota 3] traz, ao lado do v. 122, uma lista de dez palavras características do Salmo. Em Português, estas palavras são: “caminho, “testemunho”, “preceito” (ou “ordenança”), “mandamento”, “lei”, “juízo”, “justiça”, “estatuto”, e duas palavras hebraicas que são traduzidas “palavra” em Português. A Massorá diz que estas palavras correspondem aos Dez Mandamentos, e que o único versículo do Salmo onde não encontramos nenhuma delas é o v. 122.

É verdade que outros vem menos sinônimos das Escrituras neste Salmo. Scofield lista quatro versículos onde ele não encontra nenhuma referência à Bíblia (vs. 90, 121, 122 e 132). A. Clarke acrescenta o v. 84 aos quatro já mencionados. Mesmo concordando com Clarke, porém, veja que fato impressionante: dos cento e setenta e seis versículos do Salmo, apenas cinco não contém uma referência direta e clara à Palavra de Deus! F. J. Dake contou cento e noventa e oito referências à Bíblia neste Salmo!

Não há dúvida, portanto, que o Salmo 119 é, do começo ao fim, o Salmo das Escrituras. “Tanto espaço para o mesmo assunto!”, dizem alguns, e acusam o Salmo de tautologia (“vício de linguagem que consiste em dizer, por formas diversas, sempre a mesma coisa”; Aurélio).

A beleza, porém, se encontra não só nos contrastes entre coisas diferentes e grandiosas, mas também nas diferenças delicadas e sutis entre coisas do mesmo gênero. Como exemplo de que até mesmo a sabedoria humana reconhece isto, veja a Chaconne (de Bach), um dos movimentos de uma música clássica para violino. Consistindo em cerca de quatorze minutos de uma progressão simples repetida em dezenas de variações, é considerada uma das mais sublimes músicas já compostas pelo homem. Brahms, outro compositor de fama mundial, escreveu sobre a Chaconne: “Em uma pauta, para um instrumento pequeno, o homem compôs um mundo inteiro dos mais profundos pensamentos e mais intensos sentimentos”.

Só quem não aprecia beleza musical encontrará tautologia na Chaconne; só quem não aprecia a Palavra de Deus encontrará tautologia neste Salmo. As Escrituras são seu único tema, mas não há nada de repetitivo ou redundante; numa estrutura maravilhosa, Deus nos apresenta a perfeição divina que, dentre todos os livros que a Terra já viu, somente a Bíblia possui. “Tenho visto fim a toda a perfeição, mas o Teu mandamento é amplíssimo” (v. 96). Sem dúvida um livro como a Bíblia exige um Salmo tão perfeito na sua estrutura, tão prolongado na sua extensão, e tão profundo na sua exposição!

Salmos 25, 34 e 145

O Salmo 25 tem uma frase muito pequena na quinta letra do alfabeto (he), omite a décima-nona letra (cof) e repete a vigésima (reish), além de repetir a décima-sétima letra (pe) no final do Salmo. O Salmo 34, assim como o Salmo 25, tem a frase pequena na quinta letra (he) e a repetição da décima-sétima letra (pe) no final do Salmo. O Salmo 145 tem uma sequência quase perfeita, omitindo apenas a décima-quarta letra (nun). Veja estes detalhes destacados nas ilustrações abaixo.

Certamente há um propósito nestas irregularidades. Será que Deus quer chamar nossa atenção para algumas partes do Salmo? Confesso que não sei; mas sei que um dia entenderemos o “por quê” de todos estes detalhes maravilhosos das Escrituras, quando Ele mesmo nos revelar suas glórias!



Lamentações

Os cinco capítulos de Lamentações de Jeremias são cinco poemas. Os dois primeiros e os dois últimos contém vinte e dois versículos cada, enquanto o capítulo central contém sessenta e seis (22 x 3) versículos. O único destes cinco poemas que não é um acróstico alfabético é o cap. 5. Os caps. 1, 2 e 4 são acrósticos simples (cada versículo começa com uma letra do alfabeto hebraico), enquanto que o cap. 3 é um acróstico triplo (isto é, os primeiros três versículos começam com alef, os vs. 4, 5 e 6 começam com bet, etc).

Três dos acrósticos em Lamentações tem uma peculiaridade: invertem a ordem da 16ª e 17ª letra do alfabeto: 2:16, 3:46-48 (lembre do caráter triplo do acróstico neste capítulo), e 4:16 começam com a 17ª letra do alfabeto hebraico (quando, na ordem normal, deveria ser a 16ª letra), e os versículos que seguem (2:17, 3:49-51 e 4:17) começam com a 16ª letra. Ao invés de deduzir que esta inversão da ordem normal foi um descuido do profeta (uma dedução que nega a inspiração divina da Bíblia, e que não explica a repetição desta inversão em três dos poemas deste livro), é mais sábio procurar entender o por quê desta inversão. Se Deus escreveu estes poemas seguindo a ordem do alfabeto, e em três ocasiões inverteu a ordem normal (sempre com as mesmas duas letras), por que Ele fez isto? Estude estes versículos, e procure encontrar alguma coisa que é enfatizada pela mudança da ordem normal. Por exemplo, 2:16 mostra os inimigos do Senhor exultando porque chegou o dia que esperavam; mas o versículo seguinte (que, segundo a ordem do alfabeto, realmente vem antes) mostra que Deus intentou isto desde os dias da antiguidade. Os homens podem intentar mal contra o povo de Deus, e Deus muitas vezes permite que isto aconteça; mas sempre que os homens agem, Deus já havia, de antemão, previsto tudo!

Mesmo sem conseguirmos explicar tudo que estas inversões da ordem normal do alfabeto podem sugerir, cremos que há muitas lições preciosas neste pequeno detalhe das Escrituras.

Provérbios 31:10-31

A descrição da mulher virtuosa que encerra o livro de Provérbios é outra poesia que segue perfeitamente a ordem do alfabeto hebraico, sem nenhuma omissão ou inversão.

Alexander J. Higgins, no Comentário Ritchie do VT, diz que “aqui temos a descrição que Deus faz, de A a Z, de uma mulher de valor. É completa e contém todos os valores. Também é o ABC de Deus do caráter moral e da sabedoria da mulher. É o alfabeto e a linguagem da sabedoria”.

Conclusão

Que a perfeição e beleza das Escrituras nos cative mais e mais. Sua beleza tem um brilho duradouro, que supera as maiores obras humanas; e possivelmente a maior joia da sua coroa é o fato de que esta beleza não é superficial e vã, mas é o brilho que ornamenta palavras de vida eterna, palavras que nos revelam o próprio coração de Deus! “Abre Tu os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da Tua lei” (Sl 119: 18).

© W. J. Watterson [Nota 1] Refiro-me ao princípio de acrescentar, às Suas obras, detalhes de beleza que, aparentemente, não tem nenhuma função prática; estão ali somente para embelezar e ornamentar. [voltar ao texto]

[Nota 2] Os seis dias da Criação (Gn cap. 1) apresentam uma simetria notável. No primeiro e no quarto dia, o elemento principal com que Deus trabalha é a luz; no segundo e no quinto dia, é a água; e no terceiro e no sexto, é a terra. Nos primeiros três dias Ele segue a sequência luz-água-terra, e nos próximos três dias a sequência é exatamente a mesma. Podemos dividir os seis dias da Criação em dois grupos, sendo que em ambos são usados os mesmos três elementos: luz, água e terra, na mesma ordem. E podemos comparar esta criação em duas etapas com a descrição dupla da Terra no v. 2: “sem forma e vazia”. Nos primeiros três dias, Deus está dando forma à Terra; nos três dias seguintes, Ele está enchendo-a. [voltar ao texto]

[Nota 3] Os mais antigos manuscritos do Velho Testamento têm, além do texto das Escrituras (em duas ou mais colunas), diversas linhas escritas em letras menores, nas margens superior e inferior e nas laterais de cada página. Estas notas (que não fazem parte do texto original das Escrituras) são chamadas de Massorá. Foram compiladas pelos Massoretas (eruditos judeus que viveram mais ou menos do século VI ao X) com a finalidade de evitar erros nas cópias das Escrituras. Estas notas não são comentários ou explicações sobre o texto, mas fatos e detalhes: a quantidade de palavras e a palavra central de cada livro, ocorrências de certas palavras, etc. Cada vez que o VT era copiado por um escriba, a cópia era verificada através dos dados da Massorá, e se houvesse alguma discrepância, a cópia era destruída integralmente! [voltar ao texto]

O ministério das irmãs

Ministério das Irmãs I Co 11:3; 14:34-35 a) Sua posição A posição das servas de Deus é apresentada com muita c...