Monday, 11 August 2014

Preso (ainda)

Mais um poema antigo (este de Abril de 1995), e que também trata da terrível luta contra a carne. Prometo que na semana que vem posto algo mais animador e alegre. Creio que há proveito em reconhecer nossas fraquezas, e sem dúvida há uma beleza especial que nasce da tristeza. Como escreveu I. Y. Ewan: “There is a joy that lies where pearls lie, deep,/Too deep for those who have no heart to weep” (que quer dizer, mais ou menos: “Há uma alegria que se esconde com as pérolas no fundo do mar,/Fundo demais para quem nunca aprendeu a chorar”). Mas não convém ficar ocupado demais com estas coisas (“wallowing in the Slough of Despond”); é melhor, como disse Jeremias, “trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21).


Preso (ainda)

Quantas vezes tropecei!
Eu quis lutar (ah, como tentei!)
Mas cada vez que levantei,
     A carne ainda me seguia…

Um passo, dois, às vezes três,
E o ataque vinha outra vez;
Um golpe seco, de uma vez,
     E a carne ainda me vencia…

Com prepotência eu dizia:
“Chega! Agora nasce outro dia,
E eu irei vencer!” Eu ria,
     Mas a carne ainda me iludia…


Na Tua casa, meu Senhor,
(E só ali) serei um vencedor;
Terei pra sempre o Teu amor,
     E a carne nunca mais verei!

Só resta, agora, esperar…
E enquanto o dia não raiar,
Me ajude, ó Pai, a Te agradar;
     Pois a carne ainda me perturba…

© W. J. Watterson

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