Monday, 25 October 2021

Meditações 540 a 561


Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo (arquivadas neste blog). 











 



Não temais — Meditações 540

04/10/2021


As palavras do Senhor Jesus em Lucas 12:32 são preciosas: “Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino”. 


Elas apresentam um relacionamento tríplice de Deus conosco: Pastor e ovelhas (“ó pequeno rebanho”), Pai e filhos (“a vosso Pai agradou”), e Rei e súditos (“dar-vos o reino”).


O Deus eterno é para nós um Pastor cuidadoso, um Pai amoroso, e um Rei poderoso. Estamos seguros no rebanho deste Pastor, temos aconchego e amor nos braços deste Pai, e temos uma cidadania segura e nobre debaixo deste Rei.


Portanto, “não temais!”



Sabedoria — Meditações 541


O capítulo 28 de Jó resume bem a ignorância do homem natural, ao apresentar o caráter misterioso da sabedoria: “Onde se achará a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?” Desde antes de Jó, os homens buscam (em vão) pela sabedoria. Valorizam-na, sim, e muitos pensam que a alcançaram; mas “o homem não conhece o seu valor, e nem ela se acha na terra dos viventes. O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo”.


Ah, que tesouro difícil de ser encontrado! “O valor da sabedoria é melhor que o dos rubis. Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode avaliar por ouro puro”.


Continuando a leitura, vemos Jó perguntando novamente: “Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?” E sua conclusão é clara: “Está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do Céu.”


Todos a buscam; até “a perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama” — mas quem a conhece? Jó chega à conclusão que só Deus realmente sabe o que é a sabedoria: “Deus entende o seu caminho, e Ele sabe o seu lugar. Porque Ele vê as extremidades da Terra; e vê tudo o que há debaixo dos Céus.”


Quando chegamos no NT, vemos a confirmação disto. Deus, o único que conhece o caminho da sabedoria, contempla a Pessoa bendita do Seu Filho unigênito, e diz: “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2:2-3). A sabedoria, com todos os seus tesouros, habita em Jesus Cristo!


Vivemos em dias em que se estuda como nunca antes na História — mas quantos estão buscando a verdadeira sabedoria? Quantos desejam conhecer melhor o Senhor Jesus Cristo? Quanto eu e você temos crescido neste conhecimento?


Que digamos, como Paulo: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3:7-8).



Redemoinho — Meditações 542


Conforme vamos estudando a Palavra de Deus, ficamos cada vez mais impressionados com a perfeição dela — não só na profundidade dos seus ensinos, mas nos pequenos detalhes também. Mas cuidado! Corremos o risco de limitá-la, de forçá-la a se encaixar nos moldes que nós criamos para ela!


Um exemplo prático: ao ler sobre como Deus falou com Jó de um redemoinho, esta última palavra talvez chame nossa atenção. Não é uma palavra muito comum na Bíblia, então resolvemos pesquisar suas ocorrências.


Usando uma das muitas ferramentas disponíveis hoje na Internet, descobrimos que “redemoinho” ali é a tradução do substantivo ca’ar (05591), que ocorre vinte e quatro vezes no VT. É traduzido “redemoinho”, “tempestade”, “tormenta”, etc., e fala de muitos assuntos: de tempestades literais, de manifestações do Senhor, do comportamento dos ímpios …


À primeira vista, ficamos decepcionados! Na nossa inocência, esperávamos encontrar apenas três ocorrências da palavra (ou quem sabe, sete), e numa estrutura tão impressionante quanto um redemoinho! Acostumados a ver tantos destes quadros nas Escrituras, talvez pensamos que só poderia haver beleza em outro quadro semelhante a estes!


Esta lista de vinte e quatro versículos não é plácida como um dia de calmaria, e não satisfaz nossa expectativa inicial — mas em meio ao turbilhão da tempestade, vemos surgir uma perfeição linda, mai sublime do que aquela que procurávamos! Há beleza e perfeição numa estrutura simétrica e equilibrada — há perfeição também no que parece, à primeira vista, sem estrutura!


Nesta vinte e quatro referências encontraremos três ocasiões em que Deus quis tratar com um servo individualmente, e o fez, não com aquela “voz mansa e delicada” que Ele usou ao falar com Elias (I Rs 19:12), mas com um grande redemoinho. Mais; veremos que, em cada uma destas três ocorrências, a Bíblia (tão minuciosamente perfeita) usa duas vezes a palavra ca’ar (“redemoinho”).


Não era o que começamos procurando, mas é mais impressionante: três pares de referências que, agrupadas, fornecem um quadro de Deus agindo com Seus servos por meios aparentemente tempestuosos. Levando Elias ao Céu (II Rs 2:1, 11), instruindo Jó (Jó 38:1; 40:6), e corrigindo Jonas (Jn 1:4, 12).


No primeiro caso havia apenas uma testemunha (Eliseu); no segundo, pelo menos quatro (Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú); no terceiro, um grande número de marinheiros.


Que ocasiões solenes! Elias, fiel a Deus, sendo levado vivo ao Céu num redemoinho! Jó, fiel mas tropeçando, conversando face a face com Deus de um redemoinho! Jonas, desobediente, sendo buscado pelo Senhor por um redemoinho (“tempestade”).


Situações únicas e extremas, que mostram o poder de Deus para nos manter no caminho certo (Jonas), para nos instruir neste caminho (Jó), e para nos levar até o seu final (Elias).


Confiemos em Deus, quer na calma, quer no redemoinho! “Pois Ele manda, e se levanta o vento tempestuoso [lit., “redemoinho”] que eleva as suas ondas.  … Então clamam ao Senhor na sua angústia; e Ele os livra das suas dificuldades. Faz cessar a tormenta [lit., “redemoinho”], e acalmam-se as suas ondas. Então se alegram, porque se aquietaram; assim os leva ao seu porto  desejado” (Sl 107:25-30).



Redemoinho (b) — Meditações 543


Duas vezes lemos de um redemoinho na vida de Elias: “Sucedeu que, quando o Senhor estava para elevar a Elias num redemoinho ao Céu, Elias partiu de Gilgal com Eliseu … E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao Céu num redemoinho” (II Rs 2:1, 11).


Que contraste com Enoque! Ambos subiram vivos ao Céu, prefigurando o Arrebatamento da Igreja — mas que diferença! O arrebatamento de Enoque parece ter sido absolutamente discreto: “E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para Si o tomou” (Gn 5:24). A impressão que estas palavras transmitem é que demorou até alguém dar falta de Enoque. Ninguém viu ele ser arrebatado, e muitos devem ter pensado que ele foi atacado e comido por um animal selvagem, ou algo do tipo. Mas Deus revelou a verdade: “Deus para Si o tomou”!


Com Elias foi igualmente precioso, mas de forma diferente. Houve uma testemunha (Eliseu). Houve glória e majestade (“um carro de fogo, com cavalos de fogo”). Houve manifestações do poder divino (o redemoinho). Se Enoque subiu ao céu discretamente, Elias subiu num redemoinho!


O que isto significa? Será que nos ajuda a lembrar que, no Arrebatamento da Igreja, alguns serão levados discretamente, enquanto outros serão arrebatados de forma pública e notória? Uma professora talvez seja arrebatada diante do olhar assombrado de seus alunos, no meio de uma explicação sobre geometria, e um viúvo que mora só será levado, e ninguém sentirá falta dele por vários dias! Um irmão apresentando o Evangelho numa reunião pública, de repente desaparecerá da vista de todos, juntamente com a maior parte da congregação; do outro lado do mundo, uma jovem que saiu para ir ao mercado simplesmente não volta para casa.


Que dia glorioso será aquele, quando encontraremos nosso Senhor nos ares. Qualquer que for a circunstância em que estivermos naquela hora, certamente subiremos. Seja como Elias, seja como Enoque, todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo será arrebatado, “e assim estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (I Ts 4:17-18).



Redemoinho (c) — Meditações 544


Elias subiu ao Céu num redemoinho, e Jó ouviu o Senhor falando com Ele na mesma situação (38:1; 40:6). Que dia memorável para Jó!


O Senhor começou dizendo: “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu Me ensinarás” (38:2-3).


Quando o Senhor terminou de falar, a resposta de Jó (42:2-6) revela o quanto ele aprendeu daquela conversa. Ele começa engrandecendo o poder de Deus: “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos Teus propósitos pode ser  impedido.” Tendo visto o poder de Deus revelado no redemoinho, e ouvido as palavras profundas que Deus proferiu do meio da tempestade, ele reconhece  a grandeza de Deus.


Em seguida, ele repete as palavras que Deus havia dito no começo: “Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho?” Deus mostrou que Jó era ignorante, e ele humildemente reconhece suas limitações. Ele vai mais longe, e acrescenta: “Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu Te perguntarei, e Tu me ensinarás”. Deus havia perguntado a Jó se este poderia ensinar algo a Deus, e Jó reconhece que ele é quem precisa aprender.


Ele encerra seu comentário com palavras sublimes e profundas, que revelam um pouco da distância que há entre Deus e o homem: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora Te vêm os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó na cinza.”


Que redemoinho instrutivo! Que tempestade reveladora! Que nós também possamos crescer no conhecimento prático de Deus (não só “de ouvido”), procurando discernir a voz dEle no meio da tempestade (e na mais doce calmaria).


Sejamos como Samuel: “Fala, Senhor, porque o Teu servo ouve” (I Sm 3:10).



Redemoinho (d) — Meditações 545


Já pensamos em Elias e Jó e suas experiências com o Senhor no redemoinho; resta Jonas.


Com corações contritos, lemos: “O Senhor mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade [literalmente, ‘redemoinho’], e o navio estava a ponto de quebrar-se … E [Jonas] lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade [‘redemoinho’]”.


Sentimos vontade de exclamar: “Jonas, Jonas! Você ficou louco? Você achou mesmo que conseguiria fugir de Deus?” Mas não falamos nada, porque conhecemos bem o “Jonas” que habita dentro de nós! Conhecemos a nossa carne, e já temos corrido pelo mesmo caminho que Jonas trilhou! Sabíamos o que o Senhor queria de nós, mas, qualquer que tenha sido o motivo, desobedecemos.


Ao invés de ir para Níneve (ao oriente de Israel), Jonas foi para Társis (ao ocidente — direções opostas). A princípio, tudo deu certo: “E descendo a Jope, achou um navio [transporte disponível] que ia para Társis; pagou, pois, a  sua passagem [recursos disponíveis!], e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor”.


Mas logo veio o redemoinho! É sempre assim. Quando viramos as costas à vontade revelada de Deus, pode até acontecer que haverá “portas abertas” no início, mas logo virá a disciplina do Senhor, visando nossa restauração.


Que possamos aprender com a submissão de Jonas ao juízo de Deus: “Levantai-me e lançai-me ao mar”. Principalmente, que possamos entender que ele nunca precisaria ter passado por aquilo!


Vivamos de tal forma que não será necessário passar pelo redemoinho.


“Se os seus filhos deixarem a Minha lei, e não andarem nos Meus juízos; se profanarem os Meus preceitos, e não guardarem os Meus mandamentos, então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade com açoites. Mas não retirarei totalmente a Minha benignidade, nem faltarei à Minha fidelidade” (Sl 89:30-33)



A conclusão final (22:17-21) — Meditações 546


Quase um ano atrás (14/11/20) começamos a olhar, nos finais de semana, para o livro de Apocalipse. Não do ponto de vista profético, mas procurando apreciar um pouco das glórias do Cordeiro reveladas nele. Chegamos, finalmente, aos últimos cinco versículos da Bíblia, onde tudo chega ao seu fim; é a conclusão da conclusão. Encontramos aqui:


i) o último convite ao pecador: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”;


ii) o último aviso: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro”;


iii) a última promessa: “Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho”;


iv) a última oração: “Amém. Ora vem, Senhor Jesus”;


v) a última bênção: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém”;


vi) o último título do Senhor: “… nosso Senhor Jesus Cristo”.


Finalizando este estudo sobre nosso Senhor em Apocalipse, quero considerar em mais detalhes os itens (iii) e (vi).


A última promessa


“Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho”. Já consideramos as três referências nesta conclusão (22:6-21) à vinda do Senhor: na primeira, nosso Senhor associa a Sua vinda com o guardar da Sua Palavra: “Eis que cedo venho: bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (22:7); na segunda, o Senhor associa a Sua vinda à recompensa futura: “Eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (22:12); agora, na terceira referência, temos uma confirmação segura e firma da Sua vinda: “Certamente cedo venho! Amém. Ora vem, Senhor Jesus” (22:20). O capítulo (e o livro) termina com esta promessa tripla da Sua vinda: “Eis que cedo venho … Eis que cedo venho … Certamente cedo venho!”


Esta promessa aplica-se aos salvos da Tribulação, lembrando-os que seus terríveis sofrimentos terminarão quando o Senhor vier em glória e majestade. Mas, de forma especial, ela foi abraçada e apropriada pela Igreja. Entre as muitas promessas registradas na Bíblia, esta deve ser uma das que mais nos anima nesta dispensação em que vivemos. Os dias são maus, e a noite é escura. Cumpriu-se a profecia de II Timóteo 3:1: “Nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos”. Mas tudo bem — o Senhor está voltando!


Antes de partir, Ele prometeu: “Virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo” (Jo 14:3). As últimas palavras dEle que João registrou em seu evangelho referem-se à Sua vinda (Jo 21:23). E aqui, ao encerrar o Livro sagrado, Ele não apenas usa com última figura da Bíblia “a Estrela da Manhã” (que fala especificamente do Arrebatamento), como também promete: “Certamente cedo venho!”


Animemo-nos, portanto, com esta promessa bendita, aquela que Deus escolheu para encerrar as Escrituras: “Certamente cedo venho!”



Três promessas seguras — Meditações 547


Às vezes fazemos afirmações um pouco ambíguas, que podem ser entendidas de mais de uma forma. Na Sua Palavra, porém, Deus costuma ser bem categórico. Relembremos hoje três promessas muito claras e seguras que Deus faz.


A primeira fala da nossa salvação: “Todo o que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6:37).


A segunda nos dá garantia da nossa santificação diária: “Em Ti confiarão os que conhecem o Teu nome; porque Tu, Senhor, nunca desamparaste os que Te buscam” (Sl 9:10).


A terceira reforça nossa segurança eterna: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei  o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos” (Ap 3:5).


Cremos nEle um dia, certos de que Ele não nos lançaria fora; cremos nEle hoje, certos de que Ele não nos desamparará; creremos nEle para sempre, certos de que Ele nunca riscará nosso nome do Seu livro.


“[Deus] nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção” (II Pe 1:4).



Quebrado — Meditações 548


Muitos séculos atrás, um homem liderando um pequeno grupo de trezentos soldados enfrentou um exército “como gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos, como a areia que há na praia do mar”. Contra todas as expectativas, ele venceu. Como? Chegaram “ao extremo do  arraial, ao princípio da vigília da meia noite, havendo sido de pouco trocados os sentinelas; então tocaram as buzinas, e quebraram os cântaros que tinham nas mãos … e  tinham nas suas mãos esquerdas as tochas acesas, e nas suas mãos direitas as buzinas, para tocarem, e clamaram: Espada do Senhor, e de Gideão” (Jz 6:19-21). Os soldados quebraram os vasos que carregavam, a luz das tochas brilhou, e Deus fez o resto.


Séculos depois de Gideão, uma mulher “que trazia um vaso de alabastro, com unguento de nardo  puro, de muito preço, quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça” (Mc 14:3). Numa sociedade muito diferente da nossa, ela agiu de forma muito corajosa ao quebrar o vaso, manifestando assim seu amor pelo Senhor Jesus Cristo.


Coragem para enfrentar um exército inimigo; coragem para enfrentar desprezo e zombaria — há muito menos diferença entre estes dois vasos quebrados do que aparece à primeira vista!


É por confiar demais em nós mesmos que alcançamos tão poucas vitórias sobre o mal; é por amar demais a nós mesmos que adoramos tão pouco!


“É necessário que Ele cresça, e que eu diminua” (Jo 3:30).



Guia-me … por quê? Meditações 549


Muitas vezes oramos pedindo direção ao Senhor. Por que fazer isto? E por que Ele nos responderia?


A sequência de quatro versículos abaixo (todos nos Salmos) nos ajuda a entender isto:


“Senhor, guia-me na Tua justiça, por causa dos meus inimigos; endireita  diante de mim o Teu caminho … Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do Seu nome … Ensina-me, Senhor, o Teu caminho, e guia-me pela vereda direita, por causa dos meus inimigos … Porque Tu és a minha rocha e a minha fortaleza; assim, por amor do Teu nome, guia-me e encaminha-me” (Sl 5:8; 23:3; 27:11; 31:3).


Eis a resposta: é por causa dos meus inimigos, e por amor do Seu nome!


Temos muitos inimigos, traiçoeiros e mentirosos (5:9; 27:12) — por isso precisamos que o Senhor nos guie na Sua justiça, ensinando-nos a rejeitar as mentiras e falsidades que estão por todo lado hoje. Seja ensino mentiroso sobre evolução e “gênero” nas escolas, seja as “fake news” das mídias sociais … peçamos a Deus que nos guie na Sua justiça, por causa dos nossos inimigos.


E o Senhor nos ouvirá? Sim — não só porque Ele nos ama e deseja nos instruir (Sl 32:8), mas também por amor do Seu nome. Quer dizer, pelo que Ele é em Si mesmo; por ser um Deus verdadeiro e misericordioso, que ama a verdade e odeia a mentira; por não ser homem, para que minta, nem filho do homem, para que Se arrependa — por amor do Seu nome, Ele guiará os Seus filhos que clamam a Ele!


“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada” (Tg 1:5).



Escondido — Meditações 550


“E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que ele era formoso,  escondeu-o [06845] três meses” (Êx 2:2). “Porém aquela mulher tomou os dois homens, e os escondeu [06845]” (Js 2:4). “Escondi [06845] a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11).


Em Êxodo 2, lemos de como a mãe de Moisés escondeu-o para protegê-lo da morte pela mão de Faraó. Em Josué, vemos Raabe escondendo os dois espias para protegê-los da morte pelos soldados de Jericó.


Mas no Salmo 119, é o contrário: algo é escondido (a Palavra de Deus) não para que ela seja protegida, mas para que ela nos proteja!


Pensando bem, não há tanta diferença! A mãe de Moisés preservou o futuro salvador do povo de Israel (incluindo ela); Raabe preservou dois espias que representavam o exército que trouxe livramento para ela e toda a sua família; e, ao esconder a Palavra de Deus em nossos corações, estamos preservando em nós o segredo para ser libertos da influência do pecado nas nossas vidas.


Sejamos disciplinados em ler e esconder esta Palavra no coração — será para nosso próprio proveito!



O louvor espera — Meditações 551


O irmão Higgins recentemente chamou atenção (link) à expressão que inicia o Salmo 65: “A Ti, ó Deus, espera o louvor em Sião”, destacando a singularidade da relação entre Deus e o louvor. Enquanto o ser humano espera receber louvor, o louvor espera por Deus!


Receber louvor é o instinto humano — ficamos chateados quando fazemos algo que julgamos ser digno de louvor, e ninguém nos elogia. Mas o Salmo indica que o louvor existe por causa de Deus. É até difícil entendermos este conceito abstrato — mas quando entendemos, ficamos maravilhados!


Nós fazemos algo e esperamos, na expectativa de receber louvor. Mas o louvor é aqui personificado como alguém que está esperando o Senhor chegar, sabendo que quando Deus aparecer (e independentemente de qualquer coisa que Ele fizer) Ele será digno de louvor. É como se o louvor sentisse prazer em oferecer-se a Ele. Antes de qualquer obra que Ele faça, antes de pronunciar uma palavra sequer, Deus já é digno de louvor — simplesmente por aquilo que Ele é!


Ou seja: os homens buscam o louvor, e o louvor busca a Deus!


Como escreve o irmão Higgins, “às vezes pensamos que Deus precisa do nosso louvor. Não, Deus não precisa de nada. Ele é maior que nosso louvor. Nós somos privilegiados quando podemos oferecer-lhe louvor e adoração”.


“Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome dá glória, por amor da Tua  benignidade e da Tua verdade” (Sl 115:1).



Salvo no confessionário — Meditações 552


Hoje faz exatamente 466 anos que Hugh Latimer morreu. No dia 16 de Outubro de 1555, em Oxford, Inglaterra, ele foi amarrado a um poste em companhia de Nicholas Ridley, e ambos foram queimados vivos. O seu crime? Defender a tradução da Bíblia para a língua inglesa, para que o povo comum pudesse lê-la.


Quando as chamas foram acesas, ele disse ao seu companheiro: “Ridley, tenha bom ânimo. Estamos acendendo uma luz hoje que, pela graça de Deus, nunca será apagada”.


Suas palavras se cumpriram. Três anos depois a rainha faleceu, e sua irmã, que a sucedeu, promoveu o progresso do Evangelho naquela terra, até hoje um dos países onde o Evangelho tem mais liberdade.


E tudo começou num confessionário!


Antes da sua conversão, Hugh Latimer (1487-1555) era um dos mais conhecidos eruditos e pregadores no Reino Unido daquela época, ferrenho defensor das doutrinas católicas. Até que um homem de trinta anos de idade, conhecido como “Little Bilney” (“Pequeno Bilney”), salvo pela graça de Deus, pediu ao então padre Latimer que ouvisse sua confissão, como estratégia para lhe apresentar o Evangelho.


No confessionário, Bilney contou o quanto a sua vida religiosa havia sido vazia, e como ele havia procurado a paz em todo lugar. “Padre Latimer”, disse ele, “eu fui aos padres, e eles me deram rezas e penitências que só aumentaram minha angústia. Eu suportei o peso do meu pecado até não aguentar mais. E de repente encontrei estas palavras na Bíblia: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal! Então entendi: Ele veio me salvar!”


O relato simples e sincero de Bilney tocou na consciência de Latimer, que finalmente entendeu que Cristo Jesus que veio ao mundo para salvar os pecadores. Ele foi salvo pela graça de Deus, e tornou-se defensor do Evangelho.


Tempos depois ele escreveu: “Pela confissão de Bilney eu aprendi mais do que nos meus vinte anos de estudo”.


Ao ler a Bíblia hoje, na nossa língua materna e no conforto do nosso lar, lembremos de muitos que deram sua vida para que tivéssemos este livre acesso à Palavra inspirada de Deus.



O último título — Meditações 553


“Ora vem, Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém” (Ap 22:20-21).


Apocalipse termina chamando nosso Salvador de “Senhor Jesus … nosso Senhor Jesus Cristo”. É interessante ver que este título — “Senhor Jesus” — aparece aqui pela primeira vez em Apocalipse. Neste livro que destaca de forma impressionante o senhorio dEle (mostrando como Ele derrotará o Dragão e seus demônios, e os reis da Terra e todos os seus exércitos), esperaríamos encontrar muitas ocorrências deste título. Ao invés disto, vemos que Apocalipse o chama mais frequentemente de “Cordeiro”, um animal que é símbolo de fraqueza e submissão, e “Senhor Jesus” só ocorre nos últimos dois versículos do livro! Apocalipse está repleto destes contrastes.


“Senhor Jesus” é um título precioso, que nos lembra do senhorio soberano do humilde Carpinteiro de Nazaré. Lembrando que “ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão pelo Espírito Santo” (I Co 12:3), que prazer repetir este nome! É triste ver que muitos cristãos raramente referem-se ao Senhor desta forma, mas acostumaram-se a chamá-lO usando apenas Seu nome humano, “Jesus”. Por que fazem assim? Convém pensar um pouco sobre isto.


Antes, um alerta: precisamos evitar, a todo custo, estabelecer uma regra legalista, um “chibolete” (Jz 12:6). Não quero (e não posso) condenar qualquer pessoa que somente se refere ao Senhor pelo nome “Jesus”. Mesmo assim, creio que não é um assunto sem importância.


Cresci ouvindo irmãos afirmar que os discípulos nunca chamaram o Senhor de “Jesus” apenas, mas sempre usavam títulos reverentes: “Senhor”, “Mestre”, etc. Uma pesquisa detalhada mostrará que esta afirmação é verdadeira. Das seiscentas e noventa e seis ocorrências do nome “Jesus” sozinho no NT (não “Jesus Cristo”, nem “Cristo Jesus”, nem “Senhor Jesus”), apenas oito são situações em que alguém se dirigiu diretamente a Ele e chamou-O “Jesus”. Estas oito referências descrevem apenas quatro situações:


• O endemoninhado em Cafarnaum (Mc 1:24 e Lc 4:34);

• O endemoninhado gadareno (Mt 8:29; Mc 5:7; Lc 8:28);

• Bartimeu e seu companheiro (Mc 10:47; Lc 18:38);

• Os dez leprosos (Lc 17:13).


Isto é, em toda a Palavra de Deus, existem apenas quatro situações em que alguém O chamou simplesmente de “Jesus”. Duas vezes foram endemoninhados, duas vezes foram enfermos que ainda não O conheciam como Salvador. Não há nenhum exemplo de um discípulo ou apóstolo chamando-O desta forma. E repare que cada um dos quatro caso acima, onde incrédulos ou demônios chamaram-nO “Jesus”, tem algum detalhe que demonstra reverência e respeito. Bartimeu disse: “Jesus, Filho de Davi”; o porta-voz dos dez leprosos disse: “Jesus, Mestre”; o endemoninhado gadareno disse: “Jesus, Filho do Deus Altíssimo” (Mc 5:7); e o endemoninhado em Cafarnaum disse: “Bem sei quem és: o Santo de Deus”!


E as outras seiscentas e oitenta e oito referências? Quatro vezes o Senhor mesmo usa este nome, e as demais são situações em que o texto da Bíblia (644 vezes), ou outra pessoa, refere-se a Ele sem dirigir-se diretamente a Ele. Uma análise cuidadosa destes versículos mostra que este nome é usado quando o Espírito Santo deseja destacar a humanidade do Senhor Jesus, seja nos evangelhos (aproximadamente 90% das ocorrências; 623), ou em Atos (5%; 37) e nas epístolas (5%; 36).


Também é interessante ver que há muitos versículos onde o nome “Jesus”, usado sozinho na narrativa, é seguido de um título mais respeitoso quando alguém fala com Ele. Por exemplo: “E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui” (Mt 17:4); “Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se Tu estivesses aqui …” (Jo 11:21); etc.


Em resumo: o nome “Jesus”, tão precioso aos salvos, nos revela a humanidade do nosso Salvador, e é usado com muita frequência pelo Espírito Santo na Bíblia para nos lembrar que Deus foi manifesto em carne. É um nome sublime. Mas, se quisermos seguir o exemplo dos salvos no NT, será nosso costume chamá-lo de “Senhor Jesus”. Vivemos rodeado de pessoas incrédulas que rejeitam a divindade e o senhorio dEle — é nosso privilégio proclamar estas verdades sempre que pudermos. Será um prazer, não um peso, chamá-lO de “Senhor”!


E que glorioso poder dizer, como João encerra aqui: “Nosso Senhor Jesus Cristo”. Temos um relacionamento pessoal com Ele — somos Seus servos, e Ele é nosso Senhor!


Começamos este pequeno estudo de Apocalipse considerando a expressão: “Revelação de Jesus Cristo”; nada melhor do que encerrá-lo com estas palavras preciosas: “Ora vem, Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.”




Ansiedade — Meditações 554


“Pois Tu livraste a minha alma da morte; não livrarás os meus pés da queda, para andar diante de Deus na luz dos viventes?” (Sl 56:13).


Segundo a medicina, nos últimos anos a quantidade de pessoas com algum tipo de transtorno de ansiedade não para de crescer. Para quem nunca teve este tipo de problema, pode ser difícil perceber a realidade do sofrimento que ele provoca (e esta falta de compreensão é, muitas vezes, mais um fardo a carregar!).


Entre as muitas preocupações que estes transtornos trazem, porém, existe uma que afeta apenas um filho de Deus: o pensamento que, talvez, ele se comporte de forma a desonrar seu Pai. O temor é real: “Será que um dia me encontrarei numa situação em que terei reações (que não conseguirei controlar) que levarão alguém a dizer, sarcasticamente: ‘Uai, cadê o Deus dele? Ele não fala tanto de Deus, de fé, do Céu, da vida eterna … por que esse desespero agora? Por que ele não confia em Deus?’ Será que cometerei tal pecado?”


Não sabemos o que nos espera — mas Deus sabe! E o salvo encontra conforto e alento nas palavras inspiradas do salmista: “Tu … livrarás os meus pés da queda”. Sim, Deus já livrou nossa alma da condenação eterna — Ele também livrará nossos pés de tropeços! Certamente! “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela Sua vida” (Rm 5:10).


Sabemos que se andarmos na nossa própria força, cairemos — mas se reconhecermos nossas limitações, e orarmos a Deus para nos livrar de toda situação onde, potencialmente, poderíamos ser levados a desonrar o Seu nome, Ele nos ouvirá. “Ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6; I Pe 5:5).


“Pois Tu livraste a minha alma da morte; não livrarás os meus pés da queda, para andar diante de Deus na luz dos viventes?”




Ele sabe — Meditações 555


W. W. Fereday, falando sobre o milagre do machado que flutuou (II Reis cap. 6), escreveu: “Para o homem que não conhece a Deus pode parecer infantil incluir, num livro de caráter tão exaltado como a Bíblia, a história de um machado perdido. Mas o fato que ela pode descer até o nível das coisas pequenas, e ainda desvendar temas dos mais elevados, é uma das provas, para o coração que crê, de que a Bíblia realmente veio de Deus. É um fato mui precioso que cada detalhe relacionado com os Seus que estão neste mundo é de grande interesse para aquele com quem temos de tratar.”


Às vezes pensamos tanto na grandeza do poder de Deus que quase perdemos contato com Ele — como se Ele fosse grande demais, e imponente demais, para ter tempo para preocupar-Se com vermes como nós!


Anos atrás, uma queda de energia provocou a perda de algumas horas de serviço. Comentei com um irmão: “Não sei porque Deus permitiu isto, mas algum propósito há.” A resposta dele foi contundente: “Deus não Se preocupa com estas coisas pequenas!”


A resposta, apesar de contundente, estava errada! Deus preocupa-Se até com os pardais e a erva do campo! “Olhai para as aves do Céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em  celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta … Olhai para os lírios  do campo … se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?” (Mt 6:26-30).


Lembre do Salmos 104 (Meditações 122). O Salmista descreve a quantidade imensa de seres vivos que dependem de Deus: o homem, o gado, as aves, a cegonha, as cabras, os coelhos, os animais da selva, os leões, “este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais pequenos e grandes ….” — quantos seres vivos existem na Terra! E todos, diz o salmista, “todos esperam de Ti que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno!” Pense na imensidão desta tarefa diária, que precisa ser exercida de noite e de dia (vs. 20-23), vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana!


Este Salmo nos impressiona com a grandeza do poder de um Criador que sustenta toda a Sua enorme Criação. Mas talvez seja ainda mais precioso perceber que este Criador Onipotente preocupa-Se com a menor das Suas criaturas! 


Que bom pertencer a um Deus que criou todas as coisas! Que bom pertencer a um Deus que preocupa-se com um machado perdido por um servo anônimo!



Eu queria … Meditações 556


“Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como Ele quis” (I Co 12:18).


Reconhecer nosso lugar, e aceitá-lo, é fundamental para sermos felizes e bem sucedidos no serviço de Deus. Recusar a escolha de Deus, e desejar outro serviço, é tão ridículo quanto “um caco entre outros cacos” reclamar da sua forma. “Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes?” (Is 45:9-10).


Em vez de “Eu queria …”, deveríamos orar como nosso Senhor: “Não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mt 26:39).


Não estamos vivos para desejar ser quem não somos, ou estar onde não estamos, mas para fazer aquilo que agrada a Ele, exatamente onde e como estivermos. Nosso “Eu queria …” deveria ser: “Faze-me ouvir a Tua benignidade pela manhã … faze-me saber o caminho que devo seguir … Ensina-me a fazer a Tua vontade” (Sl 143:8-10). [Amy Carmichael — Thou givest, they gather]


“Senhor, que queres que eu faça?” (At 9:6).



Esperar — Meditações 557


O capítulo 40 de Isaías é impressionante. Destaca o poder de Deus usando linguagem poética sublime. Ele termina exaltando a Deus com estas palavras preciosas: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem Se cansa nem Se fatiga? É insondável o seu entendimento.” Um Deus que nunca precisa descansar!


Apesar de tão forte e supremo, este Deus não está distante de nós, pois Isaías continua: “[Ele] Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.” Todo o poder e resistência de Deus podem ser desfrutados pelos Seus. Quando os fortes deste mundo (os “jovens” e os “moços”) se cansarem e fatigarem, os salvos estarão renovando as suas forças, voando alto com águias, correndo sem sentir cansaço ou fadiga! Que maravilha!


Mas por que não sinto isto? Por que tanto cansaço, fadiga, desânimo e tristeza? Deus não está cumprindo esta promessa hoje?


Ah, o problema não está na promessa; está em nós! Lemos os versículos tão rapidamente que pulamos a pequena cláusula condicional: “os que esperam no Senhor”! A promessa é eterna, e não tem prazo de validade — mas tem uma condição. Para desfrutar do poder que vem daquele que nunca Se cansa nem se fatiga, eu preciso esperar nEle!


O que geralmente acontece é que saímos correndo atrás dos nossos sonhos e dos nossos projetos (às vezes, até dando a eles ares de “vontade de Deus”). E Deus não pode nos fortalecer e ajudar se estamos correndo na direção errada! 


Mas quando pararmos, e esperarmos Ele nos revelar o que fazer, então poderemos partir com a certeza de que iremos até o fim!


“Espera, pois, no Senhor” (Sl 27:14).



Verão e inverno — Meditações 558


Lemos de “verão e inverno” (sempre nesta ordem) três vezes no VT:


1) Uma promessa de estabilidade: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão” (Gn 8:22).


2) O poder que controla as estações: “Estabeleceste todos os limites da Terra; verão e inverno, Tu os formaste” (Sl 74:17).


3) Uma perspectiva gloriosa: “Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isto” (Zc 14:8).


Os alarmistas de plantão hoje em dia avisam, em alto e estridente som, que o clima está tão abalado que chegamos ao fim da vida útil do nosso planeta — não há mais esperança!


Mas não é assim. Mesmo reconhecendo que nós (a humanidade) estamos tratando muito mal o planeta onde vivemos, e sofrendo as consequências deste abuso ganancioso e irresponsável, a promessa das Escrituras é muito clara: até o fim do Milênio (“enquanto a Terra durar”), não deixará de haver verão e inverno (Gn 8:22)! Quem promete isto é o mesmo Deus que criou o verão e o inverno (Sl 74:17)! Foi invenção dEle, obra do Seu dedo! E Ele deixará o homem destruir isto? Jamais! Mesmo depois dos dias terríveis da Tribulação, quando a ira de Deus chacoalhar este nosso planeta de forma assustadoramente terrível, Deus ainda restaurará a ordem natural, e durante todo o Milênio haverá verão e inverno (Zc 14:8).


Ou seja: que possamos nos preocupar em interagir bem com a natureza, mas nada de pânico — o Senhor está em controle!


“O Senhor reina; regozije-se a Terra” (Sl 97:1).



Enfermidade minha — Meditações 559


No meio do Salmo 77, Asafe exclama: “E eu disse: Isto é enfermidade minha!” (v. 10).


Nos versículos anteriores, ele esteve questionando a fidelidade de Deus. Será que o Senhor nos rejeitou para sempre? Ele não vai mais ser favorável para conosco? (v. 7) A benignidade dEle, e Suas promessas, acabaram-se? (v. 8) Esqueceu-Se Deus de ter misericórdia? Na Sua ira, reprimiu Ele Sua misericórdia? (v. 9).


E então encontramos a exclamação destacada no início: “Isto é enfermidade minha!” É como se ele dissesse: “Não, não é Deus quem esqueceu-Se — eu é que pensei loucura! Não é Deus quem deixou de cumprir Suas promessas. Isto não tem nada a ver com Deus — isto é fraqueza minha!”


Que possamos aprender com Asafe a não culpar o Senhor pelas nossas fraquezas! “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados” (Lm 3:39).



Os sofrimentos de Cristo em I Pedro — Meditações 560


O assunto de sofrimento e perseguição é tão recorrente na primeira epístola de Pedro que esta carta já foi chamada de “uma obra-prima de literatura sobre perseguição” (S. Fellowes, Precious Seed).


Já na introdução lemos do “sangue de Jesus Cristo” (1:2), e da “ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1:3), e aprendemos que os sofrimentos de Cristo eram conhecidos desde o tempo do Velho Testamento: “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que  profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo, ou que ocasião de tempo, o Espírito de Cristo, que  estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que  a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir” (I Pe 1:10-11).


Incontáveis vezes já temos sido animados por este princípio espiritual: “a glória que se lhes havia de seguir”. Sofrimentos há, mas a glória que vem depois é garantida (“Se sofrermos, também com Ele reinaremos”; II Tm 2:12).


Mas quero pensar hoje no fato que os sofrimentos de Cristo foram anteriormente testificados! Em outras palavras, muito antes do Senhor vir a este mundo, Deus já revelou pelos Seus profetas que Ele sofreria. Os profetas indagavam e inquiriam diligentemente (como traduz a Atualizada) os seus próprios escritos, pois não entendiam como seriam cumpridos os detalhes de muito que escreveram! Foi revelado que Ele seria traído por um amigo (1) por 30 moedas de prata (2); que Seus discípulos O abandonariam (3); que Ele seria açoitado (4), cuspido (5), tendo as mãos e os pés traspassados (6); que seria crucificado com malfeitores (7) e teria Seu lado traspassado (8); e muitos outros detalhes.


Que impressionante pensar que tantos detalhes foram revelados no Velho Testamento — como vimos na Meditação 141, é impossível isto ser mera coincidência. Mais impressionante é saber que quando o Senhor Jesus deixou a glória dos Céus para vir a este mundo, não foi sob a ilusão de que seria bem-recebido aqui, e que não haveria sofrimento! Ele veio para morrer, sabendo de tudo que estava incluído nisto.


Na noite da traição, vieram “Judas … e oficiais dos principais sacerdotes  e fariseus … com lanternas, e archotes e armas” (Jo 18:3). Suas lanternas (tochas de fogo para iluminar) e archotes (lamparinas à óleo) não podiam penetrar nas trevas malignas que cobriam o Getsêmani aquela noite. Porém, em contraste absoluto com a escuridão e ignorância do jardim, lemos: “Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-Se, e disse-lhes: A quem buscais? … Sou Eu!” (Jo 18:4-5).


Ah, irmãos, Ele sabia tudo que sofreria! Nenhum detalhe lhe era oculto! E mesmo assim — mesmo “sabendo todas as coisas que sobre Ele haviam de vir” — Ele não hesitou nem Se omitiu, mas foi resoluto e submisso até o fim!


Lembremos que os sofrimentos de Cristo foram anteriormente testificados, e adoremos a este Salvador que tudo suportou por nós.


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Referências:

1) Sl 41:9; Jo 13:18; Mt 26:47-50;

2) Zc 11:12; Mt 26:14-15;

3) Zc 13:7; Mc 14:27;

4) Is 50:6; Sl 129:3; Mt 27:26;

5) Is 50:6; Mc 15:19;

6) Sl 22:16; Jo 20:25;

7) Is 53:9; Mt 27:38;

8) Zc 12:10; Jo 19:34, 37;




O milagre da salvação — Meditações 561

25/10/2021


Ouvi uma pregação gravada do irmão J Flanigan (já falecido) em que ele conta uma história muito interessante.


Ele pregava  o Evangelho numa das muitas igrejas locais existentes em Belfast. Um marinheiro africano, cujo navio estava ancorado no porto, foi convidado a assistir a reunião. Aceitou, ouviu, creu no Senhor Jesus e foi salvo.


Após o término da reunião, ele contou sua história. Anos atrás, na sua terra natal, ele parara à sombra de uma árvore para ouvir um missionário europeu pregando ao ar livre. Ele ouviu sobre João Batista, e como ele anunciou a vinda de alguém mais sublime e exaltado do que ele, cujas sandálias João não se considerava digno de desatar.


Mas nesta altura da mensagem alguém o chamou, e ele partiu sem ouvir o fim da história. Por muito tempo, viajando pelo mundo afora, ele ficou curioso em saber se “o mais sublime que João” havia vindo ou não, e qual seria o resultado da Sua vinda.


Ele disse ao irmão Flanigan: “Hoje eu aprendi que Ele veio, e que Ele morreu por mim!”


Nunca se soube quem foi o pregador anônimo que lançou a semente no coração do marinheiro — semente que frutificou anos depois, em outro continente! E o pregador certamente nunca soube do resultado da sua pregação ao ar livre.


Quanta coisa este episódio ilustra! A importância de semear sempre (“Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas”; Ec 11:6); a forma tão misteriosa como Deus age na salvação de almas (“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”; Jo 3:8), e a verdade ilustrada também em Cornélio (Atos 10) e tantos outros: toda alma sedenta será conduzida pelo Senhor até as águas da salvação! Talvez não hoje; talvez não neste continente; mas o Bom Pastor não desiste até encontrar a ovelha perdida!


Animemo-nos na pregação do Evangelho — seja por folhetos, pelo testemunho, por qualquer meio viável! E deixemos os resultados nas mãos sábias, compassivas e onipotentes de Deus.




© 2021 W. J. Watterson

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Dois detalhes sobre Isaías 53

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