Thursday, 30 May 2013

A Still, Small Voice

Based on I Kings 19:11-18

The wind swooped down on aching wings,
Spreading forth its ageless fears,
Grasping rocks as one who clings
To hopeless dreams of bygone years;
    Anguished, screaming wind…
    But God was not in the wind.

And then an angry, swelling roar;
The Earth was trembling, raging
Like a stallion who no more
Can call the winds and take them racing;
    I felt my strength begin to shake,
    But God was not in the earthquake.

A fire next, burning hot,
Strong and proud as one who claims
To know each person’s hope and lot,
Spitting out its stubborn flames,
    Reaching up, higher and higher…
    But God was not in the fire.

And then a still, small voice;
“What doest thou here?” “I, Lord…”
“No, Elijah” (still a gentle voice!)
“I; I have kept my faithful word,
    Not by might, nor by power,
    But by My Spirit
. That is power!

Oh, Lord! How often do we scream,
And strain, and burn with human power;
Our lives, at times, would scarcely seem
To be depending on Thy power.
    Teach us, Lord, to cease our noise,
    And hear thy still and gentle voice.


© W. J. Watterson — 08/94

Wednesday, 29 May 2013

Tomé

Leia antes João 20:24-29



Disseram que viram meu Senhor [Jo 20:25]
Ah, como eu queria crer!
Mas ainda sinto forte a dor
De vê-Lo tanto ali sofrer [Lc 23:49]
    Naquela cruz.

Não pode ser; é um pesadelo!
Ainda me lembro dos gestos Seus,
E de como vim a conhecê-Lo;
Estar com Ele era estar com Deus
    Aqui na Terra.

Quanta coisa Ele nos ensinou!
Algumas vezes censurou-nos,
Mas a lição suprema que ficou
Foi o quanto Ele amou-nos [Jo 13:1]
    (Mesmo a mim!)

Como os demônios O temiam! [Mc 1:27, etc.]
E os doentes, vinham de todo canto. [Mc 1:32, etc.]
Até o vento e o mar Lhe obedeciam! [Mc 4:35-41]
(Quão grande foi o nosso espanto
    Aquela noite!)

Ah, como eu O amava…
Estava pronto a morrer por Ele, [Jo 11:16]
E mesmo enquanto O abandonava, [Mc 14:50]
Lá no jardim, queria estar com Ele.
    (Apesar do medo.)

Não é possível; é um pesadelo!
Ele não podia morrer! Não podia!
Ainda ouço o golpe seco do martelo, [Mt 27:35]
A zombaria imunda que dizia:
    “Desça da cruz!” [Mt 27:40]

Eu O vi morrer! Sim, eu vi! [Lc 23:49]
Eu ainda Te amo, Senhor,
Mas eu Te vi morrer! Eu vi!
E nem o tempo apagará a dor
    Que me oprime.

Disseram que viram meu Senhor…
Mas se eu não sentir o sinal dos cravos,
Sinais da Sua horrível dor;
Se não puser a mão no Seu lado
    Não crerei. [Jo 20:25]

Mas o que é isto? “Paz seja convosco [Jo 20:26]
É o meu Senhor! O mesmo que morreu!
Vejo Suas mãos, Seu lado, Seu rosto!
É o meu Deus! “Senhor meu, [Jo 20:28]
E Deus meu!

© W. J. Watterson — 10/05/2001

Monday, 27 May 2013

Perdão

Como dói ser traído por um irmão!
Parece, até, que a luz do Sol se esconde,
Que a Lua chama as estrelas a brilhar
Mas nenhuma delas responde…

Mas não revides; ora pelo teu irmão,
E deixa Deus julgar seus atos.
Só Ele vê o coração,
Só Ele sabe bem os fatos.

Se Ele vir o teu amor,
O teu perdão de coração,
Conhecerás o Seu amor,
Terás de Deus consolação —
E tudo, então, estará em paz…




© W. J. Watterson — 20/04/2003

Sunday, 26 May 2013

Guilherme Maxwell



“... hoje caiu em Israel um príncipe e um grande” (II Sm 3:38). Um pequeno tributo ao meu avô, falecido em Agosto de 2005; ele teria completado 96 anos em Dezembro daquele ano.





Deixou família e pátria, movido pelo amor;
Viveu em terra estranha, servindo ao seu Senhor;
Amava a cruz de Cristo, amava o Salvador;
Cuidava das ovelhas — um terno e bom pastor.
    Quantos exemplos!

Sua mala está desfeita*, findou-se toda a dor;
Ressoam lá na glória seus hinos de louvor;
Com gozo indescritível, sem medo ou dissabor,
Contempla a face santa do amado Salvador;
    Quanta alegria!

E nós, aqui na Terra, movidos pelo amor,
O seu lugar tomemos — sirvamos seu Senhor!
Que seu exemplo ilustre de amor ao Salvador
Nos torne corajosos até o Sol se por;
    Mas, ah! Senhor! Quantas saudades ...


© W. J. Watterson — 16/09/2005

* Durante a última década da sua vida, o Sr. Guilherme constantemente dizia que sua mala estava pronta para ir ao Céu. Hoje ele está lá, e sua mala, pronta durante tantos anos, já foi desfeita.

A espada embainhada

Louvemos ao servo fiel,
Que tinha espada mas não lutou;
Como o Senhor que, contra ódio cruel,
Suas legiões não chamou.

A espada embainhada maior mérito pode indicar
Do que daquele que luta com ferocidade;
“Melhor”, está escrito, “o ânimo controlar
Do que tomar uma cidade”.

Tua força é tua fraqueza, se abusá-la;
Tua coragem, covardia, se não domada;
Ter força para derrubar, e não usá-la,
É ter força duplicada!


Traduzido de “The undrawn sword”, de James M. S. Tait (do livro "Bells & Pomegranates")
© W. J. Watterson — 2009

Thursday, 21 February 2013

Problemas com números em Números (ii)

(Se desejar, leia a parte um)

A questão do número dos Levitas

Em Nm 3:39 lemos: “Todos os que foram contados dos levitas … todo o homem de um mês para cima, foram vinte e dois mil”. Há um pouco de dificuldade para entender este número, pois ele não concorda com os números das famílias dos Levitas dados nos vs. 22, 28 e 34 do mesmo capítulo. Se a família de Gérson teve sete mil e quinhentos contados, a família de Coate oito mil e seiscentos, e a de Merari seis mil e duzentos, o total deveria ser vinte dois mil e trezentos, e não vinte e dois mil. Por que a diferença?

Alguns sugerem que o valor de vinte e dois mil foi arredondado — mas o contexto não confirma isso. O v. 46 claramente afirma que o número dos primogênitos em Israel (que foi vinte e dois mil e duzentos e setenta e três) superou o número dos levitas em duzentos e setenta e três — essa diferença detalhada (duzentos e setenta e três) deixa claro que a contagem de vinte e dois mil é exata, e não arredondada.

Outros sugerem que houve um erro dos escribas que copiavam as Escrituras, e que o valor original dos Coatitas era realmente oito mil e trezentos, pois seria fácil confundir “três” com “seis” no Hebraico (veja ilustrações no final deste artigo). Mas é difícil imaginar que, com o zelo e cuidado que tinham ao copiar as Escrituras, os judeus teriam deixado de perceber uma contradição entre duas contagens na mesma páginas das Escrituras.

Prefiro a sugestão dada pelos antigos Rabinos, mencionada por Gill. No tratado Bekoroth  do Talmude (“Primogênitos” — Para ler esta citação online, procure “Bechoroth 5a” neste link), lemos de um general romano perguntando ao Rabino Johanan ben Zakai (30-90 a.D.): “No relato detalhado da numeração dos Levitas, encontramos que o total é vinte e dois mil e trezentos, mas na soma total só encontramos vinte e dois mil. Onde estão os trezentos?” A resposta do Rabino foi: “Os trezentos eram primogênitos, e um primogênito não pode redimir outro primogênito”. Uma sugestão simples, lógica e provável. A soma de todos os Levitas de um mês para cima foi feita para redimir os primogênitos das demais tribos de Israel. Todos estes Levitas somaram vinte e dois mil e trezentos, mas trezentos deles seriam, eles próprios, primogênitos, e “um primogênito não pode redimir outro primogênito”; portanto eles não são considerados na contagem total apresentada no v. 39.

É fácil verificar se esta sugestão faz sentido verificando se a proporção de primogênitos na tribo de Levi (trezentos) corresponde à proporção de primogênitos nas demais tribos de Israel. Ora, se havia vinte e dois mil e trezentos Levitas homens de um mês para cima, e trezentos destes eram primogênitos, então havia um primogênito para cada setenta e quatro homens, aproximadamente; e se havia vinte e dois mil e duzentos e setenta e três primogênitos nas demais tribos de Israel, aplicando a mesma relação (1/74) descobriremos que haveria quase um milhão e seiscentos e cinquenta mil homens (22.273 * 74 = 1.648.202) de um mês para cima nas demais tribos de Israel. Esse número faz sentido, pois lemos que havia seiscentos e um mil, quinhentos e cinquenta homens de vinte anos para cima em Israel. Estes números são, obviamente, apenas estimativas.

Resta um detalhe: se alguém acha que uma proporção de 1/74 é muito elevada para este contexto, devemos lembrar que a finalidade deste censo foi o resgate dos primogênitos, e é bem possível que foram contados apenas os primogênitos que nasceram após o Êxodo (pois os demais já haviam sido resgatados na primeira Páscoa). Contando todos os primogênitos em Israel, incluindo adultos, a proporção seria bem menor.
"Três" em Hebraico
"Seis" em Hebraico


© W. J. Watterson

Friday, 15 February 2013

O poema da aliança Davídica

”Querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do Seu conselho aos herdeiros da promessa, Se interpôs com juramento” (Hb 6:17).

Em cinco ocasiões na história da humanidade, Deus “Se interpôs com juramento”, firmando uma aliança com os homens: com Noé (Gn 9), com Abraão (Gn 15, etc.), com Moisés (Êx 19, etc.), com Davi (II Sm 23, etc.), e a nova aliança feita por intermédio de Cristo (Jr 31, etc.).

Na aliança feita com Davi, em que promete um Príncipe para reinar em justiça, Deus inspirou Davi para escrever um poema apresentando a aliança. Abaixo, procuro demonstrar como deve ter sido a divisão em versos e estrofes do poema encontrado em II Samuel cap. 23.

1ª estrofe: o escritor do poema

Diz Davi, filho de Jessé,
    E diz o homem que foi levantado em altura,
O ungido do Deus de Jacó,
    E o suave em salmos de Israel.

2ª estrofe: o verdadeiro Autor do poema

O Espírito do Senhor falou por mim,
    E a Sua palavra está na minha boca.
Disse o Deus de Israel,
    A Rocha de Israel a mim me falou:

3ª estrofe: o Justo Rei

Haverá um justo que domine sobre os homens,
Que domine no temor de Deus.

4ª estrofe: o brilho do Seu reino

E será como a luz da manhã,
    Quando sai o Sol,
Da manhã sem nuvens,
    Quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.

5ª estrofe: a certeza desta aliança

Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus,
    Contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna,
        Que em tudo será bem ordenada e guardada,
    Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nEle,
Apesar de que ainda não o faz brotar.

6ª estrofe: o destino dos inimigos do Rei

Porém os filhos de Belial todos serão como os espinhos que se lançam fora,
    Porque não podem ser tocados com a mão.
    Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança;
E a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.”

Algumas explicações

Repare que as primeiro quatro estrofes são compostas de afirmações paralelas, em que cada verso é seguido por outro que expande a ideia apresentada no primeiro. É possível considerar cada um desses pares como um verso (assim as estrofes 1, 2 e 4 teriam apenas dois versos, e a estrofe 3 apenas um verso).

As últimas duas estrofes do poema estão na forma de quiasma. Na quinta estrofe, o primeiro e o último verso repetem a idéia de “ainda”, o segundo e o quarto verso falam do relacionamento entre Deus e Davi (Deus deu a Davi uma aliança eterna; Davi coloca em Deus toda a sua confiança e alegria), e o centro do quiasma é afirmação preciosa de que a aliança será ordenada e guardada. Na sexta estrofe, o primeiro e o último verso falam do destino dos filhos de Belial, enquanto que o segundo e o terceiro versos falam de tocar nestes filhos de Belial.

Graças sejam dadas a Deus pela promessa de que “haverá um Justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus”, e que esta promessa será bem ordenada e guardada. Aguardamos o dia quando “aparecerá no Céu o sinal do Filho do Homem … vindo sobre as nuvens do Céu, com poder e grande glória” (Mt 24:30) para estabelecer Seu reino milenar.

© W. J. Watterson

Tuesday, 15 January 2013

O Contrato do Casamento

Pesquisando sobre alianças em geral (e o casamento em particular), achei  um artigo no blog do Stephen Kanitz que mostra uma visão secular interessante sobre o casamento. Recomendo a leitura:

O Contrato de Casamento




© W. J. Watterson

Monday, 7 January 2013

O que creio sobre a Trindade

A doutrina da Trindade é grande demais para nossas mentes finitas. Creio em um Deus, mas creio que este um Deus é três Pessoas Divinas. Aceito pela fé aquilo que a Palavra de Deus apresenta. Resumidamente, destaco três coisas sobre a Trindade:

  • a) Individualidade eterna — sempre houve três Pessoas. Deus sempre foi Triúno; nunca houve uma ocasião quando a Trindade resolveu se “desmembrar” em três Pessoas, ou algo parecido com isso.
  • b) Identidade eterna — estas três Pessoas sempre foram o Pai, o Filho e o Espírito Santo: o Pai é eternamente Pai, o Filho é eternamente Filho, e o Espírito Santo é eternamente Espírito. Alguns ensinam que o Senhor Se tornou o Filho de Deus quando foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria; mas a Bíblia ensina que Jesus Cristo é o Eterno Filho de Deus
  • c) Inter-relacionamentos eternos — estas três Pessoas sempre viveram em perfeito amor. Um amor verdadeiro precisa de três elementos: aquele que ama (a fonte), aquele que é amado (o alvo), e a forma de expressar este amor (o meio). Na Trindade, Deus o Pai é a fonte do amor divino, o Filho é o alvo, e o Espírito é o meio. Durante os tempos eternos sempre foi assim. Não devemos pensar, por um minuto sequer, que Deus sentiu-Se só na Sua divindade, e precisou criar o Universo para ter com que Se ocupar. Tal pensamento é, na verdade, blasfêmia — Deus “cumpre tudo em todos”, Deus é absoluto na Sua divindade, e goza de alegria perfeita consigo mesmo. Se o mundo nunca tivesse sido fundado, Deus continuaria existindo em perfeita satisfação, o Pai eternamente satisfeito em amar o Filho, o Espírito eternamente satisfeito em transmitir este amor, e o Filho eternamente satisfeito em receber tal amor.
Se tentarmos aplicar a lógica humana a esta verdade infinita, entraremos em contradição. Se esquecermos da individualidade e identidade eterna do Pai, do Filho e do Espírito Santo, acabaremos por confundir as Pessoas e Suas obras, e podemos cair em um dos erros abaixo:

  • a) Achar que cada Pessoa da Trindade é um terço de Deus. Não é. O Pai é Deus em toda a Sua essência, o Filho é Deus em toda a Sua essência, o Espírito Santo é Deus em toda a Sua essência.
  • b) Confundir as Suas responsabilidades, e achar que todos fazem as mesmas coisas. O Pai não é o Filho, o Filho não é o Espírito Santo, o Espírito Santo não é o Pai. É errado afirmar que o Pai morreu na cruz, ou orar ao Espírito Santo, e confusões semelhantes a estas.

Não podemos tentar fragmentar a Trindade, como se cada Pessoa divina fosse incompleta por Si só. Por outro lado, não podemos tentar misturar a Trindade, como se cada Pessoa divina não tivesse a Sua responsabilidade específica na obra da redenção.

Escrevi resumidamente, sem entrar em detalhes e sem tentar provar biblicamente o que afirmei. Escrevi para expor o que creio, não para ensinar ou convencer. Nos comentários, porém, terei prazer em tentar responder a qualquer dúvida que for levantada. Devido à complexidade do assunto, e à minha limitação, as respostas podem demorar um pouco para chegarem, mas comprometo-me a tentar responder qualquer questão que for proposta.

© W. J. Watterson

Sunday, 29 July 2012

Problemas com números em Números (i)

O livro de Números apresenta alguns números que são contestados por aqueles que não aceitam a inspiração plena e verbal das Escrituras. As dúvidas dos céticos, porém, podem ser satisfatoriamente respondidas com um pouco de pesquisa e atenção aos detalhes.

Como exemplo, considere a questão do crescimento populacional de Israel durante sua jornada no Egito.

Crescimento impressionante, mas não impossível

Para muitos, parece impossível que a família de Israel pudesse passar apenas duzentos e quinze anos no Egito e, ao final deste período, já ser uma grande nação, possivelmente com mais de dois milhões de pessoas. Parece muito pouco tempo para tanto crescimento. Muitos acusam os judeus de inflacionar absurdamente os dados dos censos apresentados no livro de Números para dar a impressão de serem muito mais numerosos do que realmente eram. Os números destes censos, dizem eles, são fantasiosos e contraditórios.

Mas um exame cuidadoso dos dados mostra que os dados dos censos concordam perfeitamente com os conhecimentos sobre crescimento populacional que temos hoje em dia. Os fatos apresentados na Bíblia são os seguintes:

• Quando Jacó desceu ao Egito, duzentos e quinze anos antes do Êxodo, ele desceu com setenta e cinco pessoas (At 7:14).

• Duzentos e quinze anos depois, no censo registrado em Números cap. 1, a população total de Israel é estimada em dois milhões de pessoas ou mais (foram contados somente os homens com mais de vinte anos, que somaram seiscentos e três mil, quinhentos e cinquenta; incluindo as mulheres e crianças, podemos estimar o número acima).

• Trinta e oito anos depois, no segundo censo, a população total de Israel (estimada) praticamente não mudou; houve um pequeno declínio no número total de soldados, caindo para seiscentos e um mil, setecentos e trinta (um declínio de aproximadamente 0,15%).

Os céticos dizem: “O crescimento inicial, de setenta e cinco para dois milhões ou mais em duzentos e quinze anos, é impossível. E se houve um crescimento tão espantoso no início, por que houve declínio nos próximos trinta e oito anos?”

A segunda pergunta é facilmente respondida quando lembramos que durante a travessia do deserto Deus estava eliminando uma geração inteira de Israel (Nm 32:13). Aqueles anos no deserto foram atípicos, e a disciplina de Deus explica porque a população total de Israel permaneceu quase a mesma. Muitas crianças nasceram durante aquele período, mas todos os seiscentos e três mil, quinhentos e cinquenta soldados contados no primeiro censo morreram durante aquela peregrinação no deserto (a não ser Josué e Calebe).

A primeira pergunta, porém, exige uma consideração mais detalhada. Será que o crescimento mencionado na Bíblia é realmente tão espantoso, incompatível com as taxas médias de crescimento anual conhecidas hoje em dia?

A resposta é fácil de ser encontrada: basta descobrir qual a taxa média de crescimento anual que satisfaz a multiplicação vista nos duzentos e quinze anos em que Israel ficou no Egito, e comparar esta taxa com as taxas médias de crescimento anual modernas. Apresentarei dois cálculos diferentes:

• Primeiro, tomaremos como universo toda a nação de Israel. Este primeiro cálculo não será muito preciso, pois usaremos valores estimados para a populações inicial e final. A população inicial inclui os setenta descendentes de Jacó mencionados em Gn 46:27, mais as doze noras de Jacó, além de Tamar (nora de Judá; Gn 38:6) e as esposas de Perez e Berias, netos de Jacó que já tinham filhos — uma população de pelos menos oitenta e cinco pessoas (talvez mais, se outros netos de Jacó já tivessem esposas). A população final será estimada em três milhões de pessoas (Uma estimativa alta; mas é melhor aumentar do que diminuir a estimativa, para não sermos acusados de facilitar as coisas).

• Em seguida, tomaremos como universo os filhos de Levi. Este cálculo será mais preciso, pois no primeiro censo do livro de Números os filhos de Levi, diferentemente das outras tribos, foram contados “todo o homem da idade de um mês para cima”, e não de vinte anos para cima. Assim tomaremos como população inicial quatro pessoas — Levi e seus três filhos, todos homens — e como população final, vinte e dois mil e trezentos homens (veja Números cap. 3). Assim não precisamos fazer nenhuma estimativa; tanto a população inicial quanto a final incluem apenas os homens membros da família de Levi.

A fórmula que usaremos para estes cálculos é a fórmula usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): a taxa média geométrica de crescimento anual duma população é igual à raiz enésima do resultado da divisão da população final pela população inicial, sendo “n” o número de anos entre estas datas.

Aplicando esta fórmula [veja nota no final] ao primeiro universo mencionado acima, descobriremos que a taxa média de crescimento anual que leva uma população de oitenta e cinco pessoas a se transformar numa população de três milhões em duzentos e quinze anos, é um pouco menor do que 5% (4,99101%). Aplicando a mesma fórmula ao segundo universo, veremos que a taxa média de crescimento anual que leva uma população de quatro pessoas a se transformar numa população de vinte e dois mil e trezentos em duzentos e quinze anos, é um pouco mais do que 4% (4,0937%). Ou seja, os dois cálculos diferentes apresentam resultados muito parecidos, e podemos então afirmar que a taxa média de crescimento anual do povo de Israel durante sua estada no Egito foi menor do que 5%.

Resta saber como esta taxa se compara com o que é conhecido hoje em dia. Uma consulta ao site do IBGE mostrará que a média para o Brasil desde 1960 variou de 2,99% até 1,64%, mas que vários estados do Brasil tiveram taxas anuais muito acima dos 5% que vimos em Israel durante sua estada no Egito. Das cento e cinquenta e nove taxas registradas na tabela do IBGE, trinta e quatro estão acima de 4% (até ao extremos de 16,03%). Ou seja, se lembrarmos que a Bíblia afirma que os filhos de Israel, no Egito, “frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles” (Êx 1:7), não deveríamos nos surpreender com uma taxa média de crescimento anual em torno de 4 ou 5%. Os dados apresentados na Palavra de Deus indicam um crescimento impressionante, mas comparável com taxas médias de crescimento anual vistas hoje em diversas partes do mundo.

Para aqueles que não entendem fórmulas matemáticas, ou duvidam dos resultados delas, um simples cálculo mostrará que os dados populacionais que a Bíblia apresenta para a estada de Israel no Egito não são nem um pouco extravagantes. Basta calcular qual seria o número máximo de filhos que cada geração poderia ter. De acordo com Gn 15:16, Israel saiu do Egito na quarta geração. A família de Finéias ilustra isto: Levi e seu filho Coate desceram ao Egito com Jacó; Anrão fazia parte da primeira geração nascida no Egito, Arão da segunda, Eleazar da terceira, e Finéias da quarta (Êx 6:16-25). A Bíblia menciona o nome de alguns dos filhos de cada uma destas famílias — mas qual poderia ter sido o número máximo possível de filhos de cada família dessas quatro gerações? Comece com Coate, filho de Levi, e imagine (seguindo um exemplo conhecido) que ele poderia ter tido até trinta filhos, como teve Jair (Jz 10:4; se este número parece exagerado, lembre que Gideão teve setenta e um, Jz 8:30-31). Na geração seguinte, a geração de Anrão, cada um destes trinta poderia ter tido mais trinta, chegando a novecentos. Na geração seguinte, a de Arão, cada um destes novecentos poderia ter tido mais trinta, chegando assim a vinte e sete mil. Na próxima geração, a de Eleazar, cada um desses vinte e sete mil poderia ter tido outros trinta, chegando assim a oitocentos e dez mil.

Assim vemos que é perfeitamente possível que, durante duzentos e quinze anos e quatro gerações, uma família crescesse ao ponto de numerar oitocentos e dez mil membros. É um crescimento exagerado, pois poucos teriam tantos filhos quanto Jair teve; mas é um crescimento possível. E repare que os censos em Números indicam que o crescimento real de Israel durante este período foi muito, muito menor do que este que calculamos. A família de Coate não cresceu até o número impressionante de oitocentos e dez mil membros; após o Êxodo, eles tinham somente oito mil e seiscentos membros (Nm 3:27-28), quase cem vezes menor do que o número que calculamos acima! Além disto, eles eram a maior família dos filhos de Levi; as famílias de Gérson (sete mil e quinhentos) e de Merari (seis mil e duzentos) eram ainda menores!

Em suma: os dados apresentados em Números parecem exagerados à primeira vista. Mas quando começamos a estudar a maneira como as populações crescem até o dia de hoje, descobrimos que a taxa média de crescimento anual de Israel naquele período ficou abaixo de 5% — mais do que três vezes menor do que a taxa média de crescimento anual da população de Rondônia durante o período 1970-1980, por exemplo. Além disto, quando tentamos calcular qual poderia ter sido o crescimento máximo populacional em termos absolutos (usando como base o exemplo de Jair e seus trinta filhos), percebemos que a multiplicação dos filhos de Israel foi quase cem vezes menor do que nossa estimativa! Sem dúvida, cresceram muito; mas, igualmente sem dúvida, não há nada de impossível, fantasioso ou improvável no crescimento de Israel mencionado em Números. Podemos aceitar os dados mencionados na Bíblia sem qualquer receio.

Nota

Há uma calculadora online que calcula a população final, dados o período de tempo, a população inicial e a taxa de crescimento (na forma de porcentagem expressa como fração). No link a seguir, entre com zero para a data inicial (Starting Year), 215 para a data final (Ending Year), 85 para a população inicial (Starting Population), e brinque com os valores relativos à taxa média de crescimento anual (lembrando de inserir a taxa como uma fração: 0.05 equivale a 5%, 0.06 equivale a 6%, etc.). Link.


© W. J. Watterson

Sunday, 13 May 2012

O único Deus sábio

Três vezes na Bíblia Deus é chamado “único Deus sábio” (estou seguindo o texto da versão da Sociedade Bíblica Trinitariana; outras versões omitem a palavra “sábio” em alguns dos versículos citados). Estas três referências formam um quiasma:

A. Rm 16:25-27: Glória ao único Deus sábio, que é poderoso para nos confirmar;

    B. I Tm 1:17: Glória ao único Deus sábio;

A. Judas vs. 24-25: Glória ao único Deus sábio, que é poderoso para nos guardar.

Há uma progressão bem clara nestas três referências:

i) A Deus é dada “glória” em Romanos, “honra e glória” em I Timóteo, “glória e majestade, domínio e poder” em Judas;

ii) Este louvor a Deus é, literalmente, “pelos séculos” em Romanos, “pelos séculos dos séculos” em I Timóteo, e “agora, e por todos os séculos” em Judas.

Que nós possamos, hoje, render louvor, glória, honra, majestade, domínio e poder ao único Deus sábio, por todos os séculos. Amém.

© W. J. Watterson

The only wise God

Three times in the Bible God is called "the only wise God", forming a little chiasmus:

A. Rom 16:25-27: Glory to the only wise God, who is powerful to stablish (confirm) us;

     B. I Tim 1:17: Glory to the only wise God;

A. Jude vs. 24-25: Glory to the only wise God, who is powerful to keep us.

There is definite progression in these three references:

i) To God is ascribed "glory" in Romans, "honour and glory" in I Timothy, "glory and majesty, dominion and power" in Jude;

ii) This praise to God is, literally, "unto the ages" in Romans, unto "the ages of the ages" in I Timothy, and "now, and unto all the ages" in Jude.

May we render praise, glory and honour, majesty, dominion and power to the only wise God, now, and unto all the ages. Amen.

Wednesday, 18 April 2012

Which side is your heart?

Right, left, or centre?

I don’t care what the anatomists will say about the position of my heart; all I ask of the Lord is that my heart might be at my right hand, for “a wise man’s heart is at his right hand; but a fool’s heart at his left” (Ec 10:2).

May I realize the importance of my heart, and keep it with all diligence (Pr 4:23), giving it the place of honour, power and exaltation. Even if I lose health, wealth, friends and life, may I be found with my heart at my right hand.

De que lado está seu coração?

À direita ou à esquerda? Ou no centro?

Não me importa o que dizem os anatomistas; só peço ao Senhor que meu coração esteja à minha mão direita, pois “o coração do sábio está à sua direita, mas o coração do tolo está à sua esquerda” (Ec 10:2).

Que eu possa reconhecer a importância do meu coração, e guardá-lo acima de tudo (Pr 4:23), dando-lhe o lugar de honra, poder e exaltação. Mesmo que venha a perder saúde, riquezas, amigos, e até a vida, que eu seja encontrado guardando meu coração à minha mão direita.

© W. J. Watterson

Thursday, 10 November 2011

Loved, and gave Himself

To wrap up this little trilogy on the love of our Lord (see posts one and two), consider the only three times in the NT that we read of His love linked to the phrase “and gave Himself”:

  • In Ephesians 5:25 we read that He “loved the Church, and gave Himself for it”. His Bride and Body, bought with His life.
  • But His love was not just toward a collective entity; He also loved the individual believers that make up that Church. In v. 2 of the same chapter we read: “Christ also hath loved us, and hath given Himself for us”.
  • Ah, but read this: “The Son of God, who loved me, and gave Himself for me” (Galatians 2:20)! Can you get closer to the heart of God than that? Can you find a more amazing truth in the whole Universe?

It is glorious to think of His sacrificial love for His Bride, and precious to think that that love reached out to each individual in that Church. But my heart thrills with these precious, powerful, and personal words: He (the Son of God) loved me (poor, worthless me), and gave Himself for me!

The old hymn captures the sentiment beautifully:

Was it for me, for me alone,
The Saviour left His glorious throne,
The dazzling splendours of the sky?
Was it for me He came to die?

It was for me, yes, all for me,
O love of God, so great, so free,
O wondrous love, I'll shout and sing,
He died for me, my Lord and King!

Was it for me, sweet angel strains
Came floating o'er Judea's plains
That starlit night so long ago?
Was it for me God planned it so?

Was it for me the Saviour said:
"Pillow thy weary, aching head
Trustingly on thy Saviour's breast"?
Was it for me? Can I thus rest?

Was it for me He wept and prayed,
My load of sin before Him laid,
That night within Gethsemane?
Was it for me, that agony?

Was it for me He bowed His head
Upon the cross and freely shed
His precious blood, that crimson tide?
Was it for me the Saviour died?

Amor que se dá

Finalizando esta pequena trilogia sobre o amor do Senhor (veja parte um e dois), considere as únicas três vezes no NT que lemos do Seu amor associado à frase “deu-Se a Si mesmo”:

  • Em Efésios 5:25 lemos que “Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se entregou por Ela”. A Sua Noiva e o Seu Corpo, comprados com a Sua própria vida.
  • Mas este amor não foi somente um amor por uma entidade coletiva; Ele também amou cada um dos indivíduos que compõem esta Igreja. No v. 2 do mesmo capítulo lemos: “Cristo nos amou, e Se entregou a Si mesmo por nós”.
  • Ah, mas leia isso: “O Filho de Deus, que me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim” (Gálatas 2:20)! Não conseguimos nos aproximar mais do coração de Deus do que isto; não conseguimos achar verdade mais impressionante no Universo todo!

É glorioso pensar no Seu amor sacrifical pela Sua Noiva, e precioso lembrar que este amor abrange cada indivíduo na Igreja. Mas meu coração descansa nestas palavras preciosas, poderosas, e pessoais: Ele (o próprio Filho de Deus) me amou (a mim, pobre e inútil), e a Si mesmo Se entregou por mim!

Um velho hino em Inglês capta este pensamento. Apresento uma adaptação livre abaixo.

A manjedoura, o humilde lar…
Senhor, vieste a mim buscar?
Tua agonia no jardim;
Senhor, será que foi por mim?

Eu louvo a Deus, pois foi por mim.
Imenso amor! Sem par! Sem fim!
Eis a razão do meu louvor:
Morreu por mim, meu Redentor!

A zombaria, a intensa dor,
Coroa amarga, cruz de horror;
No rosto o sangue carmesim…
Senhor, será que foi por mim?

As trevas que ninguém mediu;
A dor que só Jesus sentiu;
A morte … quão terrível fim!
Senhor, será que foi por mim?

A morte já vencida está,
E Cristo em breve voltará,
Virá buscar Seu povo enfim;
Virá buscar até a mim!

© W. J. Watterson

Wednesday, 2 November 2011

O amor de Cristo

Tendo considerado o amor do Senhor Jesus, destaco agora as três vezes que encontramos no NT a expressão “o amor de Cristo”. Todas elas estão nas epístolas, e o uso do nome “Cristo” enfatiza a Sua divindade:

  • Nossa segurança em Cristo. Em Romanos 8:35 é destacada a certeza eterna que o cristão tem, de que ninguém, e nada, poderá nos separar do amor de Cristo. Como posso pensar em perder a salvação se o Salvador me ama? Como imaginar que Ele poderá me condenar, se nada pode me separar do Seu amor? O cristão tem certeza eterna da sua salvação porque ele descansa no amor de Cristo.
  • Nosso serviço para Cristo. Em II Coríntios 5:14 a ênfase recai sobre a nossa responsabilidade de proclamar o “ministério da reconciliação” (v. 18), porque “o amor de Cristo nos constrange”. Como não viver para Ele, se Ele morreu por mim (v. 15)? Como ficar calado diante de tal amor? O cristão sente-se forçado, constrangido a pregar o ministério da reconciliação, porque ele é constrangido pelo amor de Cristo.
  • Nossa satisfação com Cristo. E em Efésios 3:19 o apóstolo fala da necessidade de “conhecer o amor de Cristo”; é comunhão, conhecimento prático deste amor. Se formos fortalecidos pelo Espírito (v. 16), e pela fé Cristo habitar em nossos corações, arraigados e alicerçados em amor (v. 17), poderemos conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento. O cristão deve ter como alvo aqui na Terra conhecer o amor de Cristo.

O amor de Cristo é aquilo que me dá segurança presente e eterna, que me estimula a serviço dedicado e constante, e que satisfaz as aspirações do meu espírito.

© W. J. Watterson

The love of Christ

Having considered the love of our Lord Jesus, look with me now at the three times the NT uses the expression “the love of Christ”. All three are in the epistles, and the use of the name “Christ” emphasizes His deity:

  • Our security in Christ. In Romans 8:35 we learn that a Christian can be eternally sure that nothing, and no one, can ever separate him from the love of Christ. How can I think of losing my salvation if the Saviour loves me? A Christian is eternally sure of his salvation because he rests in the eternal love of Christ.
  • Our service for Christ. In II Corinthians 5:14 the emphasis is on our responsibility to proclaim the “ministry of reconciliation” (v. 18), because “the love of Christ constraineth us”. How can I not live for Him, if He died for me (v. 15)? How can I not talk about such love? The Christian is compelled to preach the ministry of reconciliation, because the love of Christ constrains him.
  • Our satisfaction in Christ. In Ephesians 3:19 the apostle speaks about the need to know the love of Christ in a personal, practical way. If we be strengthened with might by His Spirit (v. 16), and if by faith Christ dwell in our hearts (v. 17), we will know the love of Christ, which passeth all understanding. The Christian should desire, down here, to know the love of Christ.

The love of Christ is what gives me present and eternal security, stimulates me to dedicated and constant service, and satisfies the deepest aspirations of my heart.

Friday, 14 October 2011

Jesus loved …

Consider with me, briefly, the three different contexts in the New Testament where we read of the love of our Lord for individuals, in all of which He is called by the name “Jesus”.

  • An unquestionable love (John 11:3, 5). We read that “Jesus loved Martha, and her sister, and Lazarus”, and the recipients of that love had no doubt of it. How touching is their message to Him: “Lord, behold, he whom Thou lovest is sick”. The Lord loved them, and they knew it!
  • An unchanging love (John 13:23; 19:26; 20:2; 21:17, 20). Five times in his gospel John describes himself as the disciple “whom Jesus loved”. Not that John was the only one, nor even the special one — he simply appropriates for himself what was true of them all. But read the five passages, and notice how the circumstances are different one from the other. Whether the Lord is at the Supper or at Calvary, whether He looks on John at the foot of the cross, or away fishing with the others; no matter what the circumstances, no matter where John was, he was always “the disciple whom Jesus loved”. The Lord loved him, and loved him to the end!
  • An unmerited love (Mark 10:21). Here we have a different situation; a young man who loves his riches more than he loves the Lord Jesus. How tragically sad! Yet Mark tells us that “Jesus, beholding him, loved him”. What gracious, merciful, divine love!

He loved us when we had no merit, deserving only eternal condemnation. He loves us today with an eternal, unchanging love. May we rest in that love, secure in the knowledge that nothing can “separate us from the love of God, which is in Christ Jesus our Lord” (Romans 8:39).

Jesus amou…

Considere, rapidamente, os três contextos no Novo Testamento onde lemos do amor de nosso Senhor por algum indivíduo (repare, aqui, a repetição do nome “Jesus”):

  • Um amor inquestionável (Jo 11:3, 5). Lemos que “Jesus amava a Marta, e sua irmã, e a Lázaro”, e estes não tinham dúvidas sobre o Seu amor. Como é tocante o recado que lhe enviaram: “Senhor, eis que está enfermo aquele que Tu amas”. O Senhor os amava, e eles sabiam disto!
  • Um amor imutável (Jo 13:23; 19:26; 20:2; 21:7, 20). Cinco vezes no seu Evangelho João se descreve como o discípulo que Jesus amava. Não que ele fosse o único que nosso Senhor amava, nem mesmo o mais amado dos doze — João simplesmente apropriou para si a verdade preciosa do amor de Deus, como qualquer um de nós pode fazer. Mas leia as cinco passagens, e repare como as circunstâncias em cada um são diferentes. Quer o Senhor esteja na Ceia ou no Calvário, quer Ele olhe para João ao pé da cruz ou num barco pescando com os outros; quaisquer que fossem as circunstâncias, onde quer que João estivesse, ele era sempre “o discípulo a quem Jesus amava”. O Senhor o amava, e o amou até o fim!
  • Um amor imerecido (Mc 10:21). Este terceiro caso é diferente; um jovem que amou mais as riquezas do que o Senhor. Que tragédia! Mas Marcos escreve: “Jesus, olhando para ele, o amou”. Que amor misericordioso, divino!

Ele nos amou quando não tínhamos nenhum mérito, merecendo somente a condenação eterna. Ele nos ama hoje com um amor eterno, imutável. Que possamos descansar neste amor, seguros na certeza de que nada “pode nos separa do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:39).

© W. J. Watterson

Friday, 22 July 2011

Três palavras estrangeiras

A Bíblia foi escrita em Hebraico (o Velho Testamento) e Grego (o Novo Testamento) — se bem que há algumas exceções a esta regra. Quando lemos a Bíblia em Português, encontramos estes idiomas traduzidos para nós; a não ser por algumas palavras avulsas (geralmente nomes geográficos) que os tradutores decidiram transliterar (“escrever usando palavras correspondentes em outra língua”) ao invés de traduzir (“expressar o sentido em outra língua”).

Considere três exemplos de palavras estrangeiras que não foram traduzidas nas nossas Bíblias em Português. Elas resumem uma vida vivida em comunhão com Deus.

O passado: Ebenézer (“pedra de ajuda”, I Sm 7:12). Samuel disse: “Até aqui nos ajudou o Senhor”. O nome dado à pedra era um testemunho à fidelidade de Deus em ajudar Seu povo.

O presente: Mispá (“torre de vigia”, Gn 31:49). Labão e Jacó reconheceram que o Senhor estaria constante atentando (ou vigiando) sobre eles e entre eles (nenhum dos dois confiava no outro).

O futuro: Maranata (“Vem, Senhor!”, I Co 16:22). A epístola termina como a Bíblia termina, apresentando a vinda do nosso amado Senhor como nossa esperança, e Sua graça como nossa porção.

Ao contemplarmos o passado vemos a fidelidade de um Pai amoroso e terno, carregando-nos nos braços de um grande Salvador pelo poder do Espírito Santo. É certo que as águas não foram sempre calmas! Muitas foram as dificuldades, profundos foram os vales, assustadoras foram as tempestades, tristes foram os desertos e a solidão; mas Ebenézer! Até aqui nos ajudou o Senhor! Veja Sl 34:19.

Ao olharmos em redor hoje, lembremos que o Senhor está atento a tudo na nossa vida. Pense na graça e na glória envolvidas nisso. Considere a segurança e a solenidade de estar constantemente sob o Seu olhar! Seja a vossa moderação conhecida de todos, mas não andeis ansiosos quanto ao dia de amanhã (Fp 4:5-6). Lembre de Mispá — o Senhor está atento!

Ao tentar penetrar nas trevas que estão adiante, só vemos esta gloriosa esperança, brilhando com aquele frescor de beleza que só as verdades eternas possuem: Maranata! O Senhor está voltando! “Amem! Ora vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).

Ebenézer: Ele me trouxe até aqui; Mispá: Ele me levará seguro; Maranata: Ele vem me levar ao lar!

Nota: os exemplos acima são transliterados nas versões Corrigida, Atualizada e Linguagem de Hoje, todas da SBB, e nas versões da SBT. Em algumas versões, elas são traduzidas.

© W. J. Watterson

Three foreign words

The Bible was mostly written in Hebrew (the Old Testament) and Greek (the New Testament) — although there are some exceptions to that rule. When we read from the King James, or a similiar version, these different languages are translated for us into English; except for some stray words (usually place-names) which the translators decided to transliterate (“write using the closest corresponding letters in another language”) rather than translate (“express the sense in another language”).

Consider three examples of foreign words that were not translated in our English Bible. They outline a life lived in fellowship with God.

The past: Ebenezer (“stone of help”, I Sam 7:12). Samuel said: “Hitherto [thus far] hath the Lord helped us”. The name given to the stone was a testimony to the faithfulness of God in helping His people.

The present: Mizpah (“watchtower”, Gen 31:49). Laban and Jacob recognized that the Lord would be continually watching over them and between them (neither of them trusted the other).

The future: Maranatha (“Come, Lord!”, I Cor 16:22). The epistle ends the same way as the Bible ends, with our blessed Lord’s coming as our hope, and His grace as our portion.

As we survey the past we can trace the faithfulness of a caring, loving Father carrying us in the arms of a wonderful Saviour through the power of the Holy Spirit. Granted, it hasn’t always been easy sailing! Many have been the difficulties, deep have been the valleys, frightening have been the storms, lonely have been the deserts; but Ebenezer! Thus far hath the Lord helped us! See Psa 34:19.

As we look around us today, may we never forget that the Lord is watching over us. Think of the grace and the glory involved in this. Consider the security and the solemnity of being under His constant gaze! Let your moderation be known unto all men, but be not bowed down with care for the morrow (Phil 4:5-6). Remember Mizpah — the Lord is watching!

As we try to pierce the darkness that lies ahead, all we see is this glorious hope, shinning in all the fresh beauty that only eternal truths possess: Maranatha! The Lord is coming! “Amen! Even so, come, Lord Jesus!” (Rev 22:20).

Ebenezer: He has brought me to this day; Mizpah: He will carry me through; Maranatha: He is coming to take me home!

Note: the examples above are transliterated in versions like the KJV, Darby, ASV, NASB, but translated in modern versions.

Tuesday, 4 January 2011

"Woman, …"

Only seven times in the Gospels do we read of the Lord Jesus calling a woman by this title. In various other occasions He uses the word “woman” in a general sense, but only seven times does He directly address a woman in this manner.

In four of these occasions the Lord is speaking to sinners; in the other three, He speaks to saved women. The first group of women present to us a picture of human nature in its relationship to God; the second group gives more emphasis to the virtues of the Lord in His relationship with us.

We in relation to God

a) Great perplexity and confusion (John 4:21), linked to our spirit. The natural man or woman does not know how to worship or serve God.
b) Great bondage and captivity (Luke 13:12), linked to the soul. Satan has humanity in his claws.
c) Great sin and guilt (John 8:10), linked to the body.
d) Great persistence and confidence (Matthew 15:28), resulting in salvation. What a precious example in this woman!

The Lord in relation to us

a) His purpose (John 2:4). His hour was not yet come; He came for the cross.
b) His provision (John 19:26). Even on the cross He had time, strength and interest enough to take car of the woman who had cared for Him during His infancy.
c) His care (John 20:15) in relation to a beloved disciple. Certainly He cares for us today also.

"Mulher …"

Somente sete vezes nos Evangelhos lemos do Senhor Jesus dirigindo-Se a uma mulher com esse título: “Mulher, ...” Em muitas outras ocasiões Ele usa a palavra “mulher” indiretamente, mas somente sete vezes Ele chama uma mulher diretamente por este título.

Em quatro dessas ocorrências, o Senhor está falando com mulheres pecadoras; nas outras três, Ele Se dirige a mulher salvas. O primeiro grupo de mulheres apresenta um retrato da natureza humana e nosso relacionamento com Deus; o segundo grupo destaca mais as virtudes do Senhor no Seu relacionamento conosco.

Nós em relação a Deus

a) Grande perplexidade e confusão (Jo 4:21), em relação ao espírito. O homem natural não sabe adorar nem servir a Deus.
b) Grande prisão e cativeiro (Lc 13:12), em relação à alma. Satanás mantém a humanidade presa nas suas garras.
c) Grande pecado e culpa (Jo 8:10), usando o corpo. A natureza pecaminosa se manifesta nos atos pecaminosos que praticamos.
d) Grande persistência e confiança (Mt 15:28), resultando em salvação. Que precioso exemplo desta mulher!

O Senhor em relação a nós

a) Seu propósito (Jo 2:4). A Sua hora não era aquela, era a cruz.
b) Sua provisão (Jo 19:26). Mesmo na cruz, porém, Ele ainda tinha tempo, forças e interesse para Se preocupar com aquela que havia cuidado dEle na Sua infância.
c) Sua preocupação (Jo 20:15) para com uma discípula amada. Certamente Ele Se preocupa conosco ainda hoje.

© W. J. Watterson

Thursday, 5 August 2010

Angustiado na nossa angústia

“Em toda a angústia deles Ele foi angustiado” (Is 63:9).

Em dias de angústia e dor, temos a tendência de achar que o Senhor se esqueceu de nós. Quando os dias se transformam em semanas, as semanas em meses, e a dor persiste, nossa carne se torna mais ousada. Depois de oito ou nove horas de dor intensa, ininterrupta, ouvimos o tentador sussurrar: “Onde está o teu Deus agora?” (Sl 42:3).

Nos últimos meses tenho experimentado um pouco disto. Por isso, como foi precioso ler hoje de manhã estas palavras: “Em toda a angústia deles Ele foi angustiado”. Não estou sozinho na minha dor. O Senhor está perto, e sabe, porque Ele sofre comigo. Só Ele pode dizer, em verdade: “Conheço a tua tribulação” (Ap 2:9).

© W. J. Watterson

Afflicted in our afflictions

“In all their affliction He was afflicted” (Is 63:9).

In days of affliction and pain, we tend to think that the Lord has forgotten us. When the days turn into weeks, and the weeks become months, and still the pain remains, our flesh becomes bolder. After eight or nine hours of intense, uninterrupted pain, we hear the tempter whisper: “Where is your God now?” (Ps 42:3).

During the last months I have experienced a little of this. So you can imagine my joy at reading these words this morning: “In all their affliction He was afflicted”. I am not alone in my pain. The Lord is near, and knows, because he suffers with me. Only He can truly say: “I know thy tribulation” (Rv 2:9).

Wednesday, 5 May 2010

I will guide thee with Mine eye

“I will instruct thee and teach thee in the way which thou shalt go: I will guide thee with Mine eye. Be ye not as the horse, or as the mule, which have no understanding: whose mouth must be held in with bit and bridle, lest they come near unto thee” (Ps 32:8-9).

Psaml 32, one of the seven penitential Psalms, portrays the blessing of walking in fellowship with the Lord. We can divide the Psalm in five beatitudes (five, in the Bible, is the number of grace):

a) the blessing of conversion to God (vs. 1-2);
b) the blessing of confession to God (vs. 3-5);
c) the blessing of care from God (vs. 6-7);
d) the blessing of God’s course (vs. 8-9);
e) the blessing of confidence in God (vs. 10-11).

All these things are very precious for the Christian; but I’ll only emphasise the secret to knowing the blessing of the course God has charted for His children. The Psalm shows that God desires to guide us, not like a horse or mule is driven, with bit and bridle — He desires to guide us with His eye! He wants us to be in such a close fellowship with Him, so well instructed and taught by Him, that there will be no need for bit nor bridle, for whip nor rod. He wants us to be able to discern the direction He desires, without needing to force and drive us like animals “which have no understanding”. He doesn’t want us to follow blindly the rein in His hand, but that we may look in His eyes, discerning there His heart and his desire!

What a precious picture! But how can we know this way and this course, unless we look in His eyes? May we learn with the psalmist: “The secret of the Lord is with them that fear Him … Mine eyes are ever toward the Lord” (Ps 25:14-15).

May we look ever to Him, so that we may know the blessing of the course He has charted.

Guiar-te-ei com os Meus olhos

“Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os Meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti” (Sl 32:8-9).

O Salmo 32, um dos sete Salmos considerados penitenciais, apresenta a bênção de andar em comunhão com Deus. Podemos dividir o Salmo em cinco bem-aventuranças (cinco, na Bíblia, é o número da graça):

a) a bênção da conversão a Deus (vs. 1-2);
b) a bênção da confissão a Deus (vs. 3-5);
c) a bênção do cuidado de Deus (vs. 6-7);
d) a bênção do caminho de Deus (vs. 8-9);
e) a bênção da confiança em Deus (vs. 10-11).

Tudo isto é muito precioso para o cristão; mas só quero destacar aqui a maneira como podemos conhecer a bênção do caminho que Deus prepara para o Seu filho ou filha. O Salmo mostra que Deus deseja guiar-nos, não como se guia um cavalo ou uma mula, com cabresto e freio — Ele deseja guiar-nos como os Seus olhos! Ele quer que estejamos tão intimamente em comunhão com Ele, tão bem instruídos e ensinados por Ele, que não será necessário cabresto nem freio, chicote nem vara. Ele quer que nós mesmos possamos discernir o Seu caminho, sem precisar sermos forçados e guiados como animais sem entendimento. Ele não quer que obedeçamos cegamente a rédea na Sua mão, mas que olhemos para os Seus olhos, discernindo ali o Seu coração e Seu desejo!

Que figura preciosa! Mas como conhecer este caminho e esta direção se não estivermos olhando nos Seus olhos? Que possamos aprender com o salmista: “O segredo do Senhor é com os que O temem … Os meus olhos estão continuamente no Senhor” (Sl 25:14-15).

Olhemos continuamente para Ele, para podermos conhecer a bênção do caminho que Ele preparou.

© W. J. Watterson

Monday, 12 April 2010

Orar e vigiar

“Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite” (Ne 4:9).

Alguns cristãos pensam que confiar em Deus significa ficar de braços cruzados, esperando que Ele faça tudo. Mas é importante lembrar das palavras do Senhor aos discípulos: “Vigiai e orai” (Mt 26:41). Não é: “Orai e descansai”, mas “Vigiai e orai”!

Assim como foi na tentação de Israel por meio de Balaão, temos que entender que, se confiamos em Deus, Ele nos livrará das coisas que estão além do nosso alcance (assim como Ele impediu Balaão de amaldiçoar o povo de Israel, Dt 23:5), mas espera que nós estejamos atentos para evitar as coisas que estão ao nosso alcance (assim como Ele não impediu Balaão de fazer o povo tropeçar através da sensualidade, Nm 31:16).

Que sigamos o exemplo de Neemias, orando a Deus para nos proteger e preservar, mas também vigiando atentamente, para não tropeçarmos e trairmos nosso Deus.

Ore sempre; nunca deixe de vigiar.

© W. J. Watterson

Watch and pray

“Nevertheless we made our prayer unto our God, and set a watch against them day and night” (Ne 4:9).

Some Christians think that to properly trust in God we need to sit back and expect Him to do everything. But it is important to remember the words of our Lord to His disciples: “Watch and pray” (Mat 26:41). Not “pray and rest”, but “watch and pray”!

We should understand that God deals with us as He dealt with Israel in the case of Balaam; if we trust in Him, He will preserve us from those things that are beyond our power (as He did not allow Balaam to curse Israel, Deut 23:5), but He expects us to be on our guard against those things which are within our power (as He did allow Balaam to cause Israel to stumble through sensual immorality, Num 31:16).

May we follow the example of Nehemiah, praying to God to preserve and protect us, but also watching carefully, lest we fall prey to the enemy.

Pray always; never stop watching.

O ministério das irmãs

Ministério das Irmãs I Co 11:3; 14:34-35 a) Sua posição A posição das servas de Deus é apresentada com muita c...