De 06 a 14 de agosto 2021
Eu é que fiz — Meditações 482
Mais de um ano atrás, quando estávamos ainda na expectativa que a pandemia seria de curta duração, a Meditação diária que enviei foi traduzida de um texto encontrado dentro da Bíblia de um servo de Deus depois da sua morte. Baseado em I Reis 12:24, o texto fala sobre como tudo na vida do salvo (não só os incentivos, mas também as interrupções) vem de Deus.
Bem, os dias se tornaram meses, e estamos hoje enfrentando uma tentação diferente. O que nos aflige hoje não é a tempestade repentina e assustadora, mas a chuva contínua, que não dá trégua. Estamos perdendo a paciência com esta situação que parece não acabar (Deus permita que não percamos a confiança no Seu controle!).
Passei novamente por I Reis 12 hoje de manhã, e aquelas palavras tão impressionantes de Deus para Roboão (“Eu é que fiz esta obra”) chamaram minha atenção novamente, e me ajudaram muito. Vou reenviar o texto resumido do ano passado; talvez ajude mais alguém.
As decepções da vida são, na realidade, apenas os decretos do amor. Eu tenho uma mensagem para ti hoje, Meu filho(a). Vou sussurrá-la no teu coração, para que as nuvens tempestuosas possam ser revestidas de glória, e os espinhos sobre os quais tu andas possam perder seu aguilhão. A mensagem é curta — uma pequena frase — mas permita que ela penetre até às profundezas do teu coração, tornando-se um travesseiro no qual repousar tua cabeça cansada: “Eu é que fiz esta obra!”
Eu sou o Deus das circunstâncias. Não te encontras onde estás hoje por causa do acaso, mas porque este é o lugar que Eu escolhi para ti. Não pediste para seres mais humilde? Veja, Eu te trouxe ao lugar onde esta lição pode ser aprendida!
Tens problemas financeiros? Está difícil sobreviver com tua renda? “Eu é que fiz esta obra!” Todas as coisas são Minhas, e Eu desejo que tu dependas inteiramente de Mim. Minhas riquezas são inesgotáveis — confia na Minha promessa!
Estás passando por uma noite de aflição? “Eu é que fiz esta obra!” Eu sou o Homem de dores, que sabe o que é sofrer (Is 53:3). Eu retirei de ti todo o sustento humano, para que tu Me buscasses, e assim recebesses consolação eterna!
Algum amigo te desamparou? Talvez alguém a quem tenhas exposto teu coração? “Eu é que fiz esta obra!” Eu permiti esta decepção para que tu aprendas quem é o melhor Amigo! Sim, Eu anseio ser Teu confidente!
Alguém te acusou falsamente? “Eu é que fiz esta obra!” Deixa pra lá, e venha mais perto de Mim, sob Minhas asas, longe das disputas vãs, e Eu farei sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia (Sl 37:6).
Teus planos foram totalmente frustrados? “Eu é que fiz esta obra!” Será que fizeste teus planos, e depois vieste Me pedir que os abençoes? Eu desejo planejar a tua vida!
Planejaste fazer uma grande obra para Mim, mas estás de lado, enfermo e fraco? “Eu é que fiz esta obra!” Eu não tinha tua atenção enquanto estavas tão ocupado, e desejo te ensinar algumas lições mais profundas. Meus melhores servos foram, muitas vezes, aqueles que precisaram deixar o campo de batalha, e na doença aprenderam a orar com mais eficiência!
Lembre, Meu filho(a), “Eu é que fiz esta obra!” As interrupções são instruções divinas. Portanto, aplica o teu coração a todas as palavras que hoje testifico a ti. Porque esta palavra é a tua vida! (Dt 32:46-47)
Cristo na Nova Jerusalém — Meditações 483
Após o Grande Trono Branco virá o Estado Eterno: novos Céus e nova Terra, para sempre. No trecho longo que vai de Apocalipse 21:1 até 22:5, o título “Cordeiro” é usado sete vezes, apresentando-nos:
i) O Cordeiro e Sua esposa (21:9);
ii) O Cordeiro e Seus apóstolos (21:14);
iii) O Cordeiro é o Templo (21:22);
iv) O Cordeiro é a lâmpada (21:23);
v) O Cordeiro e Seu livro (21:27);
vi) O Cordeiro e Seu trono (22:1);
vii) O Cordeiro, Seu trono e servos (22:3).
É um trecho rico em detalhes, e glorioso nas suas revelações. Leia a descrição da cidade, a partir do v. 11, e maravilhe-se com a glória que nos aguarda! Neste estudo, porém, não estamos interessados tanto na cidade, mas sim no Cordeiro.
À título de introdução, podemos resumir estas sete menções do Cordeiro em três aspectos:
i) A graça do Cordeiro — as primeiras duas ocorrências do título mostram que, na hora da Sua maior glória, o Cordeiro faz questão de associar-Se com aqueles que O amaram aqui na Terra. Lemos da “esposa do Cordeiro” (os salvos desta dispensação; v. 9) e “os doze apóstolos do Cordeiro” (v. 14). É o cumprimento da promessa divina: “Se morrermos com Ele, com Ele também viveremos; se sofrermos, também com Ele reinaremos” (II Tm 2:11-12). A glória e o mérito são exclusivamente dEle, mas Ele tem prazer em repartir Sua glória conosco!
ii) A glória do Cordeiro — após descrever a aparência da cidade (21:11-21), os versículos centrais da visão (21:22-26) descrevem a glória dela, que poderíamos resumir numa frase: “Deus e o Cordeiro”. Lemos que naquela nova cidade não haverá templo, “porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro” (v. 22) — isto é, a adoração a Deus não dependerá mais de uma construção que representa o Senhor, mas Ele mesmo estará lá. E lemos também que nem Sol nem Lua serão necessários, pois “a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (v. 23). A glória de Deus brilhará com tanta intensidade através do Cordeiro que o Sol, se estivesse no Céu, nem seria visto!
iii) A autoridade do Cordeiro — As últimas três referências destacam outras duas coisas que pertencem ao Cordeiro, e falam da Sua autoridade sobre esta cidade eterna. Lemos que só poderão entrar naquela cidade aqueles cujos nomes estiverem escritos no “livro da vida do Cordeiro” (21:27) — só aqueles a quem o Cordeiro autorizar. E lemos também (duas vezes) do “trono de Deus e do Cordeiro” (22:1, 3) — toda a autoridade, domínio e governo estarão sobre os ombros daquele que o mundo desprezou.
É interessante ver que nestes três grupos, o Cordeiro nunca está sozinho! Aquele que, na cruz, foi desamparado por Deus; aquele que, na batalha final, pisa sozinho o lagar do furor da ira de Deus (Is 63:3), agora está acompanhado da Sua Noiva, dos Seus apóstolos, e, principalmente, de Deus!
Há muito mais para ser destacado neste trecho, mas este pequeno resumo pode nos revelar um pouco da glória do nosso Salvador e da Sua cidade. Como já foi dito acima, será uma cidade gloriosa, e esta é a glória dela: Deus e o Cordeiro! “A Ele seja a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém” (II Pe 3:18).
Milagres — Meditações 484
Geralmente pensamos em um milagre como algo assustadoramente impressionante. Por exemplo, o Senhor Jesus diz a um homem que há 38 anos não consegue andar: “Levanta-te e anda!” — e imediatamente ele levanta e anda (João cap. 5). É imediato, é visível a todos, e é impressionante!
Mas a Bíblia registra também uma classe de milagres que são feitos de forma muito mais discreta (mas não menos milagrosa).
Nos dias de Elias, a viúva de Sarepta tinha “um punhado de farinha e um pouco de azeite”, suficiente para uma refeição apenas (I Rs 17:12). Mas Deus prometeu multiplicar suas provisões (v. 14), e assim foi: por meses ela cozinhou com aquela provisão limitada, “e comeu ela, e ele, e sua casa muitos dias”. Deus não tornou o punhado de farinha em um monte de farinha de uma vez, mas fez com que o punhado nunca acabasse! Ela fazia um bolo, mas a farinha não diminuía! Era um milagre discreto, silencioso, mas sua repetição todo dia deve ter impactado profundamente esta mulher.
O caso da viúva nos dias de Eliseu, dos vinte pães para cem homens (II Rs 4) e as duas multiplicações de pão e peixe pelo Senhor Jesus são casos semelhantes: não houve barulho nem impacto visual, mas houve uma demonstração incrível de poder divino.
O inverso também ocorreu, pois Ageu nos fala da rebeldia de Israel sendo castigada pelo sumiço das suas provisões: “Vinha alguém a um montão de grãos de vinte medidas, e havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinquenta, havia somente vinte” (Ag 2:16).
São exemplos do poder de Deus agindo discretamente, mas eficientemente, para benção ou para juízo.
E este poder não diminuiu; Deus ainda pode fazer poucos recursos durarem muito tempo, e muitos recursos evaporarem da noite para o dia! Lembremos disto!
“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas no Deus vivo, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (I Tm 6:17).
Esculpidas na rocha — Meditações 485
Jó disse: “Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras! Quem me dera fossem gravadas em livro! Que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha! Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim Se levantará sobre a Terra" (Jó 19:23-25).
Jó nem podia imaginar que as palavras dele seriam, de fato, "esculpidas na rocha"! Foram, sim, colocadas na eternidade! Jó não está na Academia de Letras de país algum, mas está na Bíblia, perfeita e eterna. As Academias de Letras vão acabar um dia — a Bíblia jamais acabará!
Levante os olhos — pense na eternidade!
(Do Facebook de Alexandre Torres)
Deus em Filipenses — Meditações 486
Ao agradecer a oferta da igreja em Filipos, Paulo diz aos seus irmãos: “O meu Deus suprirá todas as vossas necessidades” (Fp 4:19). Ele falou baseado na sua própria experiência, crendo que o Deus que usou os filipenses para suprir a necessidade de Paulo, também supriria a necessidade deles.
O autor do Comentário Ritchie sobre este trecho escreve:
Será que não nos é sugerido, aqui, Jeová-Jire, que significa “o Senhor Proverá” (Gn 22:14) — Provisão Divina?
Em 1:28 vemos Jeová-Nissi, o Senhor nossa Bandeira (Êx 17:15) — Proteção Divina.
Em 2:27 somos lembrados de Jeová-Rafa, o Senhor que te Sara (Êx 15:26) — Compaixão Divina.
Em 3:9 temos Jeová-Tsidkenu, o Senhor Justiça Nossa (Jr 23:6) — Posição Divina.
Em 4:5 podemos ver Jeová-Samá, o Senhor Está Ali (Ez 48:35) — Presença Divina.
Finalmente, em 4:9 temos Jeová-Shalom, o Senhor é Paz (Jz. 6:24) — Paz Divina.
Diante da grandeza e glória de Deus, e do Seu cuidado constante para conosco, podemos dizer: “Jeová-Jire — o meu Deus supre todas as minhas necessidades!”
Plínio — Meditações 487
No ano em que Paulo chegou em Roma, prisioneiro do império Romano, nascia Plínio, “um nobre romano de elevado nível cultural e moral, porém inimigo do Cristianismo” (P. Schaff; History of the Christian Church). Ele escreveu História Natural, “um vasto compêndio das ciências antigas distribuído em trinta e sete volumes”, que tornou-se o modelo editorial para enciclopédias (Wikipedia).
Muitos anos após Paulo escrever sua carta a Filemon intercedendo por Onésimo, o escravo arrependido, Plínio escreveu uma carta semelhante a um amigo seu, Sabiniano, que se tornou famosa entre os historiadores.
Schaff destaca que esta carta tem uma notável semelhança com a carta de Paulo a Filemon: “Ambas tratam de um escravo fugitivo e culpado, porém arrependido e desejoso de retomar as suas obrigações; em ambas temos um pedido educado, gentil e fervoroso de perdão e restauração, influenciado por sentimentos de bondade altruísta. Mas elas diferem tanto quanto o amor cristão é diferente da filantropia natural, tanto quanto um nobre cristão é diferente de um nobre pagão. Um só pode apelar à mansidão e nobreza do seu amigo; o outro apela ao amor de Cristo, e à obrigação oriunda da gratidão. Um só está preocupado com o conforto material do seu cliente; o outro preocupa-se, principalmente, com o bem-estar eterno [de Onésimo]. Um pode, no máximo, pedir a restituição da posição antiga de escravo; o outro pede a alta dignidade da posição de irmão em Cristo, para assentar-se com seu mestre à mesma mesa, em comunhão com o Senhor e Salvador.”
Ele cita um erudito que diz: “O romano pode estar à frente em eloquência, mas em relação à dignidade de tom e à sinceridade evidente, ele fica muito aquém do apóstolo encarcerado”!
É este o nobre e elevado padrão que Deus espera daqueles que são chamados pelo Seu nome. Seja em casa, na escola ou no trabalho, vivamos de tal forma que fique evidente “a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não O serve” (Ml 3:18), para a honra e glória de Deus.
Intercessão — Meditações 488
Romanos 8:26-27 diz: “O Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é Ele que segundo Deus intercede pelos santos”.
Falando sobre a intercessão do Espírito Santo nas nossas orações, o v. 27 apresenta um duplo incentivo para os salvos:
1) Temos a garantia de que nosso divino Intercessor não será mal-interpretado. Como é triste perceber que não estamos sendo compreendidos pelos outros! Tentamos explicar nossas intenções, usamos argumentos diferentes, mas é tudo em vão. Que frustrante! Quem nunca disse: “Ninguém me entende!” Quando falamos com Deus em oração, porém, é impossível que isto ocorra. Ele “examina os [nossos] corações” (sabe perfeitamente o que eu sinto) e Ele “sabe qual é a intenção do Espírito”. Tudo o que eu queria expressar e não consegui, Deus ouviu pelo Espírito!
2) Temos a garantia de que nosso divino intercessor não será rejeitado, pois Ele intercede pelos santos “segundo Deus” — isto é, de acordo com a vontade de Deus. A iniciativa neste processo não foi nossa, mas dEle. Nós não tivemos a percepção de dizer: “Ó Deus, sou muito confuso; por favor, envia o Teu Espírito para interceder por mim nas minhas orações!” Não — foi Deus quem disse ao Seu Espírito: “Coitados … Nem sabem orar como convém. Faça Tu o papel de intercessor, e, com gemidos até, interceda por eles na sua fraqueza!”
Por que o Espírito intercede por nós nas nossas orações? Porque Deus assim quis (“segundo Deus”). Por que Deus quis o Espírito Santo, e não outro, como intercessor? Porque Deus O conhece bem (“sabe qual é a intenção do Espírito”).
Portanto, se Deus preparou um Intercessor tão conhecido e tão bem-vindo diante dEle, posso orar sem receio!
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:16).
Se não … — Meditações 489
Todos conhecem bem a história dos três amigos de Daniel lançados na fornalha de fogo, e sua declaração confiante ao rei. Nabucodonosor perguntou, com soberba patética: “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” A resposta deles usa duas vezes a palavra “se”, que a Atualizada traduz literalmente: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.” (Dn 3:15-18). Em resumo, estão dizendo: “Se Deus quiser nos livrar, Ele pode — se Ele não quiser nos livrar, ainda assim confiaremos nEle”.
Como é necessário lembrarmos sempre deste “se não …” Pensar que todo dia será calmo e tranquilo, sem contratempos, é esquecer das palavras do Senhor Jesus: “No mundo tereis aflições” (Jo 16:33).
Amy Carmichael (Thou givest, they gather) descreve um período estressante que enfrentou na Índia, quando ela e as meninas das quais cuidava foram alvo de um processo legal que se estendeu por meses, e trouxe muita aflição. No meio daquele período receberam a visita de um irmão bem-intencionado, mas cuja atitude só piorou a situação delas! Ele insistia que pensassem apenas em vitória. Ninguém precisava se preocupar — era óbvio que tudo daria certo, pois Deus não permitiria uma derrota!
Mas esta perspectiva é superficial e simplista! Amy escreve que agradeceu a Deus naqueles dias pelos muitos Salmos que expressam a angústia e aflição dos salvos, e nos lembram que o caminho até a glória passa por muitos vales sombrios e escuros.
Sim, sempre existe o “se não …”! Jamais duvidemos do que Deus pode fazer — mas lembremos sempre que a promessa dEle é “nunca te deixarei”, e não “nunca te provarei”!
© 2021 W. J. Watterson
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