Saturday 5 March 2022

Meditações 670 a 679

Meditações na quarentena (2020/22) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo (arquivadas neste blog).

Enquanto — Meditações 670


O tempo passa, e o fim vem. Em vista disto, como nos convém sermos sábios, remindo o tempo!


A exortação das Escrituras para o pecador é solene: “Buscai ao Senhor enquanto Se pode achar, invocai-O enquanto está perto” (Is 55:6). Hoje é o dia de salvação (II Co 6:2) — hoje a vida eterna pode ser sua, se você crer no Senhor Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Amanhã, porém, pode ser muito tarde!


Para os salvos, a Bíblia diz: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6:10). Hoje eu posso ajudar meus irmãos com uma palavra agradável, com uma ajuda em tempos de necessidade, com uma oração sincera. Amanhã talvez seja muito tarde!


Enquanto há tempo… este dia já está mais de 50% esgotado, e o tempo passado não volta! Que Deus nos ajude a remirmos o tempo.



Foi Deus — Meditações 671


“E te lembrará de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos” (Dt 8:2).


Foi Deus quem nos trouxe até aqui. Não foi idéia nossa, muito menos de algum demônio perverso — foi Deus! Se não fôssemos capazes de lidar com estas circunstâncias que Ele preparou para nós, seríamos totalmente incapazes de lidar com qualquer coisa que imaginarmos. Devemos viver e lutar nestas circunstâncias, e não em outras. Se encararmos este dia com humildade e temor, mas varonilmente, veremos que é o melhor, e não desejaremos que o Sol volte dez graus ou que as circunstâncias mudem. Se os tempos fácies se foram, é para que os tempos difíceis nos tornem mais dedicados, e nos ensinem a não confiarmos em nós mesmos. Se os tempos da fé fácil se foram, é para que aprendamos o que é fé, e em quem podemos crer.


Frederick D. Maurice (1805-1872)


Envio em anexo um pequeno esboço de João 1:1-5, para nossa Meditação amanhã (se o Senhor não vier antes).





O Verbo (b) — Meditações 672


Três relacionamentos do Verbo


Pensamos domingo passado um pouco sobre a eterna comunhão entre o Pai e o Filho em João 1:1. Continuando a ler o primeiro parágrafo deste Evangelho (vs. 1-5), vemos que ele apresenta a eternidade do Filho de Deus em três relacionamentos distintos:


i) A Sua Pessoa (vs. 1-2) — em relação a Deus. É o que vimos semana passada. O primeiro versículo destaca, em três afirmações sublimes, a Sua existência eterna, resumida pela repetição, no v. 2, da cláusula central das três: “Ele estava no princípio com Deus”. Que grande Pessoa — o eterno Companheiro de Deus!


ii) O Seu poder (v. 3) — em relação ao Universo. Em seguida lemos do Seu poder como Criador, com duas afirmações abrangentes: a primeira é positiva (“Tudo foi feito por Ele”), a segunda negativa (“sem Ele, nada do que foi feito se fez”). A Criação toda (não só o Universo) foi feita por Ele.


iii) As Suas provisões (v. 4-5) — em relação aos homens. A vida e a luz provém dEle: “nEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. 


Três aspectos das Suas provisões


O último relacionamento do Senhor na tríade acima (Suas provisões para os homens) também é apresentado aqui em três aspectos. E meditando neles, veremos na Introdução do evangelho uma estrutura linda, que realça a grandeza da encarnação.


Repare que este parágrafo (vs. 1-5) começa com três afirmações sobre o Verbo, e termina com três afirmações sobre a Luz. O contraste entre elas é precioso.


O resumo


Quando comparamos as três cláusulas do v. 1, que iniciam esta introdução, com as três cláusulas dos vs. 4-5, que a encerram, vemos todo o brilho do Evangelho de Deus.


A introdução começa dizendo: “No princípio era o Verbo [condição eterna], e o Verbo estava com Deus [comunhão eterna], e o Verbo era Deus [caráter eterno]”. São afirmações majestosas e gloriosas, revelando-nos a sublime divindade do Filho eterno de Deus. Mas estas afirmações não tratam do nosso problema. Apresentam-nos, em poucas palavras, assuntos que não conseguimos esgotar e que nos deixam maravilhados diante da sua profundidade — mas não falam absolutamente nada sobre a nossa fraqueza e a nossa mortalidade!


Mas veja agora estas três afirmações contrastadas com as três afirmações finais sobre a Luz (veja o gráfico enviado ontem), todas começando com “e” (kai, no grego):


Seu caráter — “O Verbo era Deus … E a vida era a luz dos homens”. Aquele que é, em Si mesmo, Deus, é também, em Si mesmo, luz para os homens — luz para nós que habitamos na escuridão!


Sua comunhão — “O Verbo estava com Deus … E a luz resplandece nas trevas”. Aquele que conviveu com Deus veio brilhar nas trevas que nos cercavam! Na primeira afirmação vemos o ambiente maravilhoso e bendito do Céu, onde o Verbo existia eternamente com Deus; na segunda, vemos a Sua influência longe daquele ambiente, brilhando no meio da escuridão da Terra, longe de Deus. Esta é a glória do Evangelho — que aquele que tinha todo o direito de estar na presença de Deus quis brilhar entre as trevas. “O Verbo estava com Deus” revela toda a gloriosa majestade do Senhor — “a Luz resplandece nas trevas”, porém, nos comove mais, pois revela a Sua misericórdia. Por que sair da presença confortável de Deus e vir brilhar nas trevas? Louvamos a Deus que Ele agiu assim. 


Sua condição — “No princípio era o Verbo … E as trevas não prevaleceram contra ela” (conforme versão Atualizada). Aqui somos levados de eternidade a eternidade! Aquele que “iniciou” a eternidade existindo, “terminará” a eternidade brilhando, pois as trevas não conseguem apagar esta Luz que é o Verbo! As trevas tentaram sufocar a Luz, mas o veredito eterno é: não prevaleceram!


Louvemos a Deus pelo Verbo, glorioso na Sua divindade e glorioso na Sua graça para conosco.


(Enviarei em seguida uma outa mensagem com alguns detalhes mais técnicos sobre estes versículos. O resultado deste pequeno estudo foi apresentado acima — alguns detalhes que conduzem até este resultado talvez sejam interessantes para quem quiser aprofundar-se mais no assunto).


Detalhes


Esta introdução contém dez cláusulas que formam um quiasma (veja imagem em anexo). Veja alguns detalhes.


• “E a vida era a luz dos homens”; Robertson afirma que os dois artigos usados aqui tornam ambos os substantivos intercambiáveis na frase. Tanto podemos afirmar: “A vida era a luz dos homens” quanto: “A luz era a vida dos homens”. Realmente o Senhor afirma neste Evangelho que Ele é a Luz (8:12) e a Vida (14:6). João está deixando claro, pelo Espírito Santo, que o Senhor não é um mero construtor do Universo, mas sim seu Criador, a fonte de onde tudo emana!


• “E a luz resplandece nas trevas”; a Luz continua sempre brilhando no meio das trevas. Podemos entender “trevas” no sentido figurativo do mal, ou no sentido das pessoas que não conheciam a Deus, como na citação de Isaías feita por Mateus: “O povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz …” (Mt 4:16).


• “E as trevas não a compreenderam” — a tradução da Atualizada encaixa melhor no contexto. A palavra traduzida “compreenderam” ocorre quinze vezes no NT, e vem de uma raiz que quer dizer “tomar à força, prender”. Na ACF é traduzida assim: “apanhar” (4x), “alcançar” (4x), “compreender” (2x), “reconhecer” (2x), além de “prender”, “surpreender” e “achar”. Parece confuso, pois como é possível que “prender” e “compreender” sejam traduções da mesma palavra? Na realidade, porém, faz sentido, pois quando entendemos algo com nossa mente, adquirimos aquele conhecimento e tomamos posse dele — portanto, “compreender” uma verdade é tornar aquela verdade nossa possessão, prendê-la em nossa mente. Falamos de alguém que “domina” certo assunto. A ideia aqui não é tanto que as trevas ficaram confusas quanto ao verdadeiro caráter da Luz, mas que as trevas tentaram apagar a Luz — e não conseguiram. Em Jo 12:35 temos exatamente a mesma expressão que João usou aqui, mas num contexto bem diferente, e que ajuda a entendermos esta afirmação: “Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem”. Para os homens, existe sempre a possibilidade deles serem apanhados pelas trevas — as trevas podem nos cercar de tal forma que perdemos nossa luz. Mas quanto ao Verbo que existe desde o princípio, a realidade é outra: as trevas não O apanham! O verbo na cláusula anterior (“resplandece”) está no tempo presente, mas nesta cláusula está no aoristo, mostrando-nos que em toda a existência da Luz, as trevas nunca conseguiram (nem conseguirão) apagá-la!


Há muito mais nestes cinco pequenos versículos do que eu consigo transmitir, mesmo que usasse duzentas “Meditações” para isto! Que estes poucos pensamentos nos ajudem a louvar este grande Verbo (que transmite à nossa mente toda a sublimidade de Deus) e Luz (que transmite aos nossos olhos a glória do Deus eterno).




Por que fizeste isto — Mediações 673


Duas vezes no VT encontramos Deus perguntando: “Por que fizeste isto?”


• “E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto?” (Gn 3:13). Por que desobedeceste ao Meu mandamento? Tinhas liberdade para comer de qualquer árvore, com uma restrição — uma única restrição! E mesmo assim, desobedeceste! Por que fizeste isto?


• “E, quanto a vós, não fareis acordo com os moradores desta terra, antes derrubareis os seus altares; mas vós não obedecestes à Minha voz. Por que fizestes isso?” (Jz 2:2). Por que deixastes de cumprir o Meu mandamento? Eu vos dei uma terra boa, que mana leite e mel, e entreguei os vossos inimigos nas vossas mãos — mas vós não quisestes derrubar os altares deles! Por que fizestes isso?


Será que temos feito o que Deus mandou que não fizéssemos (como Eva), ou não feito o que Ele mandou que fizéssemos (como a nação)?


Será que Ele precisa perguntar para mim hoje: “Por que fizeste isto?




Julgando — Meditações 674


O sexto capítulo de I Coríntios tem dez perguntas no seus primeiros nove versículos. Entre elas, duas tratam do juízo vindouro:


Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? … Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?”


Paulo escreve como se os cristão em Corinto conhecessem bem estas verdades — como se fossem fatos corriqueiros e prosaicos. Mas quanta coisa há por trás disto! Nós iremos julgar o mundo — e os anjos! Já pensou nisto?


Não há muitos detalhes nas Escrituras sobre estes fatos. Sabemos, por Apocalipse 20:4-5, que durante o Milênio os servos do Cordeiro (incluindo eu e você) terão responsabilidade no Seu Reino, mas isto é quase tudo que sabemos.


Mas já é o suficiente para nos encher de gratidão: o Senhor nos tirou do poço de perdição e nos colocou no trono! 


Já é o suficiente para nos encher de admiração: hoje não nos sentimos dignos de julgar nada e ninguém — será mesmo possível que julgaremos anjos?


Já é o suficiente para nos tornar humildes na presença dEle: esta glória é impossível de ser alcançada naturalmente por aqueles que são menores do que os anjos — só Deus poderia efetuar esta transformação em nossas vidas.


“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis os Seus  caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi Seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque dEle, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:33-36).



Alegre-se — Meditações 675


“Todos os dias do oprimido são maus, mas o coração alegre é um banquete contínuo” (Pv 15:15).


Há cristãos que se entristecem porque pensam que seus irmãos os evitam. Mas muitas vezes a culpa é deles mesmos! São cristãos negativos — sempre reclamando da vida, ou lamentando suas dores e enfermidades! Um rosto alegre e uma palavra animada sempre atrairão amigos, e serão um ótimo testemunho perante os incrédulos. 


Serão, também, uma boa terapia para superar suas tristezas. O coração alegre vive num banquete contínuo, quaisquer que sejam as circunstâncias.


B. Russel. Extraído de Uplook Calendar



Principalmente … Meditações 676


I Coríntios cap. 14 apresenta um contraste no primeiro versículo: “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente  o de profetizar.”


Deixando de lado a situação específica daqueles dias (pois o dom de profetizar não é dado hoje), pense no princípio espiritual por traz desta comparação: por que o dom de profetizar, para os coríntios, deveria ter tanta prioridade sobre o dom de línguas e outros?


O próximo versículo responde: “Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a  Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação. O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que  profetiza edifica a igreja.”


Eis o “x” da questão — edificar a igreja é mais importante do que edificar-me a mim mesmo! Nestes dias de tanta valorização do “eu”, relembremos das palavras do Senhor Jesus: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35).


Geralmente pensamos nas reuniões da igreja em termos de benefício pessoal: “Que proveito terei se for na reunião hoje?” Seria bem mais bíblico pensar: “Minha presença entre os irmãos hoje pode animar e consolar a igreja — mesmo que não me edificar em nada, poderei ajudar os outros!”


O parágrafo termina dizendo: “Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja” (I Co 14:1-12). Isto reforça o princípio — vamos nos preocupar em servir a Deus, mas principalmente naquilo que contribuir para a edificação da igreja.




Graças a Deus — Meditações 677


Quatro vezes nas suas epístolas, Paulo dá graças a Deus pelo Senhor Jesus Cristo. Como é comum nas Escrituras, há ordem e estrutura nestas referências:


• As quatro estão em forma de quiasma: a primeira e a última contêm ações de graças pela Pessoa de Cristo, e as duas centrais são ações de graças pela vitória que Cristo traz;


• Além disto, as primeiras duas referem-se a Cristo usando o título “Senhor”, mas as últimas duas não.


Que a meditação nestas quatro referências nos ajude hoje. Talvez seu fardo esteja pesado, e a tempestade assustadora — que Cristo seja um alívio e um refúgio para nós! Pense em quem Ele é, e o que Ele fez, e faz, por você. E pensando nEle, diga com Paulo:


“Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 7:25);


“Graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (I Co 15:57);


“Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do Seu conhecimento” (II Co 2:14);


“Graças a Deus, pois, pelo Seu dom inefável” (II Co 9:15).



O poema de Deus — Meditações 678


Em Efésios 2:10 lemos: “Somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as  quais Deus preparou para que andássemos nelas”.


A palavra traduzida “feitura” é, no grego, poiema — muito parecido com nossa palavra “poema”. E o dicionário português confirma que qualquer semelhança não é mera coincidência: “poema” é realmente derivada da raiz da palavra grega usada por Paulo.


Assim vemos outro aspecto da grandeza da misericórdia de Deus em nossas vidas, e da maravilha da transformação que Ele efetuou em nós. Nós, que estávamos mortos em ofensas e pecados, agora podemos dizer: “Somos um poema dEle, criados em Cristo Jesus para as boas obras”!


E a melhor forma de demonstrar nossa gratidão a Ele por ter feito tanto em nós, é andar naquelas boas obras que Ele preparou para nós. Assim o poema manifestará toda a perfeição do seu Autor!



O Verbo (c) — Meditações 679


Consideramos, em domingos passados, a breve introdução de cinco versículos do evangelho segundo João. Em seguida, lemos mais sobre o fato glorioso da Sua encarnação (e paralelamente com isto, o testemunho claro a respeito dEle por parte de João Batista).


O Verbo Se fez carne (Jo 1:6-18)


Há uma riqueza de doutrinas e verdades nestes versículos, mas um fato triste chama a nossa atenção: a forma como os homens receberam o Filho de Deus. Os Evangelhos sinópticos falaram do Seu nascimento em termos históricos e humanos, e mostraram como este nascimento passou praticamente despercebido pelo mundo. Mas João mostra Sua vinda de um ponto de vista muito mais sublime e glorioso: não o nascimento de um bebê (por mais importante e glorioso que seja esse Bebê), mas a encarnação do Deus eterno. Ele destaca a glória eterna de Deus, e depois revela este mistério glorioso: o Deus eterno Se encarnou e habitou entre nós! E mais — nós vimos a Sua glória (1:14)! Certamente agora o mundo irá se prostrar em adoração!


Mas não! Como João deixa claro, Ele foi desprezado! E a própria estrutura do texto inspirado chama a nossa atenção para isto. A encarnação é apresentada nestes primeiros 18 versículos em três afirmações diferentes, das quais a central destaca a frieza com que o mundo O recebeu. Esta fato incrível (a frieza com que O receberam), por sua vez, também é apresentado em três aspectos. E o elemento central desta segunda tríade também é composto de três partes!


O efeito desta estrutura extremamente detalhada, com tríades se desdobrando em outras tríades, é uma forma de Deus chamar nossa atenção para esta verdade quase inacreditável: o Filho de Deus veio habitar entre nós, e nós (o mundo) não O recebemos.


Que triste verdade. Consideremos, então, as três tríades principais.


Três afirmações sobre a encarnação


i) O fato da encarnação (1:4-5) — “A luz resplandece nas trevas”. Esta foi a afirmação inicial: a luz que brilhou eternamente nos Céus se manifestou aqui; o Verbo veio brilhar entre nós.


ii) A frieza da recepção (1:9-11) — “O mundo não O conheceu. Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam”. Quando a luz brilha nas trevas, deveria haver festa — mas neste caso, não! Lemos do desinteresse dos homens pela Luz verdadeira: o mundo não O conheceu, e os Seus não O receberam!


iii) A forma da encarnação (1:14-18) — “O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós.” Como foi que a luz resplandeceu nas trevas — como um relâmpago numa tempestade? De que forma o Criador veio ao mundo que Ele criou — veio cercado de anjos e exércitos celestiais? Não! “O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós”. Tendo durante séculos nos abençoado lá do Céu; tendo enviado, vez após vez, Seus servos, os profetas; agora Ele próprio vem. E não somente como visita, mas fazendo-Se carne!


Repare como a glória da encarnação é apresentada aos poucos. Na primeira figura usada (v. 5: a Luz resplandecendo nas trevas), há um certo elemento de distanciamento — afinal, a luz do Sol ilumina a Terra, sem que o Sol precise se aproximar de nós. Nos vs. 9 a 11, porém, vemos que Sua influência neste mundo não foi simplesmente à distância; não foi simplesmente o brilho distante da Sua glória que nos alcançou. Isso já teria sido maravilhoso — mas Ele veio até este planeta onde vivemos! “Estava no mundo … veio para o que era Seu”. Que verdade maravilhosa! Mas isto ainda não é toda a verdade, pois o terceiro trecho (vs. 14-18) diz: “O Verbo Se fez carne, e habitou [tabernaculou] entre nós”. Parece inacreditável. Ele não veio simplesmente nos visitar — Ele tomou a nossa natureza! Não é simplesmente que Ele tomou um corpo — Ele Se fez carne! Temos aqui uma referência ao Seu nascimento, mas de um ponto de vista muito mais elevado, indicando um pouco do mistério que está escondido no nascimento virginal de nosso amado Senhor.


E João acrescenta: “vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade”! Uma glória que foi profetizada por João Batista (v. 15); uma glória que é tão abundante que todos nós podemos receber da Sua plenitude (v. 16); uma glória que apresenta algo superior à Lei dada por Moisés (v. 17) — outra tríade! Precisaremos da eternidade para entender um assunto tão vasto!


João resume a encarnação dizendo: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse O revelou” (v. 18). Paramos maravilhados e perguntamos: “João, o que você está dizendo? Você está dizendo que, depois da encarnação, nós podemos conhecer a Deus?” Ah, irmãos, é exatamente isto (veja 14:9)! O Espírito Santo revela, nesse Evangelho, a verdade sublime por trás do fato histórico apresentado nos Evangelho sinópticos. Quando Mateus e Lucas falam sobre o nascimento do Bebê que foi colocado numa manjedoura, não é um simples nascimento que estão descrevendo — é o mistério da encarnação! O Deus eterno e invisível, que ninguém jamais poderia ver com os olhos naturais, revelou a Sua glória na Pessoa bendita de um Bebê!


No próximo domingo, se o Senhor não voltar antes, terminaremos a consideração destas três tríades. Hoje, adoremos diante desta afirmação sublime: “O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós!”







© 2021 W. J. Watterson

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Dois detalhes sobre Isaías 53

Isaías 53 contém o quarto Cântico do Servo (que inclui os últimos três versículos do cap. 52). Qual seria o centro deste Cântico?