Orelha furada — Meditações 387

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo (arquivadas neste blog).

Terça-feira, 04/05/2021

Orelha furada — Meditações 387

Ontem pensamos sobre o Salmo 40, e como Cristo é a “ponte” que permite que Deus derrame Suas bênçãos sobre nós, pecadores. Mas há outro detalhe no Salmo: o preço amargo que este sacrifício custou ao Senhor.

A parte do Salmo que se refere a Cristo (vs. 6-10) começa dizendo: “Sacrifício e oferta não quiseste; os Meus ouvidos abriste” — o que nos leva a lembrar da lei do escravo: “Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair livre, então seu senhor o levará aos juízes, … e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre” (Êx 21:5-6). A diferença entre o Salmo e Êxodo (um fala de “ouvido aberto”, o outro de “orelha furada”) é uma diferença de tradução — ambos dizem a mesma coisa. A lei do escravo ilustra a devoção do Senhor Jesus quando Ele veio ao mundo.

A lei dizia que todo escravo hebreu seria libertado depois de sete anos. Ao ser libertado, porém, ele poderia estar na situação de ter que deixar para trás esposa e filhos (que ainda pertenciam ao seu senhor). Assim, se o escravo quisesse, ele poderia recusar sua liberdade, e comprometer-se a continuar para sempre com seu senhor. Como sinal da sua escolha, sua orelha seria furada.

A escolha do escravo ilustra a escolha voluntária do Senhor Jesus.

a) Foi uma escolha consciente e decidida — diz a lei do escravo: “Se aquele servo expressamente disser”. No jardim do Getsêmani, “sabendo Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-Se” (Jo 18:4). Nada de heroísmo cego e ignorante — Ele decidiu vir a este mundo de livre e expontânea vontade, sabendo tudo que Sua decisão exigiria dEle.

b) Foi uma escolha motivada por amor — “Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e meus filhos; não quero sair livre”. Por que Cristo veio? Porque Ele ama ao Pai, e ama a Igreja (Sua esposa) e ama a nós (os filhos; Hb 2:13). Não foi por obrigação, mas por amor!

c) A escolha foi confirmada e consumada — “furará a sua orelha com uma sovela”. Com o Senhor Jesus também houve a manifestação externa da Sua decisão — não um furo na orelha (onde sente-se pouca dor), mas Sua cabeça perfurada por espinhos, Suas mãos e pés traspassados, Seu lado furado! Ele disse para Tomé: “Põe aqui o teu dedo, e vê as Minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no Meu lado” (Jo 20:27). Ele carrega, até hoje, as marcas da Sua devoção!

d) Foi uma escolha eterna e irreversível — “e ele o servirá para sempre”! Como é precioso lembrar que nosso Senhor jamais deixará de ser nosso Salvador e Sacerdote. De uma vez por todas Ele morreu por nós, e agora vive para sempre para interceder por nós.

O Senhor Jesus Cristo é o Servo perfeito e dedicado. Séculos antes dEle deixar os Céus, Deus proclamou: “Eis que o Meu Servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime” (Is 52:13).

Sim, a Sua orelha foi furada! Aleluia!


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