Saturday 8 May 2021

O cântico do Cordeiro (Ap 15:1-4) — Meditações 391

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo (arquivadas neste blog).

Sábado, 08/05/2021

O cântico do Cordeiro (Ap 15:1-4) — Meditações 391

Avançando no nosso estudo em Apocalipse, chegamos ao cap. 15, onde vemos o Cordeiro sendo louvado novamente.

As circunstâncias

Lemos de um grupo de salvos que vieram da Tribulação (como aqueles do cap. 7), mas o contexto aqui indica que a Tribulação ainda não terminou (veja o v. 1). Estas pessoas creram em Cristo durante aquele período terrível, mas, diferentemente dos salvos mencionados no cap. 7, foram mortos pela Besta e pelos seus exércitos. Apesar disto, são descritos como aqueles que “saíram vitoriosos da Besta”.

Comparando estes salvos com aqueles do cap. 7, somos lembrados mais uma vez que fidelidade a Deus nada tem a ver com preservação física, e que quem agrada a Deus nem sempre tem uma vida livre de sofrimento, dor e tristeza. Entre a multidão de gentios que irão crer durante a Tribulação, muitos serão preservados em vida até o final da Tribulação; mas muitos serão mortos pela Besta e seus exércitos. Ambos os grupos (os que serão mortos e os que serão preservados) creram, ambos venceram a Besta; mas tiveram experiências muito diferentes aqui na Terra!

Convém sempre lembrarmos disto. Muitos cristãos fiéis e dedicados a Deus sofrem dores físicas ou emocionais terríveis, mas isto não tira deles o brilho da sua vitória sobre o mundo. Se sofremos pouco em relação a outros irmãos, talvez não seja porque somos mais fiéis do que eles; talvez Deus sabe que somos mais fracos do que eles, e não suportaríamos o que eles suportam (veja I Co 10:13).

A primeira estrofe do cântico

O Cântico do Cordeiro tem duas estrofes. A primeira (v. 3) consiste em duas frases compostas, que estão em perfeita simetria:

Grandes e maravilhosas são
as Tuas obras,
Senhor Deus Todo-Poderoso!

Justos e verdadeiros são
os Teus caminhos,
ó Rei dos santos.


Cada uma das duas frases começa com dois adjetivos (“grandes e maravilhosas” na primeira frase, “justos e verdadeiros” na segunda), depois destaca um aspecto dos propósitos divinos (“obras”, depois “caminhos”), e termina com um nome composto de Deus (“Senhor Deus Todo-Poderoso”, e “Rei dos santos”).

Não são apenas palavras espontâneas de louvor, mas uma poesia estruturada, apresentando as virtudes do “Senhor Deus Todo-Poderoso”. O fato do louvor ser perfeitamente estruturado não indica, necessariamente, um longo tempo de preparo e ensaios para que tudo ocorra sem erros. Lembre que, no Céu, nossas mentes estarão livres da influência do pecado, e teremos condições de apresentar a Deus um louvor perfeito. Aquilo que, hoje, mesmo com muita concentração, estudo e treino, ainda é falho, naquele dia bendito irá fluir de nós espontaneamente, com perfeição! Que maravilha!

Repare as formas como o Cordeiro é descrito aqui. Primeiro, temos um título — Senhor Deus Todo-Poderoso — que ocorre seis vezes no NT, todas elas em Apocalipse (4:8, 11:17, 15:3, 16:7, 19:6, 21:22). É um título muito usado no VT, que normalmente refere-se ao Pai, mas nesta ocasião é aplicado ao Cordeiro. E Ele é, sem dúvida, o Senhor Deus Todo Poderoso, e “grandes e maravilhosas são as obras” dEle! A Criação é um belo exemplo (Jo 1:3), entre muitas outras — mas que obra pode se comparar à obra da redenção? Na cruz o Cordeiro aniquilou aquele que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrou todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão (Hb 2:14). Que vitória — que grande e maravilhosa obra!

Ele é também chamado “Rei dos santos”. Nós, os salvos desta dispensação temos um relacionamento diferente com Ele, pois fazemos parte da Sua Noiva e do Seu corpo. Mas estes salvos da época da Tribulação valorizam o reinado do Cordeiro, reconhecendo a justiça e verdade dos Seus caminhos.

Nesta primeira estrofe, portanto, vemos o Cordeiro sendo exaltado pelas Suas grandes obras e pelos Seus procedimentos justos e verdadeiros. Amanhã, se Deus permitir, podemos considerar a segunda estrofe do Cântico do Cordeiro.


© 2021 W. J. Watterson

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