Saturday 19 December 2020

A visão do Senhor (Ap 1:9-20) — Meditações 251

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Sábado, 19/12/2020

A visão do Senhor (Ap 1:9-20) — Meditações 251


No trecho que está diante de nós agora temos uma visão impressionante do Senhor Jesus em glória e majestade. Veremos as circunstâncias da visão (9-11), seu conteúdo (12-16), e suas consequências (17-20).

Circunstâncias da visão (1:9-11) 

O Senhor Jesus mesmo Se dirige a João nestes versículos com “uma grande voz, como de trombeta”, e Se apresenta como o Alfa e o Ômega e o Primeiro e o Último (já consideramos estes dois títulos nestas Meditações).

João então virou-se, e viu o Senhor em toda a Sua glória. Antes de pensar na visão em si, porém, repare o lugar que ela ocupa neste livro. O Senhor mesmo dividiu Apocalipse em três partes em 1:19: “Escreve (1) as coisas que tens visto, e (2) as que são, e (3) as que depois destas hão de acontecer”.

O Apocalipse começa com uma revelação do Senhor Jesus Cristo (cap. 1 — “as coisas que viste”). Em seguida, as igrejas são corrigidas e exortadas (caps. 2 e 3 — “as coisas que são”). Em terceiro lugar, vemos profecias sobre coisas futuras (caps. 4 a 22 — “as coisas que depois destas hão de acontecer”). São três revelações: primeiro, Cristo; depois, o estado atual das igrejas; finalmente, as coisas futuras.

A situação das igrejas só é apresentada depois que Cristo, em toda a Sua glória, é revelado. Sim, por que qual é a igreja que pode perceber sua verdadeira situação sem estar contemplando o Senhor? Se não vemos a Ele, então tudo está fora de foco.

As coisas futuras só são apresentadas “depois destas coisas” (4:1). Afinal, qual seria o proveito para aquelas igrejas se soubessem o futuro sem entender o presente? Que adianta saber o que iremos fazer no futuro, se não sabemos o que devemos fazer hoje?

A profecia, é claro, tem seu lugar. Precisamos estudá-la, e há muito proveito em fazer isto. Mas não esqueçamos: há algo mais importante do que conhecer profecias, e isto é aprender o que Deus quer de nós hoje — e mais importante ainda, é conhecer o Senhor a quem servimos.

Conteúdo da visão (1:12-16)

Repare que a primeira coisa que João descreve da sua visão são os sete candeeiros. Não que eles fossem aquilo que mais se destacava na visão — pelo relato de João, fica claro que o Senhor, em toda a Sua glória, foi quem prendeu a atenção do apóstolo. Mas quando João vira, ele vê primeiro “sete castiçais de ouro”.

Por quê? Se lembramos que os candeeiros são figuras igrejas locais (1:20), então percebemos a importância do testemunho de uma igreja local. Os candeeiros só estavam ali porque o Senhor estava ali, e só chamaram a atenção de João momentaneamente; mas foram mencionados primeiro. Uma igreja local só existe enquanto o Senhor está ali, e toda a importância e glória da igreja reside nEle; mas cada igreja tem uma importância enorme, pois ela é um dos meios pelos quais Cristo pode ser conhecido do pecador hoje em dia; ela é um testemunho dEle.

Eram sete candeeiros, não um candelabro com sete lâmpadas como no Tabernáculo. Estas sete peças individuais destacam a autonomia de cada igreja local. As igrejas locais hoje não estão ligadas uma à outra formando uma organização maior — o único elo que as une é a sua relação com o Senhor, assim como o único elo que unia estes candeeiros era o Senhor no meio.

Eram sete candeeiros (a melhor tradução da palavra luchnia), isto é, um suporte para lâmpadas que consomem óleo, e não um suporte para velas. As igrejas não são apresentadas sob a figura de velas (algo que produz luz enquanto consome-se a si mesmo), mas sim como lâmpadas ou lamparinas (algo que produz luz ao queimar óleo). O óleo é uma figura do Espírito Santo — as igrejas só podem iluminar através da operação do Espírito Santo.

Eram sete candeeiros de ouro! O ouro fala-nos de algo precioso e puro, assim como uma igreja local é preciosa aos olhos de Deus. Geralmente tais igrejas são desprezadas pelo mundo (e até por muitos cristãos), mas são preciosas ao Senhor. No passado Deus podia dizer de Israel: “Aquele que tocar em vós toca na menina do Seu olho” (Zc 2:8). Hoje, o mesmo Deus afirma, falando duma igreja local: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (I Co 3:17).

Esta visão dos sete candeeiros de ouro, portanto, nos lembra que:

a. O alvo das igrejas é direcionar as atenções para Cristo;
b. A autonomia das igrejas decorre da autoridade de Cristo;
c. A atuação das igrejas depende da ação do Espírito Santo;
d. A avaliação das igrejas destaca a apreciação de Deus.

Há muito, muito serviço hoje na Cristandade que não está ligado a uma igreja local — que pena! Que privilégio fazer parte de um destes candeeiros de ouro, separados dos sistemas e organizações do Cristianismo professo!


© 2020 W. J. Watterson

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