Sunday, 27 December 2020

Um Juiz perfeito (b) — Meditações 259

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Domingo, 27/12/2020

Um Juiz perfeito (b) — Meditações 259

Continuando o que começamos ontem, vemos a segunda descrição do Senhor na visão de João: Ele estava vestido até os pés de uma roupa comprida — um Juiz aprovado.

A palavra usada aqui para “vestido comprido” (poderes) ocorre esta única vez no Novo Testamento; indica uma veste que vai até aos pés. Era uma roupa característica de sacerdotes (Êx 28:2, LXX) e pessoas em autoridade. J. Allen (2008, p. 61) diz que esta veste comprida “testifica publicamente da posição oficial de um dignitário credenciado e respeitado”.

Isto nos faz lembrar de Atos 17:30-31. Deus vai julgar o mundo com justiça através de um Varão que recebeu as credenciais da aprovação divina: “… disso deu certeza a todos, ressuscitando-O dos mortos”. Estes versículos mostram que a ressurreição é a manifestação pública de que Deus aceitou o sacrifício de Cristo, e que o elevou acima de todos, colocando-O como Juiz. Poderíamos dizer, em linguagem figurada, que a ressurreição é esta veste comprida; é aquilo que demonstra publicamente a posição oficial que o Senhor ocupa hoje.

Provavelmente por isto os apóstolos davam tanta importância à ressurreição do Senhor. Em todas as pregações no começo de Atos é enfatizado que Ele ressurgiu, e Paulo mostra, pelo Espírito Santo, que esta é uma parte integrante da pregação do Evangelho (I Co 15). Não pregamos um Salvador morto, mas sim um que ressurgiu e vive eternamente.

Quão glorioso lembrar da realidade da ressurreição. Ele disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá” (Jo 11:25-26).

Jesus Cristo é o Juiz que Deus escolheu. Alguém duvida? Então, pode ter certeza, pois Deus O ressuscitou dos mortos.

Em terceiro lugar, lemos: “cingido pelos peitos com um cinto de ouro” — um Juiz amoroso.

Não era comum, nem mesmo naqueles dias, um cinto ser usado na altura do peito — cintos são geralmente usados na altura dos lombos. A exceção a esta regra eram os sacerdotes — Êxodo 39 indica que eles usavam um cinto nesta posição, e isto é confirmado quando vemos sete anjos saindo do Templo celestial “cingidos com cintos de ouro pelos peitos” (Ap 15:6).

Mais uma vez, porém, quero sugerir que a figura principal é de um Juiz. Um Sacerdote-Juiz, mas que nesta visão está desempenhando principalmente as funções de Juiz. Os sete anjos de Apocalipse 15, apesar de estarem saindo do Templo, estão com sete taças cheias da ira de Deus; estão agindo em juízo.

O cinto à altura do peito não é para prender Seus afetos; pelo contrário. Quando cingimos os lombos, não é para prendê-los, mas sim para que estes tenham mais liberdade. Assim também a exortação de I Pedro 1:13 (“cingindo os lombos do vosso entendimento”) não é para que nosso entendimento fique preso, mas para que possamos prender aquilo que poderia atrapalhar nosso entendimento.

A figura é de alguém que está preparado, pronto para agir. E como o cinto está na altura do coração, está indicando que Seu coração amoroso tem liberdade para se manifestar neste juízo — a Sua divindade está impedindo que qualquer coisa impeça Seu coração de expressar-Se livremente. Ele está preparado, pronto para agir, como Juiz, em absoluta justiça; mas esta justiça estará em plena harmonia com Seu amor.

Isto é ilustrado nestas sete cartas. Mesmo olhando para os muitos defeitos que havia em cada igreja, o Senhor sempre tem um elogio a fazer. Vendo os defeitos, mas destacando as virtudes. Aos que estão errados, Ele chama ao arrependimento; em 2:21 Ele diz: “dei-lhe tempo para que arrependesse”; quão perfeita é a Sua misericórdia! Ele amava aquelas igrejas. Veja 3:9: “… saibam que Eu te amo”! Até para Laodiceia, a única igreja destas sete que não é elogiada, apenas repreendida, o Senhor diz: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”! Ele está dizendo a Laodiceia: “Eu estou te repreendendo porque Eu te amo”!

Este Juiz é totalmente justo, mas Ele sempre age em plena harmonia com o Seu amor divino. Ele está cingido à altura dos peitos; Seu coração de amor tem toda liberdade para se manifestar, em harmonia com Sua justiça.

Conclusão

Assim estas primeiras três descrições do Senhor Jesus revelam a escolha perfeita de Deus quanto às características externas deste Juiz que Ele escolheu. Ele é perfeitamente qualificado para julgar nossa situação (pois é “semelhante ao Filho do homem”, e entende nossas circunstâncias), tem toda autoridade para nos julgar devido à Sua ressurreição dentre os mortos (“vestido até os pés de uma roupa comprida”), e julga com perfeição pois julga com amor (“cingido pelos peitos com um cinto de ouro”).

Este juiz de toda a Terra é o nosso Salvador.


© 2020 W. J. Watterson

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