Saturday 26 December 2020

Um Juiz perfeito — Meditações 258

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Sábado, 26/12/2020

Um Juiz perfeito — Meditações 258

Como já foi visto, as 10 descrições do Senhor aqui em Apocalipse 1:9-20 são divididas em três e sete: as primeiras três coisas destacadas são externas (Sua aparência geral, Suas vestes e Seu cinto), e ilustram principalmente aquilo que é externamente visível nEle (Sua conduta pública).

A primeira descrição do Senhor aqui é: “Semelhante ao Filho do homem”. Este título destaca a Sua humanidade, mostrando-nos que o eterno Filho de Deus tornou-Se também o Filho do homem. Isto não quer dizer, de forma alguma, que Ele foi gerado por um homem, mas sim que, tendo nascido de mulher, Ele é verdadeiramente homem. Ele é o exemplo perfeito de humanidade, mostrando-nos, em todos os aspectos, o padrão que Deus exige da humanidade.

Além de nos lembrar da Sua humanidade, com toda as privações e sofrimentos correspondentes, este título também nos fala de Um que recebeu o direito de julgar todos os homens. Isto é exposto pelo próprio Senhor em João 5:19-30. A primeira parte do trecho (vs. 19-24) enfatiza que o Filho vivifica a quem quer e julga a todos, enquanto que a segunda parte (vs. 25-30) explica que o ato de vivificar está relacionada ao título “Filho de Deus” (v. 25), e o ato de julgar está ligada ao título “Filho do Homem” (v. 27). Isto é, o título “Filho de Deus” destaca a Sua capacidade divina para vivificar (ressuscitando os mortos e salvando os pecadores), enquanto que o título “Filho do Homem” destaca seu direito de julgar todos os homens.

Se pensarmos um pouco, veremos quão apropriado é que o Juiz seja o Filho do homem. Paulo disse que Deus vai julgar o mundo com justiça “por meio de um Varão”, um Homem (At 17:31)! Se Ele próprio nos julgasse, ou confiasse isto a um anjo, alguém poderia se atrever a pensar que o juízo era injusto, pois quem estaria nos julgando não era um homem — isto é, não teria como saber das aflições pelas quais a humanidade passa, não saberia avaliar como é difícil viver neste mundo tão hostil! Seria, é claro, uma reclamação infundada — mas ela nunca poderá ser apresentada, pois quem nos julgará é um Homem. Se Sua humanidade significa que Ele, como verdadeiro Sumo-Sacerdote, pode compadecer-se das nossas fraquezas (Hb 2:18; 4:15), também significa que Ele está perfeitamente qualificado para nos julgar.

Repare, porém, que João não está, nesta visão, apresentando a humanidade do Senhor. Ele apresenta-nos, inspirado pelo Espírito, o Senhor na Sua glória, com toda a majestade e glória de um perfeito Juiz! Logo no início desta visão, porém, ele destaca que este Deus, perante quem ele caiu como morto, é um Homem! É interessante contrastar isto com a visão que Nabucodonosor teve na fornalha. Quando Nabucodonosor viu quatro homens na fornalha, ele disse: “O aspecto do quarto [homem] é semelhante ao Filho de Deus” (Dn 3:25). Agora João vê Deus, e diz: “Semelhante ao Filho do homem”. Nabucodonosor viu um Homem semelhante ao Filho de Deus; João viu Deus semelhante ao Filho do homem. Nabucodonosor ficou impressionado com a divindade deste Homem; João destaca a humanidade deste Deus!

Que estes dois aspectos complementares do nosso Salvador sejam preciosos também a cada um de nós! Que possamos contemplar o Carpinteiro de Nazaré, sem lugar para reclinar a cabeça, agonizando no Getsêmani, morrendo no Calvário, e dizer, como Nabucodonosor: “É o Filho de Deus”! Que possamos erguer os olhos até a glória dos Céus, contemplar o Leão da tribo de Judá entronizado ali, e dizer como João: “É o Filho do homem”!

Estevão disse: “Eu vejo os Céus abertos, e o Filho do homem em pé à mão direita de Deus”. Deus andou aqui no mundo; há um Homem no trono no Céu! Quão grande é este Salvador!


© 2020 W. J. Watterson

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