Monday 21 December 2020

Seu próprio sangue — Meditações 253

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Segunda-feira, 21/12/2020

Seu próprio sangue — Meditações 253

Ocorrências de palavras e expressões 

Somente três vezes no NT encontramos a expressão “próprio sangue” (idiu haimatos). Como seria de se imaginar, ela sempre refere-se ao Senhor Jesus Cristo e à obra da redenção. Na ordem em que aparecem nas Escrituras, estas expressões revelam-nos progressivamente mais sobre o valor da obra do Salvador.

A primeira ocorrência é Atos 20:28, onde lemos que a igreja local em Éfeso (assim como toda igreja local — veja nota) foi comprada pelo Senhor “com Seu próprio sangue”. Que preço elevadíssimo — Seu próprio sangue! Que valor possui, aos olhos de Deus, uma igreja local!

A segunda ocorrência é Hebreus 9:12, onde lemos que, não “por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”. Aquele capítulo contrasta a ineficácia do sangue dos animais oferecidos no VT com a eficácia perfeita do “Seu próprio sangue”. É com base neste sangue que temos esta eterna redenção, e temos nossas consciências purificadas das obras mortas para servimos o Deus vivo (v. 14). Milhões de sacrifícios de animais não solucionaram o problema — um único sacrifício do Seu próprio sangue resolveu a questão do pecado para sempre!

Na terceira e última ocorrência (Hb 13:12), vemos que houve um preço elevado a ser pago para que isto pudesse ser realidade: “Jesus, para santificar o povo pelo Seu próprio sangue, padeceu fora da porta”. Para que Seu próprio sangue pudesse ser aceito como oferta pelo pecado, Ele precisava, como a oferta pelo pecado, padecer fora da porta (v. 11; Lv 4:11-12). Quando O levaram fora de Jerusalém para ser crucificado, estavam, sem saber, cumprindo a figura do VT, que exigia que a oferta pelo pecado fosse queimada fora do arraial — o lugar destinado aos leprosos e aos malfeitores! Verdadeiramente, Ele foi contado com os malfeitores (Mc 15:28). “Àquele que não conheceu pecado, Deus O fez pecado por nós” (II Co 5:21).

Que possamos valorizar este preço tão alto que foi pago para a nossa redenção. Não coisas corruptíveis, como prata e ouro, nem o sangue de bodes e bezerros, mas “o Seu próprio sangue”!


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Nota: Uma leitura superficial deste versículo poderia até sugerir que é a Igreja, o corpo de Cristo, que é mencionada aqui, e não uma igreja local. Mas olhando com mais atenção veremos pelo menos duas provas de que a referência é à igreja local em Éfeso:

a. A primeira (e principal) prova é o contexto. “Rebanho”, aqui, é o grupo sobre o qual os anciãos da igreja em Éfeso foram constituídos presbíteros — e o NT ensina que presbíteros têm autoridade somente na sua própria igreja local. O único rebanho em que os anciãos da igreja em Éfeso teriam liberdade para pastorear era a igreja local naquela cidade.

b. Além disto, uma consulta ao texto original nos mostrará que a palavra usada aqui é diferente da usada em João 10:16 (“… haverá um rebanho e um Pastor”) — na verdade, é a forma diminutiva daquela. Em João 10:16 o Senhor fala do único Rebanho; Paulo, em Atos 20:28-29, fala de um “pequeno rebanho”. Esta forma diminutiva da palavra (poimnion) aparece cinco vezes no NT, mas nunca é usada para descrever a Igreja, assim como a forma normal da palavra (poimne) nunca é usada de uma igreja local. O Rebanho do Bom Pastor é um só, mas Deus tem milhares de “pequenos rebanhos” espalhados pelo mundo.


© 2020 W. J. Watterson

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