Monday 7 December 2020

Bebês — Meditações 239

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Segunda-feira, 07/12/2020

Bebês — Meditações 239

Ocorrências de palavras ou assuntos

A palavra grega nepios (“bebê, criança”) ocorre 14 vezes no NT, e sua forma verbal (nepiazo) ocorre uma vez. Analisando estas 15 ocorrências, encontraremos três situações que se destacam, onde Deus apresenta alguma virtude do bebê que devemos imitar.

Há diversas palavras no grego que são traduzidas “criança” no NT. Algumas enfatizam a pouca idade da criança em relação ao adulto, e as diferentes etapas da idade de criança (como “nenezinho”, “menino”, “garota”, etc., em português), outras enfatizam o relacionamento da criança com seus pais (como “filho” em português). A palavra nepios, porém, enfatiza a falta de instrução e de capacidade de uma criança. Ela é composta de duas palavras: ne, que indica negação, e epos (“falar”). Literalmente, ela indica alguém que não fala: uma criança tão nova que ainda não aprendeu a falar; um bebê.

Nestes três contextos, vemos três situações em que devemos ser simples como um bebê.

a. No estudo da Bíblia — “Respondendo Jesus, disse: Graças Te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste às criancinhas; sim, ó Pai, porque assim Te aprouve” (Mt 11:25; veja Lc 10:21). Estamos cansados de saber que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co 2:14) — por que ainda pensamos que nossa inteligência e experiência nos ajudarão a entender a Bíblia? Que possamos nos aproximar da Palavra de Deus reconhecendo nossa ignorância, considerando-nos a nós mesmos como crianças que precisam ser ensinadas; e orando como Davi: “Abre Tu os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da Tua lei” (Sl 119:18).

b. No louvor — “E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” (Mt 21:16). Quantas vezes achamos que nossas orações eloquentes, longas e profundas estão agradando a Deus, e desprezamos a oração fraca do recém-convertido, que mal consegue gaguejar: “Obrigado, Senhor, por morrer em meu lugar”. Mas o perfeito louvor é aquele que é simples e sincero, como as palavras dos bebezinhos e das crianças que ainda mamam!

c. No relacionamento com os irmãos — “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” O ser humano se gloria da sua esperteza! Batemos no peito e dizemos: “Ninguém me engana! Eu não vou ser passado para trás!” Mas esquecemos deste mandamento: “Sede bebês na malícia”. Devemos sempre desejar o bem ao próximo, e, na dúvida, sempre atribuir ao próximo a melhor das intenções. E se formos prejudicados por isso, “por que não sofreis o dano?” (I Co 6:7).

Não há virtude em permanecer eternamente uma criança; precisamos amadurecer e nos comportar como adultos (veja Hb 5:11-14, por exemplo). Mas tomemos cuidado para que, nesse processo de amadurecimento, não percamos a inocência dos bebês nestas três áreas fundamentais. Para entender o que Deus diz pela Sua palavra; para adorá-lO como Ele merece ser adorado; e para conviver em paz e harmonia com meus irmãos, não preciso de mais inteligência, ou eloquência, ou esperteza. Não; nestes casos, a instrução da Palavra de Deus é: “Sede meninos — sede bebês!”


© 2020 W. J. Watterson

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