Sábado, 13/03/2021
Cristo em Apocalipse cap. 7— Meditações 335
A primeira parte deste capítulo (vs. 1-8) não cita o Senhor Jesus diretamente (no cap. 14 veremos o relacionamento do Cordeiro com os cento e quarenta e quatro mil, mas aqui somente lemos que eles foram selados). A segunda parte do capítulo (vs. 9-17) é o próximo trecho que quero considerar. Esta passagem apresenta gentios adorando ao Cordeiro (vs. 9-12), e gentios abençoados por causa do Cordeiro (vs. 13-17).Comecemos com a adoração (7:9-12), destacando quatro coisas neste trecho tão precioso: as pessoas, sua posição, seu procedimento, e seu pronunciamento.
a) As pessoas
João vê uma multidão “a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas”, e é informado que esta multidão veio da Tribulação (v. 14). A expressão usada no v. 14 é importante: “Grande Tribulação” (no texto grego há a repetição do artigo, e a ordem das palavras é diferente: “a tribulação, a grande”). Refere-se aos últimos três anos e meio da Tribulação. Portanto João está vendo aqueles que suportaram o período mais intenso da ira do Cordeiro, perseveraram até o fim, e foram salvos dos sofrimentos físicos da Tribulação. Tudo indica que a visão mencionada aqui refere-se ao final da Tribulação e início do Milênio, quando o Senhor estabelece o Seu trono aqui na Terra.
Portanto, se esta multidão é composta de gentios que passaram pela Tribulação, podemos identificá-los como sendo as ovelhas de Mateus cap. 25:31-46.
Mas porque são mencionados aqui no cap. 7, perto do começo do livro? Para entender isto, é fundamental percebermos que este capítulo todo não pertence à sequência cronológica normal do Apocalipse — é um dos parênteses que interrompem a narrativa cronológica desta parte central do livro. O cap. 6 terminou com a abertura do sexto selo, e com a pergunta solene dos homens que sofriam aqui na Terra: “É vindo o grande dia da Sua ira [ira do Pai e do Cordeiro]; e quem poderá subsistir?” Antes do sétimo selo ser aberto (8:1) o cap. 7, num parêntese, responde esta pergunta, apresentando dois grupos que serão preservados da ira do Cordeiro:
• nos primeiros oito versículos vemos que os ventos do juízo divino são detidos até que sejam assinalados nas suas testas os servos de Deus (v. 3), e o número destes assinalados é apresentado a João: 144.000 judeus escolhidos por Deus.
• mas isto é apenas o começo; na segunda visão do cap. (vs. 9 a 17) João vê “uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas”.
Temos aqui, então, uma multidão de gentios salvos, saindo da Tribulação e entrando no Reino.
b) Sua posição
Repare três coisas sobre a posição destes remidos. Estão diante do trono, diante do Cordeiro, e na Terra. À primeira vista, a menção do trono de Deus parece sugerir que esta cena acontece no Céu. Seguindo, porém, a conclusão apresentada anteriormente, se esta cena realmente descreve o início do reino milenar de Cristo, então devemos lembrar que o trono de Deus já foi estabelecido aqui na Terra (Mt 25:31), e é aqui que esta cena acontece. A sequência dos acontecimentos sugere isto, e um detalhe na visão parece reforçar esta sugestão: lemos, é verdade, do trono de Deus, mas não há nenhuma referência ao arco celeste cercando o trono, nem ao mar de vidro diante do trono mencionados no cap. 4 e no cap. 15. Portanto, este parece ser o trono estabelecido aqui na Terra durante o Milênio (Mt 25:31).
Sem ser dogmático, é possível imaginar que a cena aqui descrita acontece ao final do julgamento das nações mencionado pelo Senhor em Mateus 25. O Cordeiro virá “na Sua glória, e todos os santos anjos com Ele”, Se assentará “no trono da Sua glória” e separará os bodes das ovelhas. Os bodes serão lançados vivos no Lago de Fogo, mas às ovelhas, esta grande multidão de Apocalipse 7, o Senhor dirá: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). E diante deste pronunciamento bendito do Cordeiro, a multidão clama com grande voz: “Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro”.
O procedimento e a proclamação desta multidão consideraremos amanhã, se Deus permitir. Por hoje, pensemos neste dia glorioso de majestade e glória, quando, depois de já termos sido tirados desta Terra no Arrebatamento, depois de termos contemplado a glória celestial e desfrutado já de coisas sublimes, voltaremos com nosso Senhor até este mundo, e presenciaremos esta cena sublime!
Em meio a dificuldades, podemos contemplar, pela fé, o Cordeiro no Seu trono!
© 2021 W. J. Watterson
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