“Nem dela quebrareis osso” (Êx 12:46)

Ao instituir a Páscoa, Deus deu várias instruções a Moisés e Arão (Êx 12:43-49), entre as quais havia este detalhe: nenhum osso do cordeiro pascal poderia ser quebrado (instrução que foi repetida em Números 9:12).

Séculos mais tarde, e justamente no dia em que Israel celebrava a Páscoa anual, um grupo de soldados aproximou-se da cruz central do Calvário para quebrar as pernas do Salvador. Mas diz a Bíblia: “Vindo a Jesus, e vendo-O já morto, não lhe quebraram as pernas … Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos Seus ossos será quebrado” (Jo 19:32-36). É um detalhe incrível e precioso.

É incrível pensar que nenhum osso dEle foi quebrado — é um dos muitos milagres associados à Sua morte. Parece impossível que todas as agressões que Ele sofreu não resultaram em pelo menos um osso quebrado! Ele foi agredido pelos judeus na casa de Caifás, pelos soldados de Herodes, e depois pelos soldados romanos; passou seis horas crucificado — e nenhum osso foi quebrado? O corpo humano tem mais de duzentos ossos, alguns pequenos e frágeis — e nem um deles foi quebrado?

Parece um pequeno detalhe — mas é uma forma preciosa do Pai nos mostrar que Ele acompanhou Seu Filho durante todo aquele terrível trajeto, e nenhum daqueles homens ímpios e perversos agiu sem a mão de Deus controlando e limitando a ação deles! Saindo do cenáculo para o Getsêmani, o Filho disse: “Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós … Me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo” (Jo 16:32). O Pai estava com Ele — o mesmo Pai que havia prometido, pelo salmista: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas. Ele lhe guarda todos os ossos; nem sequer um deles se quebra” (Sl 34:19-20). 

A figura do cordeiro da Páscoa foi cumprida com perfeição. E nós, que só vemos essas coisas de longe, sem conseguir perscrutá-las, tiramos as sandálias dos pés, e cantamos:

Incompreensível foi a Tua dor

Na cruz por mim.

Imensurável Teu divino amor,

Amor sem fim.

Não poderei jamais o merecer;

Só posso, então, prostrado, agradecer.

© 2022 W. J. Watterson