“E, chegada já a tarde, estava ali só” (Mt 14:23).
No início da pandemia meditamos sobre o isolamento suportado pelo Senhor Jesus — neste primeiro dia da semana, querendo adorar ao nosso amado Senhor, pensemos novamente neste assunto comovente.
Houve o isolamento afetivo no Seu lar em Nazaré. Já havia sido profetizado: “Tenho Me tornado um estranho para com Meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de Minha mãe” (Sl 69:8), e assim aconteceu, “porque nem mesmo Seus irmãos criam nEle” (Jo 7:5). Como é comovente isto. O Criador passou 30 anos em Nazaré na mesma casa com Tiago, José, Judas, Simão e Suas irmãs (Mc 6:3) — mas Ele era um estranho para eles. Quando começou a pregar, Seus irmãos disseram: “Está fora de Si!” (Mc 3:21). Há poucas coisas mais frustrantes do que conviver com pessoas que não te compreendem! Tente imaginar a decepção de ser chamado de louco por aqueles que foram criados na mesma casa que você! Repartiram os mesmos brinquedos, a mesma comida — mas no meio de uma família numerosa, Ele cresceu tão só!
Houve o isolamento físico, como no versículo citado no início. Ele tornou-Se um pregador conhecido, e multidões O seguiam. Mas ao final de um dia cansativo, cada um ia para a sua casa e sua família — meu Senhor retirava-Se para o monte para orar, tão só! Mesmo cercado por multidões, conheceu a solidão!
Houve o isolamento emocional, quando Ele “apartou-Se deles cerca de um tiro de pedra” (Lc 22:41) no Getsêmani, “e começou a ter pavor e a angustiar-Se” (Mc 14:33). Quão profunda foi a Sua angústia naquela hora — e ninguém na Terra era digno de repartir Sua dor! Os doze estavam mais longe, e até os três mais íntimos (Pedro, Tiago e João) estavam dormindo de tristeza (Lc 22:45). O Senhor desceu até o vale da sombra da morte só — tão só!
Mais que tudo, houve o isolamento espiritual quando Ele foi desamparado por Deus lá na cruz. Poucas horas antes Ele havia dito para os discípulos: “Eis que chega a hora em que vós Me deixareis só; mas Eu não estou só, porque o Pai está comigo” (Jo 16:32). Todos O abandonariam, menos Deus! Mas agora chegou a hora de cumprir a profecia de Zacarias: “Ó espada, desperta-te contra o Meu pastor, e contra o Homem que é o Meu companheiro” (13:7). O Senhor, sozinho, pagou o preço do meu pecado, colocando-se entre Deus e os homens para suportar o golpe da terrível espada da justiça de Deus. Isso é isolamento e solidão!
A tempestade já passou; agora Ele contempla, satisfeito, o “fruto do penoso trabalho da Sua alma” (Is 53:11), e diz: “Eis-Me aqui a Mim, e aos filhos que Deus Me deu” (Hb 2:13). Mas temos o dever de nunca esquecer o quanto Ele foi desamparado por nós. Ele veio nascer, viver e trabalhar entre pessoas que não O compreendiam. Saiu pregando e curando multidões que não O aceitavam. E o tempo todo Ele sabia que caminhava, sozinho, para a cruz, para morrer só — tão só!
“Mas em meu coração, ó Cristo,
Tenho sempre lugar para Ti”
© 2022 W. J. Watterson
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