Friday 8 April 2022

Prisão

Começamos esta semana pensando na provação de Abraão, confiando em Deus mesmo diante de um altar onde jazia seu filho amado. Na terça, pensamos sobre o susto que Isaque tomou quando percebeu como Deus abençoara o filho que ele, Isaque, rejeitara. Na quinta-feira pensamos na luta de Jacó em Peniel. A próxima geração desta família também teve suas provações, e o melhor exemplo disto é José sendo lançado na prisão.

O que se destaca no caso de José é a longa duração da sua prova. No cap. 37 lemos dele apascentando ovelhas, um jovem com 17 anos de idade (Gn 37:2); mas quando ele saiu da prisão ele já era um homem formado, com 30 anos (41:46). Nestes 13 anos de intervalo ele foi atacado por seus irmãos, vendido como escravo, acusado injustamente de fornicação e lançado numa prisão, com seus “pés [apertados] com grilhões; foi posto em ferros” (Sl 105:18-19).

Quanto sofrimento — e por tanto tempo! Quando parecia que estava tudo acabando — quando José achou que o copeiro de Faraó lembraria dele e o tiraria da prisão — ainda se passaram mais dois longos anos! Repare a forma tão interessante com que a Bíblia descreve estes dois anos: “E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros …” (Gn 41:1). Dois longos e enfadonhos anos — literalmente, o texto diz no hebraico: “dois anos de dias”! É como se Deus enfatizasse que, nesta longa espera, José contava cada dia! Estes dois anos não foram abreviados nem por um dia! Já pensou nisto?

Muitos de nós hoje estamos sentindo o efeito de dois anos de isolamento social. Foi um tempo experiências profundas, com perdas familiares, angústias e provações. Mas houve “atenuantes”: possuímos a Palavra de Deus para lermos em casa, tivemos contato com outros irmãos pelas mídias sociais, pudemos participar de reuniões “on-line”, etc. José não tinha nem uma página das Escrituras, e nem um só irmão mandando abraços pelo WhatsApp — nada! Por dois anos inteiros!

Mas no tempo certo, Deus agiu! O salmista nos lembra que José “foi posto em ferros até ao tempo em que chegou a Sua palavra” (Sl 105:18-19) — isto é, até ao tempo escolhido por Deus. Os “dois anos de dias” tiveram seu fim, e José foi abençoado além do que ele imaginava!

Como precisamos aprender a aguardar o tempo de Deus. Não é fácil esperar — mas vale a pena! Quando a impaciência me perturbar, tentarei me colocar no lugar de José, sozinho numa prisão, contando “dois anos inteiros” — dois anos de dias até o seu livramento!

E darei ouvidos ao conselho de Davi: “Descansa no Senhor, e espera nEle” (Sl 37:7).



© 2022 W. J. Watterson

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