Friday 27 November 2020

1859 — Meditações 229

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Sexta-feira, 27/11/2020

1859 — Meditações 229

Em 24 de Novembro de 1859, Charles Darwin publicou, em Londres, “A origem das espécies”. A tiragem inicial de 1.250 exemplares esgotou-se no mesmo dia. Nas palavras de J Brown, “quando aquele ano memorável aproximava-se do fim, as potestades das trevas deste presente século estavam ativas”.

Mas o ano de 1859 é lembrado, entre o povo de Deus no Reino Unido, não pela publicação do livro que deu origem à Teoria da Evolução, mas pelas milhares de almas que foram salvas nas Ilhas Britânicas. Para muitos salvos, o livro de Darwin foi um ataque desesperado de Satanás contra a ação do Espírito Santo naquele ano.

Algum tempo antes, na primavera de 1856, quatro jovens (James, Jeremiah, Robert e John) da região de Ballymena (Irlanda do Norte) começaram a reunir-se para orar. Quando iniciou-se o memorável ano de 59, os quatro eram agora cinquenta, reunindo toda semana para orar. E então, almas começaram a ser salvas.

Uma revista da época noticiou: “Não é raro vermos milhares de pessoas reunidas … ou qualquer uma das igrejas de Ballymena sem espaço para acomodar uma multidão atenta e solene”.

Há um relato do dia 14 de Março daquele ano sobre uma reunião ao ar livre, com cerca de três mil pessoas presentes, na chuva, ouvindo a pregação do Evangelho. Muitos creram. Outro descreve uma multidão de cerca de cinco mil pessoas ouvindo, de pé, a pregação de um irmão chamado Henry G Guinness em Belfast.

No domingo, 26 de Junho, John McVicker, pastor de uma denominação tradicional daquela região, foi salvo. Alguns dias antes ele começara a ter dúvidas sobre sua salvação, e havia orado com sua esposa: “Senhor, se já somos cristãos, dê-nos certeza disto; se não somos, Senhor, faça-nos cristãos”. Após nascer de novo, ele abandonou sua posição religiosa, e passou a reunir com outros cristãos ao nome do Senhor Jesus.

Milhares foram salvos naquela parte do Reino Unido, e algo semelhante ocorria no Sul. Em Dublin, um jovem inteligente e capacitado ouviu a pregação do Evangelho por John Hall, mas não ficou convencido. Acostumado com a ideia que a salvação dependia da intermediação da “Igreja”, ele resolveu confrontar o pregador, apresentando algumas “heresias” na sua pregação (o jovem era Sir Robert Anderson, que posteriormente foi condecorado e tornou-se um grande escritor). Ele mesmo escreveu sobre sua conversão:

“Em pé na calçada, ele fitou-me e disse: ‘Como servo de Cristo, e em nome dEle, eu te digo que há vida eterna para você aqui, e agora, se você recebê-lO. Você vai aceitar a Cristo, ou vai rejeitá-lO?’ Houve uma pausa — não sei quanto tempo — e então exclamei: ‘Eu vou aceitá-lO!’ Não trocamos mais nenhuma palavra, mas ele apertou calorosamente a minha mão, e eu voltei para casa com a paz de Deus enchendo meu coração”.

Do outro lado do Mar da Irlanda, na Inglaterra, Escócia e Gales, o Espírito Santo agia da mesma forma. O reavivamento começou em vários locais, independentemente um do outro. Há relatos de Reginald Radcliffe (Escócia) encerrando uma pregação para um auditório lotado, e precisando pregar novamente por mais uma hora, e uma terceira vez, tal era o interesse das pessoas. Centenas de localidades viram um interesse inédito no Evangelho, e milhares de pessoas foram salvas. Um pouco do legado daquele ano ainda pode ser visto naquela parte do mundo até o dia de hoje.

O livro que consultei para esta Meditação diz: “Neste movimento espontâneo e contagiante, o Espírito de Deus levantou e capacitou homens que agiram com coragem e convicção. Deixaram-nos um legado rico. Que Deus nos dê graça para desfrutar deste legado, e sabedoria para preservá-lo” (James Brown).


© 2020 W. J. Watterson

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