Monday 2 November 2020

A cruz de Cristo — Meditações 204

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Segunda-feira, 02/11/2020

A cruz de Cristo — Meditações 204

A expressão “a cruz de Cristo” é mais um exemplo de palavras (ou expressões) que ocorrem somente três vezes no NT. Uma vez apenas temos a expressão semelhante, porém mais intensa, “a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6:14); diversas vezes lemos sobre a cruz; mas a expressão “cruz de Cristo” só ocorre em três epístolas de Paulo.

Nestas três ocorrências vemos como o mundo e a cruz estão completamente separados um do outro. Veja os detalhes:

a. “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã” (I Co 1:17). O que o Espírito Santo está ensinando através de Paulo é que, se tentamos evangelizar confiando em “sabedoria de palavras”, estamos desconfiando do poder da cruz (tornando-a “vã” neste sentido). Por outro lado, se cremos no poder da cruz para salvar todo aquele que crê, diremos como Paulo: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito Santo e de poder” (2:4). O trecho todo, de 1:17 a 2:16 enfatiza isto — o que convence e salva o pecador não é a retórica do mundo (isto é, “palavras persuasivas de sabedoria humana”), mas a apresentação simples e convincente da cruz de Cristo!

b. “Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo” (Gl 6:12). O problema na Galácia era que alguns preferiam agradar aos homens quanto a assuntos religiosos do que enfatizar a suficiência da cruz (veja 2:12-14 e 21). Alguns, não querendo ser desprezados pela sua confiança na morte do Senhor Jesus, preferiam os rituais religiosos que tanto agradam ao coração sem Deus!

c. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3:18-19). O problema em Filipos era pessoas dando mais valor às coisas materiais do que à cruz, chegando a ser chamados de inimigos da cruz!

Veja o quadro que estas três passagens apresentam. De um lado temos o mundo, com sua retórica vã (I Coríntios 1 e 2), sua religiosidade vã (Gálatas 6), e suas riquezas vãs (Filipenses 3). Em contraste e oposição ao mundo, temos — não o Céu, mas — “a cruz de Cristo!” Enquanto o mundo proclama as perfeições da sua sabedoria, o poder da sua religião, e os prazeres das suas riquezas (as “coisas terrenas”), nosso Senhor nos apresenta a Sua cruz.

Qual nos atrai mais? Estamos dispostos a abraçar a cruz, e crucificar o mundo? Que possamos dizer, com Paulo: “Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual *o mundo está crucificado para mim* e eu para o mundo” (Gl 6:14).


© 2020 W. J. Watterson

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