Thursday 12 November 2020

Lugar vazio — Meditações 214

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Quinta-feira, 12/11/2020

Lugar vazio — Meditações 214

Era o dia da Lua nova — havia uma solenidade marcada, mas diz a Escritura que por duas noites consecutivas “o lugar de Davi apareceu vazio” (I Sm 20:25, 27). Saul imediatamente percebeu a ausência de Davi, e aquilo o irritou sobremaneira. Nas circunstâncias que Saul e Davi viviam, o lugar vazio simbolizava muita coisa!

O mesmo acontece inúmeras vezes no decorrer dos séculos. A igreja em Pirassununga, nos seus quase cinquenta anos de existência, já viu o lugar de muitos irmãos e irmãs ficar vazio — não no sentido de faltar de uma ou outra reunião, nem pensando na situação presente que vivemos com esta pandemia, mas no sentido de abandonar a comunhão dos irmãos.

Dias atrás vi na rua o E********* (só os bem antigos lembrarão dele), e pensei na situação tão comum que ele representa (situação comum não só aqui, mas no mundo inteiro). Irmãos e irmãs que caminhavam em comunhão com sua igreja local, e depois se afastaram.

E de quem é a culpa? Será que alguns destes teriam permanecido conosco se nós que ficamos tivéssemos nos esforçado mais para ajudá-los? Pode ser — por outro lado, talvez os que ficaram não fizeram mais pelo simples motivo que já estavam no fim das suas forças (a maioria das pessoas não é tão forte quanto aparenta ser). Sem saber de todos os detalhes (e nunca sabemos!) não podemos julgar; só o Senhor sabe realmente a situação de cada um.

A única certeza que temos é que é sempre triste ver que o lugar de alguém “apareceu vazio.”

Quem partiu não tem direito de culpar quem ficou, como se a falha de alguém (ou alguns) em mostrar amor para comigo fosse justificativa para que eu abandonasse a comunhão da igreja — a exortação do Novo Testamento nos diz claramente para não abandonarmos a nossa congregação (Hb 10:25).

Por outro lado, quem ficou não tem o direito de considerar-se superior ou mais forte espiritualmente. Se você estivesse nas mesmas circunstâncias de quem partiu, será que teria ficado? Não posso criticar quem está manquejando se nunca andei com o sapato dele!

Não estou querendo lançar sobre nós a culpa pelos abandonos do passado — cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus (Rm 14:12). Mas eu preciso sentir mais intensamente as perdas que tivemos, e examinar meu coração na presença de Deus. Estou fazendo o que posso para ajudar a todos que fazem parte da igreja? Se alguém nos deixar amanhã, sentirei tristeza por isso?

Nenhum de nós pode fazer tudo, e nenhum de nós é responsável por todos — mas creio que cada um de nós pode fazer mais para preservar a igreja que Deus tanto ama!


© 2020 W. J. Watterson

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