Sábado, 14/11/2020
Cristo no Apocalipse — Meditações 216
Nosso Senhor avisou que, nos dias da Tribulação, “o amor de muitos esfriará” (Mt 24:12). Não estamos ainda naquele tempo (que só começará depois do Arrebatamento da Igreja), mas certamente os primeiros sinais deste esfriamento já estão entre nós. Na sociedade em que vivemos o materialismo e o egocentrismo avançam, e vemos os reflexos disto em nossas próprias almas. As pessoas gastam cada vez mais tempo e recursos com sua aparência, seus filhos, e sua diversão, e o Senhor acaba recebendo pouca coisa dos Seus. Lamentavelmente, creio que temos que reconhecer que nosso amor está esfriando.Poderemos obter muita ajuda contra este mal estudando o último livro da Bíblia, Apocalipse. Não estudando simplesmente do ponto de vista intelectual, mas tendo atenção ao alvo do livro e à nossa atitude.
a. Atenção ao alvo. Apocalipse começa com uma frase que descreve o objetivo do livro: é “a revelação de Jesus Cristo”. Creio que devemos entender as palavras “de Jesus Cristo” não meramente como subjetivas, mas sim como objetivas. Em outras palavras, João não está simplesmente dizendo que Cristo é o autor desta revelação, mas mais do que isto — Ele é o assunto dela.
Eis o propósito deste livro: revelar-nos o Senhor Jesus Cristo. Não é, em primeiro lugar, uma revelação de acontecimentos futuros, mas a revelação de uma Pessoa! É verdade que Deus afirma que esta revelação foi dada “para mostrar … as coisas que brevemente devem acontecer” — mas os acontecimentos futuros são o propósito secundário deste livro. Primeiro é uma revelação acerca do próprio Senhor. Os acontecimentos futuros são descritos, mas somente na medida em que nos ajudam a compreender o propósito que Deus tem em exaltar o Seu amado Filho.
Podemos notar este mesmo princípio em toda a Palavra de Deus. A maior parte da vida dos patriarcas, profetas e reis foi omitida; Deus só selecionou aquilo que, direta ou indiretamente, nos ajudaria a entender a história de Cristo. Ele é o propósito e cumprimento da Palavra de Deus. “O testemunho de Jesus é o espírito da profecia” (Ap 19:10).
b. Atenção à atitude. O Apocalipse, realmente, é uma revelação. Mas engana-se quem pensa que todos que procurarem entender esta revelação acerca do Filho de Deus serão bem-sucedidos. Pois a revelação não é para todos; é para mostrar “aos Seus servos”. A palavra traduzida “servos” não é diakonos (“ministro”), mas doulos (“escravo”). É inútil tentar entender este livro (ou qualquer parte da Bíblia) confiando na sabedoria ou entendimento humano; é perda de tempo trazer um espírito orgulhoso e exaltado ao Apocalipse. Este é um livro que, para os servos de Deus, para aqueles que tomam a posição de escravos diante do seu Senhor, será uma revelação preciosa dos propósitos dEle acerca do Seu Filho. Para os entendidos e sábios deste século, porém, será um livro obscuro, profundo e quase inacessível.
Nos próximos domingos, se Deus permitir, gostaria de destacar algumas das glórias de Cristo reveladas neste último livro da Bíblia. Um livro que o próprio Senhor Jesus dividiu em três partes, quando disse para João: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (1:19). Como muitos já tem enfatizado, o cap. 1 pode ser descrito pela frase “as coisas que tens visto” (que, para João, eram passadas), os caps. 2 e 3 referem-se às coisas “que são” (para João, coisas do presente), e do cap. 4 até o final do livro temos coisas que ainda “hão de acontecer” (coisas futuras).
Que possamos ver as glórias de Cristo no Apocalipse, para que nosso amor por Ele aumente, e nossa confiança nEle seja cada vez mais firmada. Diz o terceiro versículo do livro:
“O tempo está próximo”.
E o livro encerra com estas palavras:
“Certamente cedo venho.”
“Amém. Ora vem, Senhor Jesus”.
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém!”
© 2020 W. J. Watterson
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