Sábado, 28/11/2020
Apocalipse 1:5-6 — Meditações 230
Depois de nos falar do que Cristo é (quanto ao passado, presente e futuro; 1:4-5), agora o Espírito nos mostra três coisas que Cristo fez por nós — e, como a perfeição da Bíblia nos levaria a esperar, estas três bênçãos tem um paralelo com a tripla descrição do Salvador no trecho anterior. A Fiel Testemunha nos lavou com Seu sangue; o Primogênito dentre os mortos nos ama; o Príncipe dos reis da Terra também nos fez reis e sacerdotes.A ordem aqui é diferente — não temos a sequência simples do passado até o futuro, mas começa com o presente. Não sei o motivo para isto; mas é interessante ver que o título que enfatiza a eternidade de Deus — “aquele que é, que era e que há de vir” (1:4) — também segue esta ordem. Começa no presente, enfatizando que nEle não há variação. Ele sempre é o que foi, e continuará sendo o mesmo.
O presente — Ele nos ama!
Quanto ao presente, lemos que Ele nos ama (somente a versão Trinitariana traduz “amou”, as demais usam “ama). Aquele que foi descrito tão gloriosamente — o Mártir fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Príncipe dos reis da Terra — este, tão majestoso e sublime, Ele nos ama! A nós, que somos pecadores fracos e indignos! Que mistério da graça de Deus!
Na Meditação 211 foram destacadas as únicas três ocorrências no NT da expressão “o amor de Cristo”. Ela nos fala sobre nossa segurança em Cristo (Rm 8:35 — como posso pensar em perder a salvação se o Salvador me ama?), nosso serviço para Cristo (II Co 5:14 — como ficar calado diante de tal amor?), e nossa satisfação com Cristo (Ef 3:19 — precisamos “conhecer o amor de Cristo”). O amor de Cristo é aquilo que me dá segurança presente e eterna, que me estimula a serviço dedicado e constante, e que satisfaz as aspirações do meu espírito.
Efésios cap. 5 nos lembra que este amor serve de exemplo para todo cristão (v. 2) e para os maridos (v. 25). Eu devo amar como Cristo me amou; o amor dEle é o padrão pelo qual devemos medir nosso amor!
Páginas e mais páginas poderiam ser escritas (aliás, já foram escritas, por muitos servos de Deus) sobre o amor de Cristo, suas características e suas bênçãos. Mas repare um detalhe: aqui em Apocalipse, o Espírito Santo não está falando das bênçãos que nós temos recebido através do Seu amor, nem em quão grande e eterno é este amor. Seu amor não é apresentado como sendo a razão ou justificativa de algo maior; não é que Ele nos amou, e portanto nos lavou. Não; o que temos é uma frase autônoma, independente: Ele nos ama!
É só isto que o Espírito quer falar aqui: Ele nos ama! Não há nenhuma descrição do Seu amor, apenas a menção deste fato sublime: Ele nos ama! Não há nenhuma explicação deste amor (quem pode compreender o amor de Cristo?). Não há nenhuma lista de bênçãos decorrentes deste amor! Não; é somente a constatação duma verdade: Ele nos ama!
E como são preciosas estas palavras ao coração do cristão. Cristo me ama! Como posso sentir-me só e desamparado, se lembrar que Ele me ama? Como sentir-me desanimado pelas provações, se Ele me ama? Como reclamar e lamentar, quando lembro que Ele me ama?
O principal fato a ocupar nossa mente durante nossa longa e cansativa peregrinação aqui na Terra é isto: Ele nos ama! Temos falhas, sim; é verdade que somos perseguidos; com certeza, há muito aqui na Terra para nos entristecer e desanimar; mas esqueçamo-nos de todas estas coisas, e procuremos lembrar que Ele nos ama!
Esta deveria ser a verdade que preenchesse o nosso presente. Não precisamos viver hoje derrotados pelas tribulações e problemas da vida. Devemos viver lembrando do Seu amor, sendo constrangidos por esse amor a servi-Lo, desejando cada vez mais conhecer o amor de Cristo. Se há algo, hoje, que deve me ocupar e cativar, é esta verdade sublime: Cristo me ama!
[Continua amanhã, se Deus permitir]
© 2020 W. J. Watterson
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