Sunday, 22 November 2020

Primogênito e Príncipe — Meditações 224

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Terça-feira, 22/11/2020

Primogênito e Príncipe — Meditações 224

Ontem pensamos sobre o primeiro dos três títulos dados ao Senhor na Saudação de Apocalipse (1:4-6): a Fiel Testemunha, que nos remete principalmente àquilo que é passado — a morte e ressurreição do Senhor. Continuando, lemos que Ele é o Primogênito dentre os mortos, e o Príncipe dos reis da Terra.

O presente — o Primogênito

Ele recebe o título de “Primogênito dentre os mortos”; isto nos lembra da Sua condição presente, pois hoje Ele está vivo à destra do Pai.

Mas alguém pergunta; como Ele é o “Primogênito” na ressurreição, se houve muitas ressurreições no Velho Testamento (I Re 17:22, etc.), assim como no Novo (Jo 11:43-44, etc.), antes do dia glorioso da Sua ressurreição? Se outros ressuscitaram antes dEle, como pode Ele ser o Primogênito dentre os mortos?

A palavra “primogênito” é usada muitas vezes na Bíblia para indicar o mais importante, o principal. Cristo é, sem dúvida, o principal na ressurreição. Dentre todos os que já ressuscitaram, dentre todas as hostes que ressuscitarão no fim dos tempos, há um que ofusca a todos, como o Sol ofusca as estrelas: Cristo, o Primogênito dentre os mortos.

Mas mesmo atendo-nos ao significado original da palavra (“primeiro em relação ao tempo”) podemos ver pelo menos duas maneiras em que Cristo é o Primogênito dentre os mortos.

i) Ele é o primeiro (e, por enquanto, o único) que ressurgiu para nunca mais morrer. Todos aqueles que, no passado, ressurgiram, voltaram a ter corpos corruptíveis, sujeitos à morte; mas Cristo ressurgiu e “vive para sempre” (Hb 7:25). Um dia todos estaremos na mesma condição (Jo 5:28-29) — hoje, porém, não há ninguém que tenha passado pela morte e que já recebeu seu corpo pela ressurreição.

ii) Em segundo lugar, todos aqueles que ressuscitaram no passado foram ressuscitados por algum profeta, ou pelo Senhor Jesus mesmo, mas Cristo é o primeiro (e o único) que ressuscitou pelo Seu próprio poder e autoridade.

Com razão o Espírito o chama “o Primogênito dentre os mortos”!

O porvir — o Príncipe

Cristo é também “o Príncipe dos reis da Terra”; isto leva os nossos pensamentos ao futuro, à Sua posição de glória eterna. “Príncipe” aqui não quer dizer o filho de um rei (como em português), mas indica alguém em autoridade. Poderíamos traduzir “o Rei dos reis da Terra”, “o Senhor dos senhores”, “o Governador de todos que governam”.

O Senhor já é o Príncipe dos reis da Terra, mas a humanidade ainda não O reconhece como tal. Mas no final da Tribulação muitos “combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Ap 17:14). Ele estará então sentado sobre o Seu trono, regendo com vara de ferro as nações; e no manto da Sua coxa estará escrito o Seu nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19:15-16). Que dia glorioso será aquele; e diz a Bíblia que nós estaremos associados com Ele na Sua glória (Ap 17:14; 19:14; 20:6; etc.)!

Que possamos entronizar, em nossas vidas e em nossos corações, aquele que é o Senhor da glória, o Príncipe dos reis da Terra, “mais sublime do que os Céus” (Hb 7:26).

A sequência

Na sequência destes três títulos aprendemos que o Primogênito e Príncipe foi, primeiro, o Pregador, a Testemunha. Aquele que os homens rejeitaram (a Fiel Testemunha) é o mesmo que venceu a morte (o Primogênito dentre os mortos) e ao qual todos terão que sujeitar-se um dia (o Príncipe dos reis da Terra).

É proveitoso comparar estes três títulos com os três Salmos do Pastor: vemos a Testemunha Fiel até à morte no Salmo 22, o Primogênito dentre os mortos nos pastoreando hoje no Salmo 23, e o Príncipe dos reis da Terra em glória no Salmo 24.

Nestes três títulos também podemos ver o Senhor como Profeta, Sacerdote e Rei. O profeta é aquele que, perante os homens, dá testemunho de Deus e da verdade, assim como o Senhor Jesus é a Fiel Testemunha, o Profeta que foi fiel até a morte. O sacerdote entra na presença de Deus para interceder pelos homens, assim como Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, sendo o Primogênito dentre os mortos, entrou no Céu, e está vivo hoje para interceder por nós (Hb 7:25). O rei, obviamente, é aquele que governa, e sabemos que o Senhor reinará sobre todos.

No passado, homens eram ungidos para oficiarem como sacerdotes, profetas e reis, mas ninguém pôde cumprir estas três funções. Melquisedeque era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, mas não era profeta (Gn 14:18). Samuel era profeta, e cumpria as funções de um sacerdote; mas jamais foi rei (I Sm 3:20; 7:9). Davi era rei, e seus salmos mostram que também cumpria as funções de um profeta; mas jamais foi sacerdote. É somente o nosso eterno Salvador que pode ser, ao mesmo tempo, Profeta, Sacerdote e Rei! Só Ele pode cumprir plenamente tudo aquilo que vários homens capacitados não puderam fazer.

Tudo aquilo que o homem tentou fazer para Deus, todos os cargos para os quais Deus ungiu um homem, todos estes juntos só são satisfeitos em Cristo!

Glória, pois, a este Profeta, Sacerdote e Rei: a Fiel Testemunha, o Primogênito dentre os mortos, e o Príncipe dos reis da Terra!


© 2020 W. J. Watterson

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