Saturday 21 November 2020

A fiel Testemunha — Meditações 223

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Sábado, 21/11/2020

A fiel Testemunha — Meditações 223



Continuando a pensar sobre as glórias do Senhor Jesus em Apocalipse, quero começar a considerar hoje (e terminar amanhã, se Deus permitir) a tripla descrição dEle na Saudação do livro.

Depois que o Espírito Santo apresentou o assunto deste livro no Prefácio (1:1-3 — o assunto é Cristo), Ele agora revela, na Saudação (1:4-6), uma pequena amostra das glórias de Cristo que serão reveladas no decorrer do livro.

Primeiro lemos que a Trindade é a fonte de toda graça e paz de que o povo de Deus precisa. Lemos do Pai (“aquele que é, que era, e que há de vir”), do Espírito Santo (“os Sete Espíritos que estão diante do Seu trono”), e de Jesus Cristo. Mais uma vez temos o nome que nos lembra da exaltação do Carpinteiro de Nazaré.

Repare o quiasma:

• O Pai — três aspectos;
    • O Espírito — sete aspectos;
• O Filho — três aspectos.

O Filho, assim como o Pai, é descrito neste trecho em relação ao passado, presente e futuro. Repare, porém, que Ele “é” todas estas coisas. Ele não é apresentado como aquele que “foi” a Fiel Testemunha, e que “será” o Príncipe dos reis da Terra; Ele “é” estas coisas, um Deus que não muda, “o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13:8). Cada um dos nomes, porém, trará à nossa memória aspectos diferentes da Sua pessoa.

O passado — a Fiel Testemunha

Cristo é “a Fiel Testemunha”; isto nos leva ao passado, falando da Sua encarnação e morte. A palavra traduzida “testemunha” é martus, cujo significado original era: “alguém que testifica de alguma coisa, pessoa ou acontecimento”. Na época em que João escreveu, porém, a palavra tinha adquirido também outro significado, sendo usada para descrever aqueles que testemunhavam até a morte (é do grego martus que vem a palavra portuguesa “mártir”). É neste sentido que a palavra é usada no Apocalipse; nosso Senhor Jesus Cristo é o Mártir, a Testemunha que foi fiel até a morte, e morte de cruz.

Ele é o exemplo máximo de fidelidade para cada um de nós, caminhando sem vacilar para o Calvário. Jamais houve uma hesitação, alguma possibilidade dEle falhar nesta obra tão penosa. Houve, sim, o horror da Sua alma santa ao pensar na maldição da cruz; mas Ele nunca pensou em voltar atrás. Na noite em que foi traído, e antes da agonia no Getsêmani, o Senhor disse ao Pai: “Eu glorifiquei-Te na Terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo 17:4). A obra ainda não estava feita; o Senhor ainda não havia padecido na cruz; mas tal é a Sua fidelidade que Ele podia declarar a obra consumada de antemão! Nenhum de nós pode dar garantias quanto ao futuro; mas Ele é Fiel. A cruz é a prova desta verdade gloriosa!

Convém destacar que Sua fidelidade não foi manifestada só no Calvário. Não é simplesmente que Ele foi fiel uma vez, mas sim que Ele é fiel para sempre. Ele é a Fiel Testemunha. Em 19:11 aprendemos que “Fiel” não é simplesmente uma descrição dEle, mas é um dos Seus títulos

Quanta segurança o cristão encontra em seu Senhor. Ele nos diz: “Eu lhes dou a vida eterna, e nunca hão de perecer” (Jo 10:28). E Ele pode falhar? Não; Ele é absolutamente fiel!

Louvemos a este Salvador cujo nome é “Fiel”!

Antes de deixar este assunto, porém, convém perguntar: eu e você, que somos chamados cristãos, discípulos de Cristo, somos fiéis? A fidelidade de Cristo custou-Lhe a vida; estaremos dispostos a pagar qualquer preço para sermos fieis? Ele já nos avisou que “não é o discípulo mais do que o mestre … Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10:24-25). Se Ele foi desprezado e perseguido pelo mundo, como pode o mundo nos receber de braços abertos? Se formos fieis, como Ele foi fiel, seremos perseguidos, como Ele foi perseguido. Não necessariamente com açoites e pedras, mas com o mesmo ódio com que odiaram ao nosso Senhor (II Tm 3:12). Quão parecidos com Cristo estamos procurando ser?


© 2020 W. J. Watterson

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