Monday 30 November 2020

A seu tempo — Meditações 232

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Segunda-feira, 30/11/2020

A seu tempo — Meditações 232

Ocorrências de palavras ou assuntos 

Começando com a meditação 176, tenho tentado apresentar alguns exemplos de uma característica da Bíblia que confirma sua inspiração: o fato de Deus repetir certas palavras ou expressões três vezes, e estas ocorrências, em contextos diferentes, manifestarem uma interligação evidente. Desde então, temos visto sete exemplos desta interligação entre partes diferentes das Escrituras.

Outro exemplo interessante é a expressão “a seu tempo” relacionada com “palavras”. Três vezes apenas a Bíblia (sempre no VT) fala de “palavras a seu tempo” — mas cada trecho usa uma expressão diferente no hebraico! Todos usam a palavra dabar (01697, “palavra”), mas cada um usa uma palavra diferente traduzida “a seu tempo”. Os três trechos juntos nos ensinam muito sobre o valor de saber quando falar:

a. “O homem se alegra em responder bem, e quão boa é a palavra dita a seu tempo!” (Pv 15:23). “A seu tempo”, aqui, é ayth (06256, tempo, época), relacionada ao relógio. Salomão está nos lembrando que “há tempo de estar calado, e tempo de falar” (Ec 3:7). Ser precipitado com os lábios é terrível (Pv 29:20) — mas ficar calado quando é hora de falar é igualmente errado (Et 4:14; Pv 24:11-12; 31:8; Lc 19:40; At 4:20). O bom exemplo é o de Eliú (Jó 32:4); ele não deixou de falar, mas esperou o momento certo para falar. Palavras boas e corretas são muitas vezes desperdiçadas, porque não tivemos paciência de esperar meia hora, ou meia semana!

b. “Como maças de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25:11). “A seu tempo” aqui é ofen (0655, circunstância, condição), e está mais ligada às circunstâncias do que à passagem do tempo. No cap. 15 aprendemos que às vezes é melhor segurar uma palavra para outra oportunidade; aqui é dito que às vezes é melhor segurar uma palavra para outra pessoa, outra circunstância! Há situações que exigem uma resposta (na hora certa), mas há situações em que a melhor resposta é não responder nada! Lembramos do Senhor: “como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim Ele não abriu a Sua boca” (Is 53:7). Lembramos do profeta que começou a repreender Amazias, mas logo “parou o profeta, e disse: Bem vejo eu que já Deus deliberou destruir-te” (II Cr 25:16). Existem até certas situações pelas quais somos instruídos a não orar! (I Jo 5:16).

c. “O Senhor Deus me deu uma língua erudita, para que Eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado” (Is 50:4). “A seu tempo”, aqui, está ligado [veja nota] com a ideia de trazer socorro para quem precisa. Sendo que aqui temos o exemplo perfeito do Servo perfeito, creio que podemos reunir tudo que pensamos acima, e dizer: “Eis alguém que, toda vez que falava, falava a palavra certa, para a pessoa certa, na hora certa. E com a entonação certa, e tudo o mais que for bom e correto!”

Em tudo, Cristo é o exemplo perfeito — e, comparado com Ele, todos nós nos sentimos terrivelmente inadequados nesta área. Ah, que Deus nos ajude para que nossas palavras sejam agradáveis, faladas na hora certa (Pv 15:23) — valiosas, faladas no contexto certo (Pv 25:11) — e úteis, faladas para quem estava realmente precisando delas (Is 50:4).

* Nota:
No texto hebraico, Isaías 50:4 diz: “… Eu saiba [v] ajudar [v] com palavras [sub] o cansado [adj]” — temos dois verbos, um substantivo e um adjetivo. A nossa tradução, obviamente, é muito mais expressiva, e traduz perfeitamente toda a riqueza do hebraico. A figura é de alguém quase desmaiando, suas forças esgotadas — mas Cristo vem, e Suas palavras trazem ânimo, consolo e força, levantando aquele que desmaiava.


© 2020 W. J. Watterson

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