Filadélfia: o santo e verdadeiro Rei — Meditações 307

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo. Estão sendo arquivadas aqui na esperança que talvez ajudem mais alguém.

Sábado, 13/02/2021

Filadélfia: o santo e verdadeiro Rei — Meditações 307

A carta à igreja em Filadélfia (Ap 3) não contém nenhuma censura da parte do Senhor. A este remanescente fiel Ele se apresenta como o Santo, o Verdadeiro, e o que tem a chave de Davi. São três descrições que não fazem parte da visão do cap. 1, e que convém considerar mais detalhadamente.

O que é santo

Sete vezes no NT o Senhor Jesus Cristo é chamado “santo”. Aqui em Apocalipse 3:7 é Ele próprio quem Se identifica desta forma, mas há muitos que concordam com Seu testemunho. Lemos de uma igreja duas vezes chamando-O publicamente de “Teu Santo Filho Jesus” (At 4:27, 30). O apóstolo Pedro disse aos habitantes de Jerusalém: “Vós negastes o Santo e o Justo” (At 3:14). Também lemos do anjo Gabriel, antes do nascimento do Senhor, anunciando a Maria: “O Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35). E até Seus inimigos tiveram que reconhecer esta verdade — duas vezes lemos que um demônio clamou em alta voz: “Bem sei quem és: o Santo de Deus” (Mc 1:24 e Lc 4:34).

Antes do Seu nascimento, lemos que Gabriel, que O conhecia há milhares de anos, já afirmava a Sua santidade. Durante a Sua vida aqui na Terra, um demônio (que O conhecia a tanto tempo quanto Gabriel, e que conhecera inclusive a Sua justiça ao ser condenado por Ele) também deu testemunho da Sua santidade. E depois da Sua morte e ascensão, vemos os salvos (Pedro em At 3:14, e a igreja em Jerusalém em At 4:27, 30) concordando com o veredito do Céu.

Portanto, amigos e inimigos, anjos, demônios e homens, todos concordam plenamente em afirmar que Jesus Cristo é o Santo de Deus, completamente separado do mundo e do pecado, separado para Deus.

O que é verdadeiro

Ele é também “Verdadeiro”, aquele em quem não há engano nem falsidade. No Evangelho de João Ele é chamado “a luz verdadeira”, “o verdadeiro pão do Céu”, e “a videira verdadeira” (Jo 1:9; 6:32; 15:1). Ele é o único digno de toda confiança, o único em quem não há nada falso. No final do livro, esta mesma palavra é usada como um nome dEle: “Vi o Céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-Se Fiel e Verdadeiro” (19:11).

O que tem a chave de Davi

Nestes três detalhes que o Senhor menciona à igreja em Filadélfia vemos mais uma vez o Senhor como Sacerdote, Profeta e Rei. A primeira descrição usada aqui (“Santo”) é a característica essencial do sacerdote, e nos lembra especialmente da posição de Cristo durante este tempo presente. A segunda (“Verdadeiro”) é a característica essencial do profeta, e lembra-nos especialmente do Seu ministério aqui na Terra. Esta terceira está relacionada com o reino de Davi, e lembra-nos especialmente do reino futuro de Cristo.

As palavras mencionadas aqui são uma citação de Isaías 22:22, onde lemos da rejeição de Sebna e da escolha de Eliaquim para mordomo da casa de Davi. O relato de Isaías mostra-nos de forma muito bela o quanto Cristo é Santo e Verdadeiro.

Sebna, colocado em posição de autoridade, exaltou-se, e foi rejeitado por Deus. Eliaquim, seu substituto, receberia de Deus a autoridade total sobre a casa de Davi — a autoridade para resolver todos os negócios relacionados à casa do rei. A sua autoridade seria plena — ele abriria e ninguém fecharia, ele fecharia e ninguém abriria.

Assim é Cristo. Todos os muitos servos que Deus já escolheu falharam, em menor ou maior escala. Mas Deus tem o Seu servo escolhido, aquele a quem Ele deu as chaves de Davi. Este é Santo e Verdadeiro. Ele jamais irá se envolver em qualquer tipo de pecado, e jamais irá se envolver em qualquer engano. Ele, e apenas Ele, é suficiente para governar sobre a casa de Deus.

Por isso Deus lhe deu autoridade suprema. Quando Ele abre uma porta, não há poder ou autoridade no Universo capaz de fechá-la. Quando Ele fecha uma porta, ninguém pode abri-la. Em outras palavras, nem as autoridades políticas ou eclesiásticas deste mundo, nem Satanás e suas hostes, podem ir contra os Seus propósitos. Se Ele decidir abrir as portas do Céu e derramar Suas bênçãos, quem o impedirá? Se Ele decidir fechar as portas do Céu em juízo, quem livrará? Se Ele abre uma porta de oportunidade para um servo, ou uma igreja, o caminho está completamente livre. Mas se Ele fechar tal porta, é inútil tentar abri-la.

Ele é o Santo e Verdadeiro Rei que tem toda a autoridade no Céu e na Terra. Cremos realmente nisto? Confiamos todas as nossas necessidades à Ele? Clamamos a Ele para abrir portas de oportunidade para nós, e fechar as portas que o inimigo poderia usar? Ou clamamos aos homens?

Convém pensarmos nestas coisas, principalmente neste contexto de pandemia.


© 2021 W. J. Watterson