Sete colunas — Meditações 317

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo. Estão sendo arquivadas aqui na esperança que talvez ajudem mais alguém.

Terça-feira, 23/02/2021

Sete colunas — Meditações 317

“De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2:41-42).

A primeira igreja local foi a de Jerusalém. Esta dispensação atual (em que o testemunho de Deus na Terra não compete mais a Israel, mas a igrejas locais) começou em Atos cap. 2 com o batismo no Espírito Santo (At 2:1-4; I Co 12:13). Naquele mesmo dia, uma multidão de salvos passou a reunir-se regularmente em Jerusalém. Os dois versículos acima destacam sete coisas que caracterizaram cada um dentre aquela grande multidão (compare com as sete colunas edificadas na casa da Sabedoria; Pv 9:1); sete características essenciais para todo salvo:

1. Receberam a Palavra;
2. Foram batizados;
3. Agregaram-se;
4. Perseveram na doutrina dos apóstolos;
5. Perseveram na comunhão;
6. Perseveram no partir do pão;
7. Perseveram nas orações.

Como é comum em grupos de sete na Bíblia, podemos dividir a lista em 3 e 4: as primeiras três indicam ações tomadas naquele dia, e que não se repetiram; as últimas quatro são coisas nas quais eles perseveravam nos dias que seguiram.

Os primeiros passos 

Num mesmo dia, cada pessoa desta multidão recebeu de bom grado a Palavra (isto é, concordou com a pregação do Evangelho, e portanto creu no Senhor Jesus Cristo), foi batizada (em obediência ao mandamento dEle), e “agregou-se” (isto é, uniu-se formalmente àquele grupo, desejando fazer parte daquela comunidade, a igreja local em Jerusalém).

Há pelo menos dois detalhes importantes aqui. O primeiro é a ordem destes três passos — não podemos mudá-la. Só deve ser batizado quem já creu, e só deve ser recebido como membro de uma igreja local quem já creu e foi batizado.

O segundo é que esta sequência de passos tem um objetivo muito claro: pecadores passaram a fazer parte de uma igreja local. O resultado da sua salvação e batismo não foi uma comunhão esporádica com outros salvos, mas um compromisso sério e duradouro, resultado de decisões deliberadas e conscientes.

Quem creu, sabia muito bem o que estava fazendo. Não foi um acidente, ou algo espontâneo — foi um ato de fé consciente. Da mesma forma, quem foi batizado sabia que seria perseguido. Seria necessário coragem e convicção para ser batizado em Jerusalém naqueles dias, identificando-se publicamente com um Homem que as autoridades romanas e judias haviam crucificado poucas semanas antes. E o “agregar-se” foi, igualmente, um ato consciente. Estas pessoas decidiram virar as costas ao sistema religioso judaico, e passar a fazer parte da igreja em Jerusalém — com todo o vitupério associado a isto.

É isto que almejamos ver hoje em dia. Pessoas salvas pela fé no Senhor Jesus, batizadas por obediência a Ele, e agregando-se a uma igreja local por amor ao Seu nome. A ideia de uma igreja local sendo um “lugar que eu frequento” — um conceito que é muito atraente para a sociedade moderna — não se encontra no Novo Testamento. Deus ensina que uma igreja local é um corpo do qual eu faço parte (isto é, devo me dedicar a servir a Deus na igreja dEle, para a glória dEle), não uma entidade que deve me ajudar.

É claro que quem se dedica a servir a Deus numa igreja local será amplamente abençoado por este serviço — mas precisamos entender que a igreja não é um hospital (para tratar dos fracos), nem um clube (para distrair os fortes), nem um restaurante (para alimentar espiritualmente os famintos). Ela fará tudo isto para quem é sincero, mas ela é, primeiramente e essencialmente, um templo onde servimos a Deus (I Co 3:16-17). Uma igreja local forte fornecerá restauração, refrigério e alimento espiritual — mas fará isto para aqueles que colocarem seus ombros no jugo, e trabalharem para Deus, servindo o próximo.

Assim, estes primeiros três passos falam de conversão, confissão e compromisso, e destacam a preciosa responsabilidade que é ter comunhão numa igreja local.

Se Deus permitir, amanhã concluímos o assunto.


© 2021 W. J. Watterson