Sábado, 27/02/2021
O Cordeiro e o livro — Meditações 321
Já consideramos resumidamente os primeiros três capítulos de Apocalipse — a partir do cap. 4 temos visões futuras, que serão cumpridas depois que a Igreja for arrebatada. Continuemos procurando destacar as glórias de Cristo neste livro.A visão do Cordeiro (4:1-5:14)
Os caps. 4 e 5 apresentam-nos uma visão gloriosa de adoração diante do trono de Deus nos Céus. Toda a corte celestial foi convocada por Deus para esta ocasião solene, que nos é apresentada de forma a destacar a Pessoa do Cordeiro.
Começamos o cap. 4 focalizando o trono, vendo toda a glória de Deus e do Espírito Santo (4:2-5). Daí são apresentados os quatro seres viventes (4:6-8) que estão ao redor do trono (sugiro que são os mesmos querubins mencionados em Ezequiel caps. 1 e 10). Depois o foco se abre mais ainda, e vemos a ação dos vinte e quatro anciãos (4:9-11) que estão ao redor do trono, sentados em vinte e quatro tronos menores, e que já haviam sido mencionados no v. 4. Então é feita a proclamação: “Quem é digno de abrir o livro?” e vemos, pasmos, que em todas as esferas possíveis (no Céu, na Terra, e debaixo da Terra, 5:3) não foi achado ninguém digno de abrir o livro.
Repentinamente o foco se fecha novamente — nossa atenção é trazida de volta ao trono, no meio do qual agora vemos o Cordeiro (5:5-6). Então o foco volta a se alargar, apresentando um louvor crescente: primeiro os seres viventes e os anciãos (v. 8); depois as multidões de anjos (v. 11); e finalmente contemplamos tudo que existe, em todas as esferas, louvando ao Cordeiro (v. 13)!
Mesmo sem considerar os detalhes, este quadro geral mostra a sublimidade única do Cordeiro. Tudo depende dEle; todos olham para Ele; todos exaltam e glorificam a Ele. Os planos de Deus giram em torno dEle (Ef 1:10) — e os nossos?
Repare três coisas neste trecho: as circunstâncias, o Cordeiro, e o coro.
As circunstâncias
Esta visão, quando vista no seu contexto inteiro (caps. 4 e 5), deixa bem claro que o Cordeiro foi manifesto quando toda a multidão reunida no Céu percebeu que não havia nenhuma outra opção. Como já fora profetizado no VT, o próprio braço de Deus nos trouxe a salvação, porque não havia nenhum outro ajudador (Is 59:16, 63:3-5). Como é necessário lembrar que nosso Senhor não é Um entre diversas opções — Ele é o único que tinha poder para executar os propósitos de Deus. Ele não é simplesmente o único que Se prontificou a nos salvar, mas o único que poderia fazer isto — ninguém mais era digno!
Toda a ação nestes dois capítulos gira em torno de um livro que é apresentado diante do trono de Deus, um livro que “ninguém no Céu, nem na Terra, nem debaixo da Terra” podia abrir, nem mesmo olhar para ele, a não ser o Cordeiro. Seguindo a interpretação de J. Allen no comentário Ritchie, e baseado em Jeremias 32:6-14, creio que o livro representa a escritura de posse da Terra.
Quando Deus criou a Terra, Ele colocou Adão como sendo o príncipe deste mundo, e fez com que ele tivesse domínio sobre as obras das Suas mãos (Sl 8:6). Adão, porém, falhou terrivelmente em seu domínio, e permitiu que o pecado entrasse no mundo, e que o controle do mundo passasse efetivamente a Satanás, o diabo. Do ponto de vista humano, o diabo é hoje o príncipe deste mundo — um mundo controlado pelo pecado e pelo mal, entregue à morte, violência e sofrimento.
Mas através da porta aberta nos Céus (4:1), João vê que Deus está agindo para reverter esta situação, e tomar posse novamente daquilo que é dEle. A Terra que Ele criou não será deixada na mão do inimigo, nem será entregue ao domínio das trevas. Deus irá assumir o controle daquilo que lhe pertence.
Mas quem agirá em nome de Deus? A escritura de posse da Terra está nas mãos de Deus, a quem pertencem todas as coisas — mas quem tem o direito de tomar aquele documento das Suas mãos, abrir os seus selos, e assumir controle sobre a Terra? Quem pode fazer o que Adão, mesmo no seu estado de inocência antes do pecado, não conseguiu fazer? Ninguém?
A triste realidade traz lágrimas aos olhos de João: “E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele” (5:4). Ninguém no Céu, nem na Terra, nem debaixo da Terra era digno. Nem anjo nem arcanjo, nem querubim nem serafim, nem homem nem mulher — todos são pequenos demais para a grandeza desta posição.
“E vendo que ninguém havia, maravilhou-Se de que não houvesse um intercessor; por isso o Seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a Sua própria justiça o susteve” (Is 59:16). Já que todos são indignos, Deus mesmo irá apresentar o Seu Redentor — o Seu próprio Filho, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Que privilégio louvá-lo hoje!
© 2021 W. J. Watterson
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