Thursday 18 February 2021

O grão de trigo — Meditações 312

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo. Estão sendo arquivadas aqui na esperança que talvez ajudem mais alguém.

Quinta-feira, 18/02/2021

O grão de trigo — Meditações 312

Segunda feira pensamos em João 12:23: “É chegada a hora”, e vimos como aquele versículo introduz um assunto glorioso: uma longa espera finalizada. Continuando a meditar naquele trecho, vemos também uma expectativa frustrada e uma explicação feita.

Uma expectativa frustrada

As palavras que o Senhor disse imediatamente após falar da “Sua hora” devem ter enchido os corações dos discípulos de expectativa sublime: “É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado”.

Certamente eles entenderam isto literalmente. Tudo indicava, aos olhos humanos, que aquela hora seria uma hora de afirmação pessoal, de aclamação pública, de aniquilação dos inimigos. O Senhor acabara de ser ungido em particular (v. 3), e lemos que muitos judeus criam nEle (v. 11). A multidão em Jerusalém O recebera como Rei, clamando: “Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor” (v. 13), e até os fariseus tiveram que confessar que “toda a gente [“o mundo”, _kosmos_] vai após Ele” (v. 19). Mais impressionante ainda, lemos logo a seguir que até alguns gregos, gentios incircuncisos, falaram abertamente: “Queríamos ver a Jesus” (v. 21).

O Senhor desfrutava, aparentemente, de uma onda de popularidade. E Ele diz, então, a André e Filipe: “É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado”. Eles devem ter pensado: “É agora que Ele será reconhecido mundialmente como o Messias, e Israel será livre da opressão romana. É agora que todos verão o Seu poder!”

As palavras do Senhor em seguida, porém, confundiram os discípulos. Ao invés de manifestar a Sua glória, Ele disse: “Agora a Minha alma está perturbada …” (v. 27). Quase podemos ouvir os discípulos, assustados, pensando consigo mesmo: “Mas o que quer dizer isso? Como assim, ‘perturbada’? Agora é a hora da Sua vitória!”

Mais do que isto — o Senhor, terminando de falar, “retirando-Se, escondeu-Se deles” (v. 36)!

Deve ter sido uma ducha de água fria para os discípulos, diante da expectativa que tinham! Ouvindo Ele dizer: “É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado”, imaginaram uma cena gloriosa — aconteceu o oposto!

Uma explicação feita

Havia, é claro, uma razão para esta atitude do Senhor. Os discípulos não entenderam, mas o Senhor estava vivendo, na prática, o princípio divino apresentado na parábola do grão de trigo: para produzir fruto, é necessário morrer.

Para isso Ele veio, para aquela hora (v. 27). Ele seria glorificado, sim, mas não pelo caminho que o mundo normalmente associa com “glória”. Sendo Deus, Ele estava descendo até a cruz, na certeza que Deus, depois disto, O exaltaria soberanamente, e lhe daria o nome que está acima de todo nome, e que ao nome de Jesus se dobraria todo joelho (Fp 2:5-11).

Toda esta glória viria, no tempo certo — mas primeiro, o grão de trigo precisava cair na terra e morrer! A coroa era certa — primeiro, porém, vinha a cruz!

Será que aprendemos a lição do grão de trigo?


© 2021 W. J. Watterson

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