Sunday 24 January 2021

Pérgamo: o sustentador das igrejas — Meditações 287

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo. Estão sendo arquivadas aqui na esperança que talvez ajudem mais alguém.

Domingo, 24/01/2021

Pérgamo: o sustentador das igrejas — Meditações 287

Nesta carta o Senhor se apresenta como “aquele que tem a espada aguda de dois fios” (que já vimos em 1:16), e no final apresenta uma figura muito clara dEle mesmo: o maná escondido. Ambas as figuras falam do sustento que recebemos do nosso Senhor. A Sua Palavra (a espada) fornece a instrução, e Ele mesmo (o maná) fortalece nossas almas para andarmos de acordo com a Sua Palavra.

O maná

Todas as figuras de Cristo no VT são preciosas, mas raramente encontramos tanta riqueza de detalhes numa figura quanto aquilo que outros já destacaram em relação ao maná. Veja abaixo, resumidamente, algumas coisas que o maná ensina (um outro aspecto foi considerado na Meditação 73).

A colheita do maná

O maná precisava ser colhido diariamente (Êx 16:19-21). Não podemos crescer espiritualmente alimentando-nos apenas daquilo que meditamos sobre Cristo ontem.

Ele precisava ser colhido diligentemente, bem cedo de manhã, pois “aquecendo-se o Sol, derretia-se” (Êx 16:21). Mesmo que, cronologicamente, nem sempre possamos dedicar a primeira atividade do dia à comunhão com o Senhor, precisamos ter isto como principal prioridade nas nossas vidas.

Mas há um detalhe interessante; na sexta-feira havia maná em dobro, e nada no Sábado (Êx 16:23-26). O povo se alimentava no Sábado, sim, mas apenas com o maná colhido na sexta-feira. Podemos aplicar isto profeticamente (o descanso do Sábado representa nosso descanso eterno — pode ser que o Espírito está sugerindo, aqui, que nossa apreciação de Cristo na eternidade irá depender do que tivermos colhido aqui na Terra; veja Ap 5:10) e praticamente (ninguém podia colher maná no Sábado “porque o sábado é do Senhor” (v. 25) — nós também podemos enfrentar dias em que não teremos oportunidade de “colher”, devido as circunstâncias que o Senhor mesmo ordenou, e nestas situações excepcionais podemos descansar, sabendo que o que colhemos ontem poderá nos sustentar hoje).

As características do maná

Entre outras coisas, aprendemos que o maná era pequeno, redondo e branco (“uma coisa miúda, redonda, miúda como a geada sobre a terra”; Êx 16:14; veja também v. 31). Estas três descrições físicas do maná ilustram, respectivamente, a pobreza a que o Senhor Se submeteu (um dos mistérios da encarnação é a distância tão grande entre o Céu e a manjedoura, entre o trono e a cruz), a perfeição das Suas virtudes (uma esfera é uma figura perfeita, sem cantos, pontas, ou arestas, igual independentemente do ângulo de qual você a olha — em Cristo todas as virtudes alcançam seu nível mais alto; todas atingem a perfeição, de tal forma que nenhuma delas se destaca das demais), e a pureza da Sua alma (o branco fala de algo livre de contaminação; veja, por exemplo, Isaías 1:18 — Cristo manteve-Se completamente “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores”; Hb 7:26).

A capacidade do maná

Individualmente (Êx 16:18) — alguns israelitas colhiam mais, outros colhiam menos; mas “não sobejava ao que colhera muito, nem faltava ao que colhera pouco”. Colhendo um ômer por cabeça, todos ficavam satisfeitos. Um!casal com duas crianças de colo colhia os mesmos quatro ômeres que um casal dos dois filhos adultos. Parecia muito para a primeira família, e pouco para a segunda, mas não. Não podemos explicar este milagre, mas podemos aplicá-lo à nossa apreciação de Cristo. Alguns cristãos desenvolveram muito suas capacidades intelectuais; outros nem sabem ler e escrever. Alguns têm mais de meio século de crescimento cristão; outros acabaram de nascer de novo. Para todos, porém, Cristo é suficiente. Quem é rico (espiritualmente falando) nunca terá tanto conhecimento de Cristo a ponto de não desejar mais; e quem ainda só consegue colher pouco nunca deixará de ficar satisfeito com Cristo. Ninguém que já O contemplou em verdade, por mais breve que fosse esta contemplação, deixou de ficar admirado com Sua glória; ninguém que já O contemplou, por mais demorada que fosse esta contemplação, deixou de ficar ansioso para conhecê-Lo melhor! Como disse a Sunamita, “Ele é totalmente desejável” (Ct 5:16).

Coletivamente (“E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos”; Êx 16:35) — alguns já fizeram as contas da quantidade de maná que seria necessária para aquela multidão, e sugerem que diariamente caíam cerca de quatro mil e quinhentas toneladas de maná — o equivalente a mais de cento e doze carretas carregadas com quarenta toneladas cada! É impressionante pensar que durante quarenta anos nunca faltou maná! Cristo é suficiente para satisfazer a fome espiritual de todos aqueles que O buscam: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos” (Mt 11:28).

O maná escondido

Aqui em Ap 2:17 lemos do maná escondido, que fala de perfeições de Cristo que nenhum mortal já viu! Diz o hino: “Sempre há mais em Cristo!”

Que Salvador! Que perfeita provisão temos nEle! “Na Tua presença há fartura de alegrias; à Tua mão direita, delícias perpetuamente” (Sl 16:11)


© 2021 W. J. Watterson

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