Sunday, 10 January 2021

Três descrições dEle (1:17-20) — Meditações 273

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Domingo, 10/01/2021

Três descrições dEle (1:17-20) — Meditações 273

Continuando o assunto de ontem, vemos que o trecho termina com mais três descrições sublimes deste grande Juiz que João viu.

1) O Primeiro e o Último (v. 17)

Este título nos fala da existência eterna deste Senhor, sem princípio de dias, e sem fim de existência (já o consideramos detalhadamente na Meditação 244).

2) “O que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre” (v. 18).

Concordando com a afirmação anterior sobre a Sua existência eterna, o Senhor afirma que Ele é aquele que vive para todo o sempre. Diversas vezes no VT Deus é apresentado assim (veja, por exemplo, Dt 5:26 e Dn 12:7). Ele é o Primeiro e o Último; Ele sempre existiu.

Cristo vive, e vive para sempre! Mas entre estas duas afirmações de que Ele vive, o Senhor acrescenta palavras profundas: “fui morto”. Literalmente (o verbo está na voz ativa) Ele está dizendo: “Me tornei morto”. Não é simplesmente que Ele morreu (o que é verdade), ou que os homens o mataram (o que também é verdade; At 3:15) — é muito mais do que isto. Ele Se tornou morto! Pode a luz se tornar trevas? É claro que não — porém aquele que é “a Vida” se tornou morto!

Há muito na morte de Cristo que nunca compreenderemos (pelo menos aqui na Terra). Não convém tentar explicar o inexplicável. Devemos nos dobrar na presença de Deus, abismados diante deste fato incompreensível: o Príncipe da Vida Se tornou morto; a Vida morreu!

Ao contemplarmos estas coisas, porém, o mesmo Deus coloca a Sua mão sobre nós, e diz com compaixão e ternura: “Veja! Eu estou vivo para todo o sempre!” Que sublime verdade! Ele morreu, sim; mas Ele vive, e esta vida que Ele possui é eterna, pois Ele é eterno!

Que Deus apresse aquele dia majestoso quando poderemos contemplar aquele que “por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4:25).

3) “E tenho as chaves da morte e do inferno” (v. 18)

A palavra grega traduzida “chaves” ocorre mais cinco vezes no NT (Mt 16:19; Lc 11:52; Ap 3:7; 9:1; 20:1). É uma figura de autoridade. Ao dizer que tem as chaves da morte e do inferno (hades), o Senhor está afirmando que tem autoridade absoluta sobre estes dois.

A morte atinge nossos corpos; o hades (não “inferno”) atinge nossas almas e espíritos. Quando esta vida acaba, a morte leva o corpo, o hades leva a alma e espírito. Quanto temor estes dois têm causado à humanidade! Portanto, quão precioso ouvir o Senhor dizer que as chaves da morte e do hades estão na Sua mão! Ele está dizendo, em outras palavras, que a morte só recebe um corpo quando Ele permitir, e que o hades só recebe uma alma quando Ele assim o quer!

Houve um tempo em que estas chaves haviam sido delegadas ao inimigo, e Satanás controlava o “império da morte” (Hb 2:14). Mas Deus “participou da carne e do sangue”; o Primeiro e o Último tornou-Se homem; o Autor da Vida morreu, e pela Sua morte aniquilou aquele que tinha o império da morte, isto é, o diabo. Aproximando-Se da Sua morte, o Senhor podia dizer: “Já o príncipe deste mundo está julgado” (Jo 16:11).

Qualquer autoridade que Satanás aparentava ter foi-lhe retirada. Qualquer poder que Deus permitia que ele exercesse sobre a morte foi aniquilado. A vitória do inimigo foi selada, e Jesus Cristo, nosso Sumo-Sacerdote, é quem tem as chaves da morte e do hades.

Que consolo esta verdade nos traz! Nosso futuro, nossa vida, nossas almas, tudo está nas mãos dEle, aquele que nos ama!

Conclusão 

João viu o Juiz que anda entre as Suas igrejas, perscrutando, observando, corrigindo. Este Juiz está vestido com uma veste até os Seus pés (é um Juiz por direito) e cingido na altura dos peitos com um cinto de ouro (Ele já se preparou para julgar). Seu cabelo é branco como a neve (Ele tem a experiência necessária para julgar), e Seus olhos são como chama de fogo (Ele tem condições de julgar sem ser enganado). Seus pés são como latão reluzente (Sua santidade é intocável; ninguém pode acusá-Lo de nada), e Sua voz é como a voz de muitas águas (Ele tem autoridade absoluta). Ele segura na Sua mão as sete estrelas (Ele está julgando aquilo que Lhe pertence), e da Sua boca sai uma espada aguda de dois fios (Ele julga através da Sua Palavra). Seu rosto é como o Sol ao meio-dia; nada pode comparar com Sua glória e majestade.

Diante de um Juiz como este, só podemos fazer como João; cair aos Seus pés como morto. Mas este Juiz é o Filho do Homem; Ele conhece as nossas fraquezas, e Ele pode compadecer-Se das nossas enfermidades. Ninguém é mais majestoso do que Ele; ninguém tem mais amor e cuidado por nós do que Ele. Ele Se abaixa, coloca a Sua mão sobre nós, e diz: “Não temas; Eu sou o Primeiro e o Último; e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do hades”.

Hoje (o mesmo dia da semana em que João viu esta visão; 1:10), adoremos este grande Salvador, que vive para sempre.


© 2021 W. J. Watterson

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