Sunday 11 April 2021

O Cordeiro que foi morto (13:8) — Meditações 364


Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo (arquivadas neste blog).

Domingo, 11/04/2021

O Cordeiro que foi morto (13:8) — Meditações 364

Continuando a pensar sobre Cristo no Apocalipse, chegamos ao cap. 13, que introduz os dois fantoches de Satanás: a besta que sobe do mar (vs. 1-8) e a besta que sobe da terra (vs. 11-18). Entre a descrição destas duas bestas temos uma menção resumida do Senhor Jesus, quando lemos daqueles “cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.

O que está escrito?

Há divergência de opiniões sobre a função, na frase, da expressão “desde a fundação do mundo” — ela deveria estar ligada a “cujos nomes não estão escritos” ou a “o Cordeiro que foi morto”? Isto é, o texto está falando que o Cordeiro foi morte desde a fundação do mundo, ou que os nomes destes não foram escritos desde a fundação do mundo?

Gramaticalmente, as duas interpretações são possíveis. A mais simples e óbvia seria a segunda opção; e pensando apenas neste versículo, eu entenderia que a morte do Cordeiro é apresentada como algo que aconteceu “desde [ou ‘após’] a fundação do mundo”.

Mas há uma expressão muito parecida em 17:8, quando novamente lemos dos que habitam sobre a Terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo — a única diferença é que ali é omitida a expressão “do Cordeiro que foi morto”. Já que as duas expressões estão tão perto uma da outra, e são tão parecidas uma com a outra, prefiro entender que uma expressão deve ajudar a explicar a outra. Assim, o texto aqui no cap. 13 está dizendo que, desde a fundação do mundo, os perdidos nunca tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto.

A fundação do mundo é mencionada no NT somente dez vezes. Destas, três mencionam coisas que aconteceram antes da fundação do mundo (Jo 17:24; Ef 1:4; I Pe 1:20), enquanto sete falam de acontecimentos desde (isto é, a partir de) a fundação do mundo (Mt 13:35, 25:34; Lc 11:50; Hb 4:3; 9:26; Ap 13:8; 17:8).

O que podemos aprender disto? 

Independentemente de como interpretamos o texto, é interessante pensar na frase “o livro da vida do Cordeiro que foi morto”. Repare duas coisas:

a) O Proprietário — Lemos do livro da vida diversas vezes no NT, mas duas vezes (aqui e em Ap 21:27) é afirmado que este livro pertence ao Cordeiro. Temos aqui mais uma demonstração clara da Sua divindade: o livro que define o destino eterno de todos os seres humanos é propriedade do Cordeiro. E faz sentido: se é Ele que dá a vida a quem quer (Jo 5:21), nada mais coerente que o livro da vida seja propriedade dEle!

b) O preço — Além desta afirmação da Sua divindade, lemos também do preço pago para que homens pudessem ter seu nome no livro da vida. Foi necessário que o Cordeiro morresse para que nós pudéssemos ter vida. Ah, irmãos, nunca esqueçamos que fomos comprados com sangue — e sangue do Filho eterno de Deus!

É interessante também observar, neste capítulo, o contraste entre o Cordeiro e as duas bestas: a primeira besta é descrita (simbolicamente) como semelhante ao leopardo, ao urso e ao leão; imponente, assustadora, impondo respeito pela sua força e aparência. A segunda besta é mais discreta — ela até possui algo que se assemelha a um cordeiro, mas a sua fala a denuncia: “… tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão” (v. 11). Ela manifesta o poder diabólico através de milagres e sinais. A primeira besta é blasfema (vs. 1, 5, 6), a segunda é enganadora e mentirosa (v. 14).

Em contraste com estas duas bestas, temos o Eleito de Deus, que é apresentado sob a figura de um Cordeiro. Diferentemente da blasfêmia insubordinada e soberba da primeira besta, o Cordeiro é submisso ao Seu Deus; diferentemente do engano diabólico da segunda besta, o Cordeiro é puro nas Suas motivações e nos Seus atos. Este Cordeiro aparentemente manso e indefeso, que foi morto, é quem derrotará as duas bestas e seu líder, o Dragão!

Verdadeiramente, “a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (I Co 1:25) — a Ele toda honra e glória!


© 2021 W. J. Watterson

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