Saturday 3 April 2021

O Filho perseguido — Meditações 356

Meditações na quarentena (2020/21) enviadas diariamente aos irmãos e irmãs da igreja local em Pirassununga para nosso ânimo mútuo (arquivadas neste blog).

Sábado, 03/04/2021

O Filho perseguido — Meditações 356

Continuando a meditar sobre Cristo no Apocalipse, chegamos ao cap. 12, onde encontramos uma referência a Cristo que é um pouco mais extensa — não só no espaço ocupado, mas principalmente no período abrangido (os caps. 12 a 14 formam o terceiro parêntese cronológico de Apocalipse), pois os eventos mencionados neste cap. 12 cobrem milhares de anos, desde antes de Adão e Eva (v. 4). O capítulo apresenta três personagens principais — uma mulher, seu Filho, e “um grande dragão vermelho” — e descreve, de forma bem resumida, o ódio do dragão contra a mulher, por causa do Filho dela.

Gostaria de pensar, hoje, sobre o assunto do capítulo, e amanhã, se Deus permitir, destacar as glórias do Cordeiro apresentadas aqui.

O trecho começa com a última afirmação do cap. 11: “Abriu-se no Céu o Templo de Deus, e a arca da Sua aliança foi vista no Seu Templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Na sequência, o cap. 12 descreve aquilo que o mundo não vê — aquilo que ocorre “por trás dos panos”. Os habitantes da Terra veem os relâmpagos, os terremotos, etc., mas não enxergam o Céu aberto, nem a arca da aliança de Deus no Seu Templo — o cap. 12 mostra que, por trás dos acontecimentos aqui na Terra, existem lutas de hostes espirituais que passam despercebidas aos olhos dos homens.

Como isto é relevante hoje! Quando vemos o mundo em polvorosa, com governantes e populações confusos, com nações acusando-se umas às outras, convém lembrar que o Senhor continua reinando no Céu, e Sua autoridade é inquestionável! Pela fé podemos nos aproximar “com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4:16). Pode parecer que está tudo confuso — mas a graça ainda reina no trono dos Céus, na Pessoa de Cristo!

Há muitas coisas extremamente interessantes neste capítulo, mas para não fugir muito do assunto principal deste pequeno estudo (que é a Pessoa de Cristo) irei apenas mencionar o que me parece ser a interpretação mais coerente dos principais fatos apresentados aqui, sem tomar tempo de apresentar as razões que justificam esta interpretação.

Creio que a mulher representa Israel, o Filho por ela gerado é uma figura de nosso Senhor Jesus Cristo, e o dragão é claramente identificado como “a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás” (v. 9). O capítulo não apresenta todos os detalhes da história destes personagens durante os séculos, mas destaca apenas algumas coisas sobre cada um deles:

a) Quanto à mulher (Israel) — ela é apresentada como o instrumento escolhido por Deus para a vinda do Seu Filho ao mundo. Como diz o Comentário Ritchie: “A ênfase não está na sua condição, mas na sua posição nos conselhos e desígnios de Deus … cumprindo o seu propósito de ser a nação através da qual Seu Filho viria em forma humana”. Lemos do papel da nação no nascimento do Messias (v. 5), e da sua fuga de Jerusalém durante a segunda metade da Tribulação (v. 6 e 14), quando a nação será ferozmente perseguida pelo dragão (vs. 13-17). Não há nenhuma menção aqui do longo período entre a encarnação de Cristo e a Tribulação.

b) Quanto ao dragão (Satanás) — lemos da sua rebelião inicial (v. 4), do seu desejo antigo de destruir o Filho (v. 4), da sua batalha contra Miguel (vs. 7-8) e consequente expulsão dos Céus na metade da Tribulação (v. 9), e sua ira contra Israel por causa desta derrota (vs. 13-17).

c) Quanto ao Filho — lemos do Seu poder sobre as nações (v. 5) e a favor dos Seus (v. 10-11). Estas coisas são mencionadas de passagem no contexto, pois o objetivo é mostrar por que o dragão persegue a mulher. Satanás odeia a nação de Israel, não porque é um povo intrinsecamente melhor do que os outros povos (eles são tão pecadores quanto qualquer outro), mas porque é a nação escolhida por Deus para trazer ao mundo Seu Filho.

Amanhã, se Deus permitir, gostaria de destacar alguns detalhes sobre nosso bendito Senhor que temos neste capítulo. Por hoje, que descansemos na soberania absoluta de Deus, que continua no trono, agora e para sempre.


© 2021 W. J. Watterson

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