A oferta pela culpa

Chegamos à última das cinco ofertas mencionadas em Levítico caps. 1 a 7, nas quais temos meditado aos domingos. E logo surge uma pergunta: se já existia a oferta pelo pecado (Lv 4:1 a 5:13), por que Deus instituiu também a oferta pela culpa (Lv 5:14 a 6:7)? Qual a diferença entre as duas?

Estudando estes trechos, veremos que na oferta pelo pecado a ênfase cai sobre a pessoa que praticou o ato, mas na oferta pela culpa cai sobre o ato praticado e suas consequências (obviamente esta divisão não é absoluta — parece ser mais uma questão de ênfase). Duas verdades distintas são enfatizadas nestas duas ofertas: por causa daquilo que sou, preciso de uma oferta pelo pecado — por causa dos efeitos disto e do prejuízo que causei, preciso de uma oferta pela culpa.

Cristo como a oferta pela culpa

Há muitas lições práticas para nós na oferta pela culpa; mas quero destacar a figura de Cristo que ela apresenta. Resumidamente, veja dois detalhes únicos desta oferta:

a) O único animal aceito era o carneiro. A ovelha (fêmea) ou o cordeiro (filhote) usados em muitos sacrifícios destacam mais o aspecto de submissão, mas o carneiro macho, animal forte e imponente, é usado na Bíblia como figura de substituição. Quando Isaque subia o monte Moriá com seu pai, ele perguntou sobre o cordeiro para o holocausto; mas quando Abraão viu o que Deus providenciou, não foi um cordeiro — foi um carneiro. E este carneiro, diz a Bíblia, “Abraão ofereceu em lugar de seu filho” (Gn 22:13). Cristo é apresentado aqui como aquele que foi nosso substituto na cruz. “Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades” (Is 53:5).

b) A restituição que caracteriza esta oferta (Lv 5:16) nos lembra da profecia linda do Salmo 69: “Então restituí o que não furtei” (v. 4). Quão perfeita e completa foi a obra de Cristo. Pense em tudo que Deus perdeu quando Adão pecou! A Criação foi corrompida (Rm 8:20), a morte entrou neste mundo, e Deus foi roubado do louvor a adoração que Ele deveria receber de Suas criaturas. Tente somar tudo que Deus perdeu, e depois maravilhe-se com esta verdade: tudo isto — e mais “a quinta parte” (20% a mais) — Deus recebeu de volta através do sacrifício perfeito de Cristo! A restauração da Criação durante o Milênio (Isaías cap. 11, etc.) será uma pequena prévia do estado eterno, quando veremos que todo o prejuízo causado pelo pecado foi amplamente “recompensado” pela oferta perfeita do Filho de Deus.

Na oferta pelo pecado vemos que Cristo sofreu a condenação do meu pecado; na oferta pela culpa, vemos que Ele restituirá todo o prejuízo que o pecado causou! Estas duas ofertas mostram que nosso pecado é mais sério do que podemos medir— e o sacrifício de Cristo no Calvário é mais sublime do que podemos entender!

Louvemos hoje a este grande Salvador, que cumpriu perfeitamente todo o ritual Levítico!

“Sacrifício [zebah, oferta pacífica] e oferta [minhà, oferta de alimentos] não quiseste holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de Mim está escrito. Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu” (Sl 40:6-8).

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