Monday 16 May 2022

Salmo 23 (c)

Continuando esta reedição de pensamentos sobre o mais conhecido dos Salmos, pense um pouco agora no v. 3, onde vemos como o Pastor cuida da ovelha espiritualmente enferma.


• “Refrigera a minha alma”. A palavra usada aqui quer dizer, literalmente, “restaura, recupera” — e quantas vezes precisamos de restauração! Sejamos sinceros: mesmo tendo um Pastor que supre tudo que precisamos, a triste realidade é que somos propensos a nos afastar dEle. Mesmo tendo nEle tudo que nossas almas precisam, buscamos outras fontes, e nossa alma padece!


“Mas alguém, em sã consciência, se afastaria de um Pastor tão bondoso? É impossível!” Lamentavelmente, não é! O Senhor diz: “Espantai-vos disto, ó Céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas, cisternas que não retêm águas” (Jr 2:12-13). Atire a primeira pedra quem não sente a consciência arder ao ler estas palavras!


A minha alma se desvia dEle — mas o Salmo me lembra que Ele restaura a minha alma! Na noite da traição Pedro negou o Bom Pastor, dizendo: “Não conheço esse Homem” (Mc 14:71). Que desvio tremendo; que tristeza! E o Senhor, ao invés de ficar semanas sem falar com Pedro, foi procurá-lo na primeira oportunidade, assim que ressurgiu dentre os mortos! (Lc 24:34) Procurou-o, e restaurou a alma de Pedro.


Essa é a experiência de todo salvo: meu Pastor supre as minhas necessidades temporais e espirituais para que eu nunca precise abandoná-lO — e quando, apesar de tudo, eu desviar do Seu caminho, Ele restaurará a minha alma!


• “Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do Seu nome”. Eis o complemento perfeito para o pensamento anterior. Eu me desviei — o Senhor me restaurou, levantando-me do chão — e agora? Será que consigo prosseguir nas veredas da justiça? Será que, ao cair, não perdi o rumo pra sempre?


Não há motivo para preocupação neste sentido, pois o Pastor, além de restaurar a alma que tropeçou, ainda promete guiar esta alma pelas veredas da justiça. A figura é de alguém que estende a mão para ajudar o caído a levantar, e então acrescenta: “Continue segurando minha mão — vamos caminhar juntos agora, para que você não tropece de novo!”


E como se isso fosse pouco, Ele ainda mostra a base na qual esta ajuda está firmada. Não é por amor de mim; é por amor do Seu nome! Isso não quer dizer que Ele não me ama. Ele me ama, sim, mas não é por isso que Ele me guia — é por causa das promessas associadas ao nome dEle!


“E isso faz diferença?”, alguém pergunta. Sim, faz. Isso quer dizer que mesmo que o tentador conseguir me levar a duvidar do amor do Pastor por mim, ainda assim as promessas dEle continuam válidas. Ele prometeu guiar os Seus, e porque Ele nunca nega a Si mesmo Ele vai cumprir esta promessa, aconteça o que acontecer! Se Ele prometesse me guiar enquanto eu O amasse com amor puro, ou enquanto eu fosse digno do Seu amor, quantas dúvidas eu teria! Mas Ele promete me guiar por amor do Seu nome — nisto eu posso descansar!


Não podemos diminuir a gravidade do pecado, ou a seriedade da disciplina divina. Mas quanto mais tempo passamos aqui na Terra seguindo ao Pastor, mais valor damos ao Seu ministério restaurador.


Escrevi demais! Termino citando o último versículo do maior capítulo da Bíblia: “Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o Teu servo, pois não me esqueci dos Teus mandamentos!” 


Amém.





© 2022 W. J. Watterson

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