Wednesday 7 October 2020

Como Ele morreu? — Meditações 178

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Quarta-feira, 07/10/2020

Como Ele morreu? — Meditações 178

Aprendi algo ontem lendo F. W. Grant que vale a pena compartilhar: que a morte do Senhor Jesus é descrita de três formas diferentes nos quatro Evangelhos.

Dois deles usam a expressão normal para dizer que alguém morreu: “Expirou” (exepneuse, no grego). Os outros dois usam expressões gregas que enfatizam a autoridade dEle sobre a morte — um diz: “apeke to pneuma”, que, traduzido literalmente, significa: “mandou embora Seu espírito” (traduzido pela versão Trinitariana “rendeu o espírito”), e ainda outro diz: “paredoke to pneuma” — literalmente, “entregou aos cuidados de outro o espírito” (traduzido “entregou o espírito”).

Concentrando nossa fraca inteligência nesta questão, a que conclusão chegaríamos? Qual descrição combina melhor com o tema de qual Evangelho? Em Mateus Ele é o Rei, em Marcos o Servo, em Lucas o Filho do Homem e em João o Filho de Deus. Se tivéssemos que distribuir estas afirmações entre os quatro Evangelhos, como faríamos?

Se começássemos com as duas descrições “normais” (“expirou”) provavelmente esperaríamos encontrá-las em Marcos e Lucas — esses são os dois Evangelhos que destacam mais a humanidade submissa do Senhor. Faz sentido descrever a morte de um Servo (Marcos) e de um Homem (Lucas) usando a mesma expressão que descreve a morte de qualquer outro ser humano.

Já a expressão “rendeu o espírito” (“mandou embora Seu espírito”) nos lembra da autoridade de um Rei, que tem “todo o poder, nos Céus e na Terra”, e que controla tudo — até mesmo a hora da Sua morte. Provavelmente colocaríamos essa expressão em Mateus.

Finalmente, a expressão “entregou o espírito” (“entregou aos cuidados de outro”) nos faz lembrar da comunhão perfeita entre o Pai e o Filho vista em João. Ele foi desamparado na cruz, mas Sua comunhão com Deus é perfeita. Ao morrer, Ele entrega, com autoridade divina, o Seu espírito nas mãos do Pai. João começa com Ele existindo no princípio com Deus; no decorrer do livro Ele afirma: “O Pai está comigo” (Jo 16:32), e diz em oração: “Tu me amaste antes da fundação do mundo” (17:24). Nada mais coerente, neste contexto, do que descrever a morte dEle não simplesmente dizendo: “Ele expirou”, mas sim: “Ele entregou o Seu espírito” aos cuidados do Pai!

As quatro referências são: Mt 27:50, Mc 15:37, Lc 23:46 e Jo 19:30. Lendo estes versículos, perceberemos que o Espírito Santo está escolhendo criteriosamente até mesmo a expressão que cada evangelista usará para descrever o ato da morte dEle!

O que nos leva a pensar: não há fim para a quantidade de pequenos detalhes e maravilhosas sincronias na Bíblia? Não importa quantos detalhes descobrimos, parece que sempre há muito mais a ser descoberto!

Davi tinha toda razão quando escreveu: “Tenho visto fim a toda a perfeição, mas o Teu mandamento é amplíssimo” (Sl 119:96)!


© 2020 W. J. Watterson

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