Segunda-feira, 12/10/2020
Ocorrências de palavras ou assuntos
Continuando o assunto de grupos de três na Bíblia, quero destacar a expressão “irrepreensíveis perante Ele”.
A palavra grega amomos ocorre sete vezes no NT; katenopion (“perante, na presença de”) ocorre somente cinco vezes; e auton (o pronome “ele”) ocorre, diz Strong, 5,784 vezes no NT. As três ocorrem juntas, porém, apenas três vezes — e é precioso o retrato perfeito que estas três ocorrências apresentam.
A primeira ocorrência na Bíblia é em Efésios 1:4: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual … nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle”. Deixando de lado o assunto da eleição por hoje, o que temos aqui é o propósito eterno de Deus. Antes de criar o mundo, Deus já tinha um plano para nós, os salvos: Ele decidiu nos apresentar, um dia, irrepreensíveis na presença dEle.
Mas repare bem: é diante dEle — Ele que é a própria definição de santidade e pureza! Como seria possível que pecadores imundos pudessem ser irrepreensíveis aos olhos desse santo Deus? A resposta está na segunda ocorrência da expressão na Bíblia: Deus “nos reconciliou no corpo da Sua carne [de Cristo] pela morte, para perante Ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis” (Cl 1:22).
Veja como o quadro vai se desenvolvendo: Ele planejou nossa perfeição eterna (Ef 1:4), e nos preparou para isto pela morte do Seu Filho (Cl 1:22).
Mas o salvo diz: “Pena que eu não consigo corresponder às exigências dEle; pena que eu não consigo viver aqui de forma irrepreensível. Até mesmo meus semelhantes encontram falhas em mim, quanto mais Ele! Ele me tirou do lamaçal e pôs os meus pés sobre a rocha — mas já tropecei tantas vezes, e vou tropeçar mais até chegar na presença dEle! O plano dEle é perfeito — mas eu sou falho!”
Calma! No penúltimo livro da Bíblia, o Espírito Santo nos convoca a adorar (agora, e para todo o sempre), aquele “que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e vos apresentar irrepreensíveis perante a glória dEle com alegria” (Judas v. 24-25). Não sei como explicar isto, mas entendo o que Deus está dizendo: o mesmo Deus cujo plano prevê que serei irrepreensível perante Ele no Céu (Ef 1:4), que me preparou para isto por meio da salvação (Cl 1:22), é o Deus cujo poder vai cumprir em mim o Seu propósito (Jd 24)!
Este versículo não quer dizer que nunca vamos errar, mas que Deus tem poder para corrigir cada erro que cometemos, e nos manter em pé. É como uma mãe cujo bebê está dando os primeiros passos. Ele cambaleia, tropeça, mas a mãe está atenta, e nunca permite que seu bebezinho caia e se machuque. Assim a criança atravessa a sala inteira; não porque já sabe andar perfeitamente, mas porque a mãe esteve atrás dela o caminho todo, acompanhando cada passo, os braços prontos para segurar seu bebê sempre que necessário!
Cada salvo pode dizer, com toda confiança: “Eu era condenado e imundo. Hoje sou fraco e indigno. Mas, quando eu chegar na presença de Deus no Céu, então serei irrepreensível! Satanás, o acusador dos irmãos (Ap 12:10), não encontrará nada em mim para me acusar perante Deus! Sei que é assim porque Deus o planejou desde antes da fundação do mundo (Ef 1); porque Ele providenciou a minha redenção (Cl 1); e porque Ele me protegeu o caminho todo até o Lar! (Jd v. 24)
Só nos resta, juntamente com Judas, render a este grande Deus “glória e majestade, domínio e poder, agora e para sempre. Amém!”
© 2020 W. J. Watterson
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