Saturday 31 October 2020

Três terremotos — Meditações 202

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Sábado, 31/10/2020

Três terremotos — Meditações 202

Nunca presenciei um terremoto — e, para ser sincero, não tenho o menor desejo de mudar isto. Um terremoto deve ser algo assustador. A Terra simboliza para nós o que é seguro e firme — quando até ela treme, aí de nós! Certamente estar numa situação dessas é algo inesquecível.

Mateus nos informa que na semana da crucificação (de domingo a domingo) houve três terremotos em Jerusalém. Um, é verdade, foi figurativo — mas a ligação entre eles é interessante.

Mateus é o único evangelista que descreve os dois terremotos literais: “E o centurião, e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto … tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mt 27:54); “Eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do Céu, chegou, removendo a pedra” (Mt 28:2).

Ele é também o único que usa o verbo do qual o substantivo “terremoto” é derivado. A palavra ocorre só cinco vezes no NT, três vezes em Mateus, além de Hebreus 12:26 e Apocalipse 6:13. Toda vez que Mateus a usa, é na voz passiva, indicando que quem tremia não o fazia de livre e espontânea vontade, mas impelido por uma força maior.

Veja como Mateus apresenta o impacto que o Senhor teve em Jerusalém:

a. Após descrever a entrada triunfal (provavelmente no Domingo), Mateus diz: “Entrando Ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou [literalmente, ‘tremeu’], dizendo: Quem é este? E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” (21:10-11). Não foi um terremoto literal — não foi a Terra, mas as pessoas que tremeram. Logo, porém, esqueceram — que pena que não se submeteram a Ele.

b. Cinco dias depois, eles O pregaram numa cruz. Fizeram o pior que podiam fazer, achando, na sua ignorância, que Ele estava derrotado. Deus não interferiu — permitiu que matassem Seu Filho amado, e zombassem da santidade do Criador! Mas tudo aquilo foi demais para a Natureza, que não conseguiu se calar diante de tanta injustiça, tanto sofrimento, e tanto amor: “a Terra treme e rasga o peito em dor!” Antes de usar o substantivo “terremoto” no v. 54, Mateus registra: “E eis que o véu to Templo se rasgou [schizo] em dois, de alto a baixo; a tremeu a Terra, e fenderam-se [schizo] as pedras” (v. 51). Deve ter sido assustador — foi pouco ainda, diante daquilo que o povo de Jerusalém havia acabado de fazer!

c. Três dias depois, a Terra tremeu novamente — não em agonia, mas em alegria jubilosa e contagiante. O Senhor ressuscitou! “Ele não está aqui”, disse o anjo; “Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia!” E Mateus acrescenta que, como resultado do terremoto literal, “os guardas, com medo dele [do anjo], ficaram muito assombrados [literalmente, ’tremendo’], e como mortos” (28:4).

Que semana incomparável! A Terra tremeu duas vezes (primeiro em agonia, depois em júbilo); a cidade tremeu, confusa e indecisa; os guardas tremeram, assombrados e sem forças para continuarem de pé!

E não poderia ter sido de outra forma. Pois naquela semana “Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” (21:11), o “Filho de Deus” (27:54), “o Senhor” (28:6), conquistou uma vitória completa e retumbante sobre o pecado, a morte, e Satanás!

É ... três terremotos naquela semana ainda foi pouco!


© 2020 W. J. Watterson

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