Quinta-feira, 29/10/2020
Simplificando — Meditações 200
Oxford e Cambridge são as duas maiores e mais antigas Universidades do Reino Unido, fundadas mais de 800 anos atrás. A rivalidade entre elas é secular.Certa vez um professor de Oxford, C. S. Lewis (cuja conversão consideramos terça-feira) foi convidado pelo corpo docente de Cambridge para uma palestra. Na noite marcada, o salão de conferências estava lotado. Um estudante de Cambridge, que não conseguia achar lugar para entrar, perguntou ao amigo que o convidara: “Quanta gente! O que esse indivíduo tem de tão especial?”
Seu amigo respondeu: “Ele diz coisas complicadas de forma simples!”
A Bíblia nos exorta nesse sentido. O pregador por excelência foi Salomão, do qual Deus disse: “Eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará” (I Rs 3:12). Este Salomão escreveu: “Quanto mais sábio foi o pregador, tanto mais ensinou ao povo sabedoria ... Procurou o pregador achar palavras agradáveis; e escreveu-as com retidão, palavras de verdade” (Ec 12:9-10). O pregador se esforçou para encontrar as palavras mais adequadas ao seu propósito — que não era impressionar, mas ensinar!
É o mesmo princípio que Paulo apresenta no NT: “Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis como que falando ao ar” (I Co 14:9).
Salomão procurou palavras agradáveis, para ensinar; Paulo valorizava palavras inteligíveis, para ser entendido. Infelizmente há uma sabedoria humana que procura palavras complicadas, para impressionar, e que merece a reprovação divina: “Quem é este, que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” (Jó 38:2).
Reconheço que é difícil achar este equilíbrio. Duvido que haja um pregador sincero que não diria “Amém!” à oração: “Senhor, ensina-me a dizer coisas profundas de forma simples!” É muito mais difícil do que parece — justamente por isso, quem consegue atingir esse patamar (como Lewis) acaba sendo tão respeitado.
É difícil — mas não há outra alternativa. Sigamos o exemplo perfeito do nosso Mestre. Os mais astutos e eruditos judeus procuraram, vez após vez, pegá-lO em alguma armadilha com suas palavras — mas Ele fazia todos se calarem com a inteligência das Suas respostas. Enquanto isto, crianças, publicanos e meretrizes assentavam-se aos Seus pés para ouvir Suas palavras simples!
Realmente, “jamais alguém falou como esse Homem” (Jo 7:46). E eu? Quero ensinar, ou apenas impressionar? Que nossas palavras sejam “como aguilhões, e como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor” (Ec 12:11).
© 2020 W. J. Watterson
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