Domingo, 11/10/2020
Sofrimentos violentos — Meditações 182
Domingo passado estivemos no santuário (Is 53:4-6), contemplando a parte do quarto Cântico que tem paralelos com Levítico, o livro do santuário. Vimos Deus e Seu Servo caminhando juntos até a Cruz.
Mas, assim como após Levítico, o livro do santuário, temos Números, o livro do deserto, assim também aqui (vs. 7-9). Depois de ver aquilo que não conseguimos compreender (Deus e Seu Servo resolvendo juntos o problema do pecado) precisamos contemplar mais uma vez o Servo sofrendo nas mãos dos homens.
O Senhor e o Servo tratando juntos do nosso problema são “águas profundas” que não entendemos, mas que nos causam admiração; sentimos que estamos em terreno sagrado, sublime e santo. Mas o Filho amado sendo levado por mãos imundas como um cordeiro para o matadouro, nos confunde. Como Deus poderia permitir isso? Não temos parâmetros para entender algo assim!
Sua prisão (v. 7)
É impressionante ver o silêncio de Cristo, seja diante dos judeus, de Pilatos ou Herodes. Não é que o Senhor não pronunciou palavra alguma — o que Isaías está profetizando é que não houve nenhuma palavra de reclamação, nem contra Deus nem contra os homens. Duas vezes o versículo repete estas palavras, para que não haja dúvida: “Ele não abriu a Sua boca”!
Também é impressionante pensar na Sua submissão, vista na figura do cordeiro sendo levado ao matadouro. Lembra-nos daquilo que já destacamos no segundo Cântico: o Senhor foi amarrado e conduzido de um lugar ao outro aquela noite — do Getsêmani atravessaram boa parte da cidade até a casa do sumo-sacerdote; Anás o mandou, amarrado, para Caifás; de lá Ele foi enviado a Pilatos — e novamente lemos que estava amarrado. Foi conduzido ao palácio de Herodes, depois de volta a Pilatos, e provavelmente durante todo este tempo com as mãos amarradas. Mas não houve nenhuma resistência, nem verbal nem física — apenas uma submissão completa e perfeita. Não uma submissão subserviente ou humilhante, mas voluntária e digna!
Sua morte (v. 8)
As palavras deste versículo são de difícil tradução. A expressão “da opressão e do juízo foi tirado” poderia ser traduzida “da opressão foi tirado para o juízo”, sugerindo que Ele foi tirado da prisão (“opressão”) para ser julgado. Escavações em Jerusalém confirmam que havia uma prisão embaixo da casa do sumo-sacerdote naqueles dias, e bem pode ser que durante aquela longa noite o Senhor foi colocado nesta prisão enquanto os judeus discutiam sobre como agir, tirando-O dela para ser interrogado depois.
Por outro lado, devemos lembrar de como estas palavras são traduzidas pelo Espírito Santo no NT (At 8:33): “Na Sua humilhação foi tirado o Seu julgamento” — indicando que, quando O prenderam de forma humilhante, não lhe deram o direito de um julgamento justo. O próprio homem que O condenou à morte confessou três vezes que Ele era inocente. Seja na casa do sumo-sacerdote, ou perante Pilatos ou Herodes, Ele jamais recebeu um julgamento justo.
Independentemente do significado exato das palavras, uma questão fica clara — o Senhor seria morto após um julgamento formal. Setecentos anos antes do fato, o profeta está revelando que o Servo perfeito de Jeová não seria apedrejado (como Estevão foi, por exemplo), nem seria morto traiçoeiramente com uma facada pelas costas numa rua escura (como acontecia com tantos naquela época), mas que Ele seria formalmente preso, acusado, e condenado à morte pelas autoridades daquela época.
E tudo isto se cumpriu perfeitamente!
O versículo inteiro, com seus quatro versos, forma um quiasma. O primeiro e o último verso do versículo mostram que Sua morte foi injusta; os dois versos centrais mostram que foi prematura.
Se a prisão do Servo perfeito nos comove, a violência dos homens na Sua morte nos causa indignação. Prenderam e julgaram injustamente um Homem que nunca machucou ninguém — pelo contrário, curou enfermos e ajudou os necessitados! Sua vida foi cortada violenta e prematuramente, por causa da transgressão daqueles que O condenaram à morte! Cedo, cedo demais Ele partiu!
Sua sepultura (v. 9)
Esta profecia sobre a sepultura do Senhor Jesus foi cumprida de forma extremamente impressionante por José de Arimateia — já consideramos este versículo em mais detalhes no dia 13/06. Onde parecia impossível, Deus agiu, e não permitiu que Seu Servo amado fosse sepultado com criminosos. Puseram a Sua sepultura com os ímpios, mas Deus interferiu, e Ele foi colocado no sepulcro novo de um homem rico. Deus não permitiria que Ele fosse associado com a corrupção de outros corpos, pois “Ele nunca cometeu injustiça, nem houve engano na Sua boca”.
Se o v. 8 enfatizou a injustiça da Sua morte, o v. 9 apresenta o veredito de Deus. Deus diz do Seu Servo: Ele “nunca cometeu injustiça, nem houve engano na Sua boca”.
Louvemos e adoremos a este Santo Sofredor!
© 2020 W. J. Watterson
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