Tuesday, 20 October 2020

Perdas — Meditações 191

Desde o dia 21 de Março de 2020 a igreja local em Pirassununga esteve impossibilitada de reunir normalmente, devido à quarentena decretada no estado de São Paulo. Hoje já podemos reunir (com restrições) — estamos gratos por isso, mas não é o ideal. Durante este período tenho enviado aos irmãos e irmãs da igreja local pequenas mensagens de texto para nosso ânimo mútuo. Estas mensagens estão sendo arquivadas aqui — talvez ajudem mais alguém.

Terça-feira, 20/10/2020

Perdas — Meditações 191

J. B. McClure (Pearls from many seas) fala da experiência do naturalista John James Audubon (1785-1851), autor de um livro que propunha descrever e desenhar todas as aves dos Estados Unidos. Após anos de trabalho, tirou alguns dias para descansar, e, ao regressar, descobriu que ratos haviam estragado o manuscrito do seu livro, com mais de 200 ilustrações ainda não publicadas de pássaros raros. Naqueles dias não havia máquinas fotográficas nem fotocopiadoras — todo seu trabalho estava completamente perdido!

Ele então visitou novamente os bosques e florestas, e refez todas as pinturas destruídas. Conseguiu publicar seu livro, considerado até hoje como uma das principais obras já publicadas sobre o assunto.

Algo parecido aconteceu com Jeremias. Deus mandou que ele escrevesse num rolo as palavras da sua profecia, e que isso fosse lido perante o rei. Porém o mau rei, “tendo lido três ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro” (Jr 36:23). E o Senhor disse a Jeremias: “Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que queimou Jeoiaquim, rei de Judá” (v. 28).

Lembramos também de Moisés — quarenta dias em jejum para receber as tábuas da Lei, que foram destruídas por causa da idolatria do povo. Então ele voltou ao Sinai, e depois de mais quarenta dias desceu com outras tábuas.

Não é fácil ver algo que foi feito com esforço e carinho ser completamente destruído, e pacientemente voltar ao começo e fazer tudo novamente. É mais fácil agir como Jonas —quando um verme fez secar a aboboreira que dava sombra a Jonas, ele “desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver” (Jn 4:8) — mesmo que, como disse o Senhor, ele não tivesse trabalhado nela!

Quantas vezes somos assim! Reclamamos constantemente, como se aquilo que produzimos para Deus fosse mais importante que o serviço necessário para produzi-lo!

Que sejamos como Jó, contentes em poder servir a Deus dia a dia. E se, amanhã ou depois, o esforço de anos for consumido num instante pelo fogo ou pelos ratos, que Deus nos dê a humilde graça necessária para começar de novo, sem reclamar ou desanimar.

Afinal, se Deus permitiu que minha obra fosse destruída, algum motivo Ele tem! Talvez não estava bem feito; talvez há outra razão — mas como citado sexta-feira, “nosso trabalho não é vão no Senhor”.




© 2020 W. J. Watterson

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