Domingo, 25/10/2020
Trabalho da alma (53:11) — Meditações 196
Como vimos domingo passado, a última estrofe do último Cântico do Servo (Isaías 53:10-12) tem, em cada um de seus três versículos, uma menção à alma do Senhor (são as únicas três ocorrências desta palavra no Cântico). Já pensamos na Sua alma sendo posta por expiação do pecado; hoje, consideremos o v. 11, onde lemos da satisfação do Servo (“Ele verá o fruto do trabalho da Sua alma, e ficará satisfeito”), da Sua sabedoria (“Com o Seu conhecimento o Meu Servo, o justo, justificará a muitos”), e da substituição que Ele efetuou (“porque as iniquidades deles levará sobre Si”).Neste versículo é Jeová quem fala. No v. 10 foi destacada a satisfação dEle com o sacrifício do Seu Servo, e aqui vemos que o próprio Servo também ficará satisfeito com esta sublime obra.
Satisfação
Esta satisfação do Servo com os resultados da Sua obra nos ajuda a entender o prazer que Ele e o Senhor tiveram na execução da obra, apesar dos horrores associados a ela. “Agradou ao Senhor moê-lO”, diz o v. 10 — e por quê? Uma das razões está aqui: porque o Pai e o Filho sabiam que Ele ficaria perfeitamente satisfeito com o fruto do trabalho da Sua alma.Interessante que o Calvário é visto aqui como um “trabalho”, e não um sofrimento. É verdade que a palavra indica trabalho árduo e cansativo (por isso a ARA traduz “penoso trabalho”), mas é uma ideia diferente de tudo aquilo que tem sido apresentado até agora neste Cântico. O trabalhador se esforça visando o fruto do seu trabalho — assim o Senhor receberá pelo Seu trabalho o fruto que somos nós, Seu povo redimido. Não só a Igreja, mas todo ser humano salvo durante toda a História da humanidade é parte deste fruto do trabalho da Sua alma.
Sabedoria
É também impressionante a expressão “Com o Seu conhecimento o Meu Servo, o justo, justificará a muitos”. A maioria dos comentaristas sugere que a expressão deveria ser entendida como “Pelo conhecimento acerca dEle” — isto é, por conhecer a Ele, muitos serão justificados (o que, sem dúvida, é uma verdade). Mas do jeito que está em português podemos ver uma verdade preciosa que as Escrituras confirmam: que a obra da redenção manifesta plenamente a sabedoria do Servo perfeito. Este Cântico começou apresentando a prudência do Servo (52:13), e termina falando da sabedoria dEle.João destaca a sabedoria e conhecimento do Senhor Jesus quando Ele se aproximou do Calvário:
i) No cenáculo, reunido com Seus discípulos, lemos que Ele sabia que era chegada a Sua hora de passar deste mundo para o Pai (13:1);
ii) No Getsêmani, quando vieram prendê-lO, lemos: “Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-Se” (18:4) — Ele sabia de antemão todos os detalhes dos sofrimentos futuros;
iii) Na Cruz, ao final das três horas de trevas, está escrito: “Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam consumadas …” (19:28) — Ele sabia que o preço do pecado já havia sido pago (veja a Meditação 74).
Como já temos visto neste Cântico, a obra da redenção foi cumprida com plena consciência de tudo que estava sendo feito. O Servo sabia de antemão o que teria que pagar, e estava ciente de tudo durante aquelas longas horas na Cruz. Não foi a mão que segurava a espada, mas foi o próprio sofredor que clamou com autoridade: “Está consumado!” Que profundidade de sabedoria e conhecimento! Que garantias isto nos dá quanto ao valor desta obra perfeita!
“Agradou ao Senhor moê-lO … Ele verá o fruto do trabalho da Sua alma, e ficará satisfeito”. Se Deus e Seu Filho estão satisfeitos com a obra do Calvário, que dúvidas eu poderia ter? Posso me lançar de olhos fechados nos Seus braços, e entregar aos Seus cuidados meu destino eterno e minha satisfação presente. Eu sou parte do “trabalho da Sua alma” — estou satisfeito com isto!
No Cordeiro já minha alma
Seu descanso eterno tem;
Deus contente está com Cristo,
E eu contente estou também!
(S. E. McNair, H. e C. 242)
© 2020 W. J. Watterson
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